Durante muito tempo dirigi sem saber da real necessidade do
retrovisor do lado direito do carro. Deixava o retrovisor central um pouco mais
virado para a direita e o usava nas manobras. Hoje precisei usar o carro, que
está com o retrovisor direito quebrado, e senti uma falta enorme dele. Com o
tempo adquiri o saudável, e correto, habito de usar o retrovisor do carona.
Posso afirmar que dirijo bem melhor hoje.
Hábito, conforme o dicionário, é um comportamento que aprendemos e
repetimos com freqüência, sem pensar como devemos executá-lo. Muitas coisas que
fazemos no dia a dia são hábitos adquiridos com o tempo. O ato de digitar este
texto é facilitado por uma repetição que aprendi quando ainda era um menino em
uma máquina de datilografar Remington. Durante um bom tempo um professor me
orientou a ficar com os dedos da mão esquerda digitando as letras a, s, d, f e
g. Hoje digito estas letras com rapidez e sem olhar. Não se trata de instinto,
pois o instinto é algo que se nasce com ele.
Salomão nos deixou vários ensinamentos que nos ajudam a
adquirirmos bons hábitos, entre tantos escolhi um pequeno trecho: "Não vá
aonde vão os maus. Não siga o exemplo deles. Não faça o que eles fazem. Afaste-se
do mal. Desvie-se dele e passe de lado. Os maus não podem dormir sem ter feito
alguma coisa má; eles ficam acordados até conseguirem prejudicar alguém. Porque
para eles a maldade e a violência são comida e bebida" (Pv 4:14 a 17). Os
hábitos deles dizem quem são eles, por isso o sábio nos alerta para ficarmos o
mais longe possível deles.
Aristóteles disse que "nós somos aquilo que fazemos
repetidamente", e Jesus Cristo, que conhece bem os corações, ao
defrontar-se com um grupo de fariseus usa algumas palavras que fortalecem este
pensamento:"A pessoa boa tira o bem do seu depósito de coisas boas, e a
pessoa má tira o mal do seu depósito de coisas más" (Mt 12: 33a 35).
Cristo claramente diz que os hábitos deles mostravam bem quem
eram, e que não haveria possibilidades de fazerem diferente. Poderiam até terem
um rápido momento de falsidade, mas o normal seria fazerem aquilo que era a
atitude mais constante em suas vidas. O mais normal seria repetirem aqueles
comportamentos que eles haviam aprendido, e que segundo Jesus não eram bons. E
Jesus completa com uma advertência: "por suas palavras vocês serão
absolvidos, e por suas palavras serão condenados" (Mt 12:37).