Que bom que você veio!!


Que bom que você veio!!
Quero escrever textos que nos ajudem a entender um pouco mais daquilo que Deus tem para nós, para falarmos uma mesma linguagem. Não tenho o objetivo de ser profundo, nem teológico, nem filosófico, nada disso. Quero dizer coisas simples que pululam em minha mente, sempre atento para não contradizer em nada a minha fé, ou o que creio ser a vontade de Deus.
No mês de Agosto/12 há um texto que explica o significado e o porquê do nome Xibolete.

1 de dez. de 2017

Um Dia Desses...

Acordei bem cedinho naquele dia. Acordar cedo faz o dia ficar maior e posso aproveitar mais a vida. Tomei um banho bem gostoso. A água descia pelo meu corpo bem suave e pude ficar um longo tempo ali desfrutando daquele momento. Não havia o risco de faltar água.

Coloquei a minha roupa. Botei um perfume. Tomei meu café com pão e manteiga tranquilamente. De manhã tem que ser café com pão e manteiga. Então fui para o ponto e logo o ônibus veio. Parece que ele estava ali na esquina só me aguardando. Havia lugar para eu sentar e, apesar de não fazer muito calor, o ar-condicionado estava ligado proporcionando um clima bem gostoso dentro dele.

O trânsito era o melhor possível. Havia uma grande quantidade veículos nas ruas, mas não havia engarrafamentos. Todos respeitavam as leis de transito com muita paciência e esmero. Paravam nos sinais, não buzinavam sem necessidade, sorriam e se cumprimentavam com grande entusiasmo.

Quando desci no centro da cidade para trabalhar, notei que havia perdido minha carteira com todos os meus documentos e algum dinheiro. Comecei a procurar uma delegacia para registrar a perda de documentos e não encontrei. Alguém me informou que as delegacias, e os quartéis de policia militar, não existiam mais, pois não havia necessidade deles. Afinal, a violência era zero. Não havia mais nenhum tipo de roubo, trafico de drogas, assassinatos e nem mesmo brigas de vizinhos ou de casais. Fui orientado a procurar uma agencia do correio, pois tudo que era perdido era levado para lá. Então, muito surpreso, descobri que minha carteira estava ali, intacta. Todos os meus documentos e todo o dinheiro. Nada havia sumido.

Chegando ao local de trabalho fui desculpar-me pelo atraso e meu chefe disse que não precisava, e inclusive, naquele dia, estava me dando um aumento de 50%, pois eu era um excelente funcionário. Convidou-me para almoçar com ele e pagou a despesa. Ao sairmos para almoçar observei uma pessoa carregando uma sacola de plástico transparente, tipo essas de mercado, com uma grande quantidade de dinheiro. Ao chegar mais perto vi que eram notas de R$ 100,00. Perguntei se ele não corria um grande risco e ele tranquilamente me disse que não havia perigo algum, pois não havia relatos de assaltos ou roubos na cidade já fazia anos.

Ao sair do trabalho caminhava pelas ruas maravilhado de ver as pessoas se cumprimentado e sorrindo umas para as outras. O dia não poderia ter sido melhor. Até que, de repente, começou um barulho intermitente, forte e bem alto. Eu me virei para o lado e desliguei o alarme do meu celular que acabara de disparar, me avisando que era hora de acordar.

Na realidade nem este sonho existiu. Foi apenas elucubração minha. Mas seria bom demais um lugar desses. Você consegue imaginar isto? Creio que estamos tão acostumados com a vida muito louca que levamos nas nossas cidades tão violentas e engarrafadas, com pessoas mal humoradas ou mal educadas, tão egoístas, que qualquer coisa parecida com o relato acima só pode ser um sonho.

Um dia desses tenho certeza que vou viver algo parecido. Não precisa ser logo, pode demorar um pouco. Não será um lugar com carros e ônibus, ou qualquer coisa parecida. Para falar a verdade nem mesmo sei como será, mas tenho certeza que em nada se compara com o que vivemos aqui.

Em suas revelações, João nos diz que viu a Cidade Santa e nos relata tudo que viu (Ap 21 e 22). E tudo é de um deslumbramento só. É algo tão grandioso que, não encontrando palavras suficientes para descrever, João usa de todo tipo de pedras e metais preciosos para nos dar apenas um vislumbre daquilo que será o lugar prometido por Deus para aqueles que forem obedientes a sua Palavra.  Ele lista algumas coisas que não veremos ali: lágrimas, morte, tristeza, choro, dor, templo, sol, lua, noite, maldição. Diz também que tipo de pessoas não estarão ali: "os covardes, os incrédulos, os depravados, os assassinos, os que cometem imoralidade sexual, os que praticam feitiçarias, os idólatras, e todos os mentirosos", e ainda " nela jamais entrará algo impuro, nem ninguém que pratique o que é vergonhoso ou enganoso".

Fico pensando nas surpresas que teremos ali. Julgamos com muita facilidade e cravamos quem vai e quem não vai para este lugar, mas creio que vamos ser surpreendidos. Por isso, o melhor a fazer é seguir a orientação de Cristo: "não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados" (Mt 7:1,2). E nunca esquecer o ensino dado por Davi: "Contigo também, Senhor, está a fidelidade. É certo que retribuirás a cada um conforme o seu procedimento" (Sl 62:12). O que é confirmado por Jesus na visão de João: "A minha recompensa está comigo, e eu retribuirei a cada um de acordo com o que fez".

Um dia desses, não mais estarei aqui. Mas, enquanto aqui, "esmurro meu corpo e o reduzo à escravidão" (I Co 9:27) para que quando este dia chegar eu alcance a promessa, pois Jesus, nesta revelação feita a João, diz que são "Felizes os que lavam as suas vestes, e assim têm direito à arvore da vida e podem entrar na cidade pelas portas".

Um