Que bom que você veio!!


Que bom que você veio!!
Quero escrever textos que nos ajudem a entender um pouco mais daquilo que Deus tem para nós, para falarmos uma mesma linguagem. Não tenho o objetivo de ser profundo, nem teológico, nem filosófico, nada disso. Quero dizer coisas simples que pululam em minha mente, sempre atento para não contradizer em nada a minha fé, ou o que creio ser a vontade de Deus.
No mês de Agosto/12 há um texto que explica o significado e o porquê do nome Xibolete.

31 de out. de 2012

Animais inconvenientes.



Uma cadela (foto) criou uma situação que com certeza importunou muita gente. Não é que a danadinha fez a Ponte Rio-Niterói ser fechada para que ela fosse salva? Uma equipe da concessionária que administra a ponte foi até o local para resgatá-lo. Afinal, essa atrevidinha foi passear num local onde nem nós, os seres humanos, podemos passear a pé e corria o rico de ser atropelada por causa do grande fluxo de automóveis naquele horário, ou mesmo causar um acidente. Foi bonito o que fizeram, resgatar aquele inoportuno animalzinho que já recebeu o apelido de "Carminha".

Um dia desses estava comendo um lanche num shopping que não é todo fechado, e tinha um pardal por ali querendo comer alguma coisa. Até ai tudo bem. O problema é que ele queria comer o meu lanche. Ele estava em cima da mesa que eu usava e, pasmem, queria pegar o meu lanche. Eu o enxotava e ele nem se incomodava. Dava um pulinho e voando mudava de lado na mesa. Percebi depois que ele já é um freguês habitual dali, pois na outra mesa alguém lhe oferecia um pedacinho do seu lanche e ele ia bicar seu petisco na mão da pessoa.

Estava na praça de alimentação de outro shopping e vi alguns seguranças tentando, disfarçadamente, afastar dois meninos de rua que pediam comida por ali. Cercavam de um lado, cercavam de outro, e aos poucos foram tirando os meninos famintos sem que quase ninguém percebesse sua atitude. Cumpriram bem seu papel livrando aquelas pessoas felizes que comiam seus lanches daqueles animaizinhos inconvenientes.

Por que com os pardais isso não acontece? Seriam eles melhores que os meninos, ou não incomodam tanto quanto eles? Para mim os pardais são mais inoportunos. Estranho isso.

Os jornais recentemente têm mostrado imagens de pessoas espancando pequenos animais. Indefesos, alguns sofrem horrores nas mãos de seus “donos”, ou pessoas que se sentem incomodados por eles em alguma situação, ou por simplesmente não gostarem de animais. Da mesma forma os noticiários têm nos mostrado casos e mais casos de crianças que sofrem violências em suas casas. Pais, se é que podem ser chamados assim, queimam suas mãos no fogão ou em ferros de passar roupas. Batem com fios que fazem marcas indeléveis, tanto no corpo quanto na alma. Crianças que são abusadas sexualmente, que levarão essas marcas para sempre em suas vidas. Com certeza um trauma incurável, que poderá gerar uma pessoa totalmente desequilibrada, se não for bem assistida; acompanhada com muito amor e carinho.

Quem são realmente os animais inconvenientes? Seriam os pequenos animais irracionais que perambulam pela cidade fechado pontes, querendo comer nosso lanche, latindo em horários de silêncio, cantando a madrugada toda a plenos pulmões como um galo ao lado prédio onde moro? (O que faz esse galo aqui em Jacarepaguá?)

Seriam as crianças que sofrem de violência física, moral e sexual sem que possam reagir aos brutamontes que as praticam? Violência esta, na maioria das vezes, praticada dentro de casa por seus próprios pais ou outros parentes?

