Seus amigos não se cansavam de lhe dizer o quanto ele era abençoado
por estar com ela. Uma jovem de boa família, correta, tranquila, sensata,
equilibrada, educada, prendada e, além do mais, uma cristã exemplar. Ela era
bonita. Muito bonita. Para ele, a mais linda do mundo.
Um belo dia ele sai de casa todo faceiro, com um sorriso nos lábios
que ia de orelha a orelha. Ele vai namorar. Compra uma caixa dos melhores
chocolates e um lindo arranjo das mais lindas flores para sua amada. Pelo
caminho sorria para todos. Cantava feliz. Os pássaros cantavam ao seu redor. Os
cachorrinhos passavam abanando suas caldas como que compartilhando da alegria
dele.
Ao vê-lo chegando ela corre feliz para encontrar o seu amado. Depois
de um beijo recebe os mimos que ele escolhera cuidadosamente. Depois começam a conversar
sobre os preparativos do casamento. Num dado momento ela olha bem nos olhos
dele e diz:
- Amor, preciso lhe falar uma coisa.
- O que meu amor. Sou todo ouvidos para você. Fale.
- Não sei se você vai entender - diz ela com olhinhos baixos, que pediam
socorro.
- Claro que vou entender meu amor. Pode dizer o que você quiser que eu
compreenderei perfeitamente – diz ele todo seguro de si.
Coitado, não imaginava a bomba que ela tinha para explodir em suas
mãos.
- Amor – ela murmura, fazendo uma pausa antes de continuar- eu estou
grávida!
- Hã?!?!?! – foi a única coisa que ele conseguiu esboçar.
E agora José? Duvidar da verdade ou crer na mentira?
Claro, esta é minha versão para a história de José e Maria narrada por
Mateus (Mt 1:18 a 25). Um história que provavelmente tem acontecido com
bastante frequência nos nossos dias. Talvez você conheça algumas. Mas a de José
e Maria tem um aperitivo que as modernas não têm, pois antes que ele tivesse um
ataque Maria diz com voz bem suave:
- Foi o Espírito Santo.
Fico imaginando a cara de José. Olhos arregalados, a boca seca e a
respiração quase parada. Quantas coisas passaram na cabeça dele naquele
momento. Quantas promessas de
fidelidade. Quantas oportunidades ele teve para provar que era fiel. Quanto ele
tinha aberto mão para ficar com ela e realizar seus sonhos de um casamento
feliz. E agora isso...
Seja honesto, você acreditaria numa história dessas? Grávida pelo
Espírito Santo? Qual é Maria, conta outra. José também não acreditou. Foi para
sua casa arrastando os pés, chutando latas, cachorros, pedras e tudo mais que
estivesse à sua frente. Agora tudo estava acabado. O que fazer? Como aquilo
acontecera depois de tantas juras de amor e fidelidade?
O texto diz que José era um cara correto, e preocupou-se em desfazer o
contrato de casamento sem difamar Maria. Esse cara deveria ser um santo mesmo. Provavelmente
eu e você não teríamos a mesma atitude.
José volta pra casa mais cedo com um olhar triste e vai deitar-se.
Rola de um lado para o outro na cama e tem dificuldade de dormir. Quando
finalmente pega no sono, tem um sonho onde um anjo lhe avisa que Maria estava
certa. Ele deveria casar-se com ela, e quando o menino nascesse deveria
chamar-se Emanuel. Coitado, nem o nome pode escolher.
José casa-se com Maria e só completa a sua lua-de-mel após o nascimento
da criança.
Esta é a cena de José na Bíblia. Quem fica bem na fita depois disso é
Maria. Mas esse cara me dá uma lição fantástica de obediência irrestrita à
vontade de Deus. Fico envergonhado quando vejo histórias como a dele, a de
Abraão (Gn 12:1 a 9) e, pior ainda, a de Oséias (Os 1:1 a 3; 3:1,2). Às vezes
acho que me pareço mais com o povo de Deus do Velho Testamento, resmungão e
desobediente.
Malaquias revela a indignação de Deus com o povo que oferecia
sacrifícios com animais defeituosos no templo: E vocês ainda perguntam: Como é que estamos te ofendendo? Pois vocês
me ofendem quando acham que têm o direito de profanar o meu altar. E me ofendem
também porque pensam que não faz mal me oferecerem animais cegos, aleijados ou
doentes. Pois procurem oferecer um animal desses ao governador! Acham que ele o
aceitaria com prazer e atenderia os seus pedidos? (Ml 1:7,8). Deus chega a
dizer que preferia que os profetas fechassem as portas do templo para que não
houvesse mais sacrifícios assim, inúteis. Cultos que não passavam de meros
rituais, cultos incompletos, defeituosos.
Qual é o seu grau de obediência a Deus? É ampla e irrestrita, ou você
obedece de acordo com sua vontade? Só obedece naquilo que lhe agrada? Você
obedece por prazer ou por medo? A obediência faz parte da completude do seu
culto a Deus. Sem ela seu culto é defeituoso e não agrada a Deus.
E agora, _________________? (coloque aqui o seu nome)