Em seu bom livro “As Boas Mulheres da China”¹, a jornalista Xinran descreve o que encontrou no diário de uma adolescente abusada sexualmente pelo próprio pai, a partir dos seus onze anos de idade até os dezessete: “Eu costumava sonhar que encontraria um jeito de lavar a minha dor, mas será que posso lavar a minha vida? Posso lavar o meu passado e o meu futuro? Frequentemente examino meu rosto com atenção no espelho. Parece liso de juventude, mas eu sei que tem as cicatrizes da experiência: é despido de vaidade e muitas vezes mostra dois vincos fundos na testa, sinais do terror que sinto dia e noite. Meus olhos não têm nada do brilho da beleza dos olhos de uma garota. No fundo deles há um coração que se debate. Dos meus lábios machucados foi raspada toda a esperança de sensação; minhas orelhas, fracas por causa da constante vigilância, nem aguentam um par de óculos; meu cabelo, que deveria brilhar de saúde, não tem vida, por causa da preocupação. É esse o rosto de uma garota de dezessete anos? O que são as mulheres, exatamente? Os homens devem ser classificados na mesma espécie que as mulheres? Por que é que eles são tão diferentes? Livros e filmes podem dizer que é melhor ser mulher, mas não consigo acreditar. Nunca achei que isso fosse verdade e jamais vou achar.”

Quem são os animais inconvenientes? Os irracionais que fazem coisas por seus instintos e, às vezes, por uma adaptação a um mundo que não seja o deles, nos incomodam por que nós mesmos acabamos com o seu habitat natural, ou influenciamos as mudanças de hábitos deles dando-lhes comidas que não as suas?

Quem são os animais inconvenientes? Os racionais que precisam crescer num ambiente de amor, carinho, respeito, orientação, educação e tantas outras coisas que as crianças precisam e não encontram em seus lares? Que por falta uma família organizada, ou bem estruturada, precisam dormir nas ruas e rondar as portas de restaurantes ou praças de alimentação nos shoppings numa tentativa de comer alguma coisa, que às vezes, os animais racionais adultos jogam no lixo, sem se importar?

Quem são os animais inoportunos, inconvenientes?

Quero juntar três textos bíblicos que pode nos dar uma visão daquilo estamos fazendo: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado. Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado. Quem comete pecado é do Diabo; porque o Diabo peca desde o princípio” (Tg 4:17; Jo 8:34; I JO 3:8).

Nós somos os inconvenientes. Animais racionais inconvenientes, inoportunos, impróprios e todo outro adjetivo que você puder pensar que mostre o quanto estamos longe daquilo que Deus planejou. Longe da imagem e semelhança de Deus. Temos melhorado em alguns aspectos, mas caminhamos em lentos passos em outros tantos. Mas é muito bom ver que aqui ou ali surgem manifestações que nos levam a crer que nem tudo está perdido. Deus tem incomodado alguns no sentido de fazer diferente. E não quero nem citar pessoas que a mídia já tem de alguma maneira mostrado, mas pessoas simples como eu e você.

Este depoimento apareceu no facebook, e foi postado por um amigo de Maringá (PR), Artur, ou simplesmente Tuca:

“Hoje depois de muito tempo pensei em me dar um Luxo de ir comer no shopping aqui de Maringá... com a grana bem curta mais resolvi ir...

Ao chegar fui estacionar o carro na avenida na frente do shopping, quando me deparei com um menino sentado na calçada com a cabeça entre os joelhos, como muitas vezes já me peguei no mesmo estado triste e na mesma posição.

Naquele momento fiquei parado dentro do carro, com os olhos cheios de lagrimas, orei e pedi a Deus pra me orientar, pois não sabia como poderia ajudar aquele menino...

Sai do carro fui até ele, sentei ao lado dele e falei: Mano hoje sai de casa pra me dar o luxo de comer um lanche mais sei que Ele queria era dar um luxo pra você...

Perguntei o que ele queria comer... nesse momento ele me olhou e falou: Eu só queria comer algo diferente, todo mundo no fim de semana come alguma coisa diferente...

Pedi pra que ele entrasse e fosse comigo comer... ele não quis, porque ele não estava com a família e todos lá dentro estavam com suas famílias, e ele não queria que essas pessoas ficassem olhando pra ele... (entendi, pois muitas vezes nossos olhares poder ferir).

Entrei comprei um lanche para ele e voltei... meu quando ele me avistou com o saquinho de lanche de uma marca famosa pude ver em seus olhos o brilho de felicidade ... pude trocar umas palavras com ele e depois me despedi e vim para minha casa.

Creio que meu Dia não poderia ter sido melhor sai com o sentimento que iria ter um dia de "Luxo" e encontrei e pude proporcionar a felicidade na necessidade.”

O texto está exatamente como ele escreveu. Só copiei e colei com autorização dele.

Como muitos de nós ele poderia fingir que não viu e ir adiante. Aos nossos olhos, são várias as pessoas no mundo que pertencem ao mundo dos invisíveis. Mas ele resolveu parar e ver o que poderia ser feito. Com a grana curta, não sei se sobrou lanche para ele, mas isso não importa. Mesmo que não tenha lanchado naquele momento, creio que a satisfação por ter feito aquilo foi muito maior do que a satisfação que qualquer lanche poderia trazer.

Como muitos outros por ai, este é um exemplo de animal não inconveniente. Uma espécie que infelizmente está em extinção. Não devemos esperar surgir uma ONG querendo salvar esta espécie. Eu e você podemos começar este movimento fazendo nossa parte. Fazemos parte do grupo de animais racionais. Ser inconveniente ou conveniente é uma escolha nossa.

Faça sua escolha. O mundo espera sua decisão.

¹ As boas mulheres da China: vozes ocultas / Xinran; tradução do inglês Manoel Paulo Ferreira - São Paulo; Companhia das Letras, 2007.

24 de out. de 2012

Um minuto de mulher.



A mulher é a perfeição da criação. Quanto mais convivo com uma, mais creio nisso. Pelo menos a minha é assim, perfeita. Não perfeita em si mesmo, mas perfeita na perfeição que é perfeitamente perfeita para mim. Ela é perfeita porque Deus não faria nada imperfeito. Como ela é a imagem e semelhança de Deus, não poderia ser mais perfeita.

Ana, além de tudo isso ainda me mostra que é uma enciclopédia teológica em pessoa. Como eu aprendo sobre Deus com essa mulher! Com ela eu tenho aprendido a desenvolver na prática “o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade a mansidão, o domínio próprio” (Gl 5:22,23) sem o menor esforço. Muito do que sou hoje devo à convivência com ela.

Hoje aprendi, na prática, mais uma lição importante. Descobri que de alguma maneira ela usa o mesmo “relógio” que Deus usa para medir o tempo. Como?

Simples assim.  As 15:25h, eu estava em Juiz de Fora falando com ela ao telefone quando ela disse: “Espera um pouco. Te ligo daqui a UM MINUTO”. São agora, exatamente, 22:12h. Portanto 6:47h depois, estou em Belo Horizonte a uns 250 kms de distância de onde estava, e ela ainda não me ligou. Se não fosse tanto tempo de prática nas características acima, que são o fruto do Espirito, com ajuda dela, eu não entenderia que isso é mais uma lição para mim. Assim compreendo perfeitamente o que Pedro quis dizer em sua segunda carta quando disse que “um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia” (II Pe 3:8).

As mulheres são exatamente assim. Quando querem que nós homens façamos alguma coisa, um minuto parece ter milhões de minutos. Mas, quando esperamos por elas, milhões de minutos se tornam um minuto. Elas nos ensinam na prática a entender as coisas de Deus.

No mundo prático e ágil em que vivemos esperar é uma coisa do passado. Não sei como ainda não descobriram uma forma da gravidez durar um ou dois dias apenas. Não temos mais paciência para coisas que demoram. A internet não pode ser tipo rápida, tem ser muito rápida. Os carros cada vez correm mais nas ruas. As pessoas já quase não andam, correm. A comida precisa sair em poucos minutos, fast-food. Se um saco de pipocas fica pronto em uns míseros segundos porque ficar naquela pipoqueira antiga, um tempão, rodando aquela manivela? Os cultos não podem ser longos, quanto mais curtos melhor.

Assim também agimos com Deus. Não entendemos que Deus não tem o mesmo marcador de tempo que nós usamos. Ou, talvez, não tenhamos mais paciência para esperar por Ele também. Talvez, por causa da idade, Ele esteja lento demais para nós. Então queremos tudo para ontem e não percebemos que Deus tem o tempo dele, e não age de maneira diferente só porque temos pressa demais. Queremos uma bênção para logo, e se não recebemos, ficamos zangados e tentamos consegui-la com nossas próprias mãos. Não temos a paciência para sermos testados por Deus. Não temos a paciência necessária para vivermos na dependência dele enquanto esperamos pela resposta. Com a demora, vai batendo um desânimo por não ter conseguido na hora que nós queríamos, então nos afastamos dele, e fazemos do nosso jeito. Não confiamos na promessa. Não confiamos nele.

Davi, que conhecia bem o Deus a quem ele servia, disse com toda certeza: “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará” (Sl 23:1). Mas ele sabia que não era como e quando ele queria, mas sim do jeito de Deus. Por compreender isso tão bem ele disse: “Esperei com paciência pelo Senhor, e ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor” (Sl 40:1). A confiança que Davi tinha em Deus, gerava a paciência necessária para esperar. Mais tarde Paulo orienta aos filipenses: “Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças” (Fl 4:6). Ansiedade. Outro mal que assola nossas vidas. Parente íntima da impaciência.

Não aguentei mais esperar e acabei de ligar para a Ana. Mas com Deus, quanto mais esperarmos melhor. A nossa espera nos coloca diante dele como crianças a espera dos favores dos seus pais. Dependência total e irrestrita. Deus ama isso. Ele sorri com isso, pois é alegria para o seu coração saber que esperamos porque confiamos a despeito de qualquer demora que exista. E por isso Davi declara: “Confia no Senhor e faze o bem; assim habitarás na terra, e te alimentarás em segurança. Deleita-te também no Senhor, e ele te concederá o que deseja o teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará” (Sl 37:3,4,5). Toda a experiência de vida de Davi com Deus o leva a afirmar: “Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o pão” (Sl 37:25).

Sei que ainda vou ter outras experiências de espera com a Ana. Não me importo. Esperarei quanto tempo for necessário. Sempre valerá a pena. Assim vou praticando esperar o momento certo de Deus também. E com certeza sempre será uma grande alegria esperar pelo momento dele.

Creia, e espere se for preciso. Depois, aproveite as bênçãos recebidas. E nunca se esqueça de agradecer. Gratidão agrada a Deus.

17 de out. de 2012

Minha sogra tem Alzheimer.



Fiquei na dúvida: tem ou sofre de Alzheimer? Acho que “sofre” não serve neste caso. “Sofre”, se aplica melhor à família. Realmente, neste caso, quem sofre é a família. E sofre muito.

De acordo com a Wikipédia, “o Mal de Alzheimer, Doença de Alzheimer ou simplesmente Alzheimer, é uma doença degenerativa atualmente incurável, mas que possui tratamento. No mundo o número de portadores de Alzheimer é cerca de 25 milhões, com cerca de 1 milhão de casos no Brasil. É a principal causa de demência em pessoas com mais de 60 anos no Brasil. Atinge 1% dos idosos entre 65 e 70 anos mas sua prevalência aumenta exponencialmente com os anos sendo de 6% aos 70, 30% aos 80 anos e mais de 60% depois dos 90 anos”.

Para quem ama, não é fácil ver uma pessoa que há poucos anos atrás era muito ativa, alegre, e até um pouco extrovertida, vivendo agora sem noção de coisa alguma. Completamente alienada. Não se lembra de nada recente, e vive de fragmentos do passado. Vive preocupada com a mãe e o pai, já falecidos, que poderão chamar sua atenção por estar muito tempo longe de casa.

É terrível ver a rapidez que a doença vai tomando seu cérebro, e fazendo desaparecer cada vez mais as lembranças recentes. Os remédios não curam. Apenas desaceleram o processo e, às vezes, parece que perdem de montão. O que vemos, a cada dia, é uma pessoa já na terceira idade, vivendo e tendo que ser tratada quase que como uma criança. Tem que ser observada o tempo todo. Até para tomar banho necessita de cuidados.

Uma pessoa que sabia textos e mais textos da Bíblia na ponta da língua, e cantava todos os hinos do Cantor Cristão, agora só tem alguns lampejos esporádicos. Não é fácil. Com o passar dos dias e a progressão da doença, que transforma o cérebro numa gelatina imprestável, até a ideia de que seria melhor o fim é menos dolorosa, por mais triste que seja. A saudade com certeza doerá muito menos do que ver a pessoa querida chegar a situações totalmente constrangedoras, que não queremos nem para os nossos piores inimigos.

Esta situação me remete ao texto do sábio Salomão: “Não deixe o entusiasmo da mocidade fazer com que você esqueça o teu Criador. Honre a Deus enquanto você é jovem, antes que os dias maus cheguem, quando você não vai mais ter alegria de viver. Quando os seus olhos estiverem tão fracos que não poderão perceber a luz do sol, da lua e das estrelas, vai ser tarde demais para uma vida ativa de serviços e se lembrar de Deus. Vai chegar um dia em que os seus braços tremerão de velhice e as suas pernas que hoje são firmes e fortes ficarão fracas. Os dentes vão cair, e você não poderá mastigar direito. Os seus olhos ficarão cansados e fracos. Os seus lábios murchos, ficarão bem fechados enquanto você tenta mastigar sua comida! Você vai acordar com o barulho dos pássaros, mas não ouvirá direito e mal conseguirá falar, com voz tremida. Você vai ter medo de lugares altos, medo de cair. Vai ser um velho de cabelos brancos, de rosto murcho, que anda se arrastando; já não vai ter o vigor físico, e verá a morte de perto, aproximando-se cada vez mais de sua casa eterna. Depois, atrás do seu caixão, muita gente vai seguir, chorando” (Ec 12: 1 a 5).

Acrescente a tudo isto uma doença, como o Alzheimer. Imaginou? Com certeza a imagem não é agradável.

Quando somos jovens não paramos para pensar em nada disso. E é bom que seja assim. O hoje se chama presente porque realmente é um presente que recebemos de Deus. E deve ser vivido com todo gás, com toda energia, como se fosse único. E realmente é. Hoje, não existirá outro igual. O ontem já foi um hoje que não foi igual ao hoje de hoje. Amanhã será um hoje completamente diferente do hoje de hoje e do hoje de ontem. O hoje é único, mas pode ser também o último. Mas, ninguém pensa assim. Sempre pensamos que vamos viver eternamente. Mas o grande alerta no inicio do texto não pode ser deixado de lado. Com todo o ímpeto de aproveitar tudo que a juventude oferece, vamos deixando de pensar nas coisas que realmente são eternas. 

Talvez seja importante voltar aqui ao texto anterior quando o sábio avisa: “Rapaz, como é maravilhoso ser jovem! Aproveite a sua mocidade, mas aproveite mesmo! Faça tudo o que tiver vontade de fazer e conhecer. Experimente tudo, MAS LEMBRE-SE DE UMA COISA: VOCÊ VAI TER DE DAR CONTA A DEUS DE TUDO O QUE FEZ. Deixe de lado a dor e a tristeza, MAS LEMBRE-SE DE QUE O JOVEM, COM TODA A VIDA PELA FRENTE, COMETE MUITOS ERROS GRAVES” (Ec 9: 9,10).

Se você não ler com atenção, isto pode te causar problemas. Então, para reforçar, vou apelar para o apóstolo Paulo que disse: “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convêm. Tudo me é permitido, mas eu não deixarei que nada me domine. Tudo é permitido, mas nem tudo convêm. Tudo é permitido, mas nem tudo edifica” (I Co 6: 12 e 10:23). Entendeu agora?

Enquanto é tempo, aproveite a sua juventude. Enquanto é tempo aproveite a sua pós-juventude. Mas tenha certeza de que tudo o que você for fazer, seja agradável a Deus. E se não for, lembre-se que Ele é amoroso e perdoador.

Não perca tempo. A vida passa muito rápido. Jó no seu desespero diz que o homem “nasce e cresce como uma bela flor, mas logo murcha e morre. Ele some depressa, como a sombra de uma nuvem que passa no céu” (Jó 14:2). E vendo minha sogra, penso que não só a morte final pode dar cabo à vida, mas que existem situações que são como se a vida já não existisse mais, é só um arremedo dela.

Minha sogra tem Alzheimer, e não pode mais fazer nada do que fazia quando era jovem, ou mesmo quando era adulta, ou chamada de idosa por alguns. Mas desde que a conheci sua vida sempre foi dedicada ao Senhor. Penso que ela já está com a poupança celestial correndo juros altíssimos pelo que ela já fez.

Enquanto temos tempo, jovens ou não, aproveitemos de tudo, como orienta Salomão, mas não nos esqueçamos do alerta de Paulo, sobre o que é lícito e o que edifica, porque um dia Deus nos chamará para vermos o saldo da nossa conta lá no céu. Tomara que o nosso saldo não esteja negativo.

Minha sogra tem Alzheimer, mas ela está hoje com 87 anos. Enquanto lúcida, ela serviu a Deus.  Você que é jovem dedique hoje sua vida a Deus, pois como disse Alexander Pope, “quando os homens se tornam virtuosos na idade avançada, eles somente fazem a Deus um sacrifício daquilo que o Diabo deixou”. Não deixe para oferecer a Deus o resto que o diabo deixar.

9 de out. de 2012

Quem educa seu filho?



Há alguns anos passados Ana andou vendendo umas camisas de malha com frase ou desenhos alusivos a vida cristã. Um dia, essas camisas estavam numa grande sacola plástica no meio da sala do nosso apartamento e Caroline, que na época tinha uns cinco anos, estava sentada em cima daquela sacola. Eu estava na cozinha, lavando louças, e ouvi Ana mandar que ela saísse de cima daquela sacola, e Carol não atendeu.

Ana veio até a cozinha e disse: “Tá vendo amor, Carol agora está assim, não obedece mais”. Eu como pai machão, bravo toda vida, fui para a sala, engrossei a voz disse com cara de pai zangado: “Carol, sai agora daí de cima!”. Carol, com toda a doçura infantil disse: “Só estou esperando duas palavrinhas que vocês me ensinaram”. Eu, ainda com voz de pai zangado, perguntei: “Que duas palavrinhas, Carol?”. Ela, com mais doçura infantil ainda, disse: “Por favor”.

Sabe numa luta quando alguém leva um soco bem encaixado logo acima da cintura e o ar falta completamente? Foi assim que me senti. É lógico que depois dessa não havia alternativa: “Por favor, Carol, saia daí”, com uma nova tonalidade na voz, que quase não sai por falta de ar. Ela prontamente saiu, com a sensação do dever cumprido. A lição estava dada.

Nossos filhos sempre nos ensinam alguma coisa. Nem sempre fazemos aquilo que cobramos deles, ou exigimos que eles façam. Esquecemo-nos, algumas vezes, que somos exemplos para nossos filhos. Eles estão sempre nos olhando e aprendendo conosco. Por isso é imprescindível que tenhamos atitudes compatíveis com nosso discurso, pois nossos atos fazem mais diferença do que nossas palavras. Ensinar com o exemplo é sempre mais valioso.

Conheço algumas pessoas que dizem que gostariam que seus filhos frequentassem uma igreja para aprenderem coisas boas, mas eles mesmos não frequentam nenhuma. Não seria mais fácil leva-los lá? Outro erro é esperarmos que nas igrejas, nossos filhos aprendam uma coisa que não praticamos em casa. Conheço um adolescente cristão que algumas vezes me perguntou sobre beber ou não beber cerveja. Depois de algumas conversas sobre o assunto, fui a um aniversário em sua casa e chegando lá vi seu pai, um cristão, com cargo de liderança numa igreja que não aprova a ingestão de bebida alcoólica, com uma latinha de cerveja, que tentou esconder atrás de alguma coisa no momento que cheguei.

A Palavra de Deus deixa bem claro o dever dos pais na educação dos filhos: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele” (Pv 22:6). E de maneira quase exagerada exorta: “Estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te. Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por frontais entre os teus olhos; e as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas” (Dt 6. 6 a 9). Em qualquer hora, em qualquer tempo, de todas as formas, de todas as maneiras, com todas as possibilidades, sempre, os pais devem ensinar aos filhos sobre a vontade de Deus. Não apenas com palavras, mas, e principalmente, com sua própria forma de viver. Sendo exemplo.

Vejo pais referindo-se a seus filhos, ou filhas, como muito malcriados e eu penso: “Bem feito para você. Foi você mesmo que o mal criou”.

Havia um dito popular que dizia: “Adote seu filho antes que um traficante o faça”. Eu diria: “Eduque seu filho antes que um colega da escola, do condomínio, ou de outro lugar qualquer o faça”. Mostre a ele com a sua vida como se deve viver de acordo com a vontade de Deus.

Seu filho em algum momento pode lhe ensinar alguma coisa, mas tenho certeza absoluta que você tem muito mais a ensiná-lo. Não perca tempo. Não passe a bola para outro. Não se esqueça de que você é quem prestará contas a Deus pelo filho, ou filha, que ele te deu o privilégio de educar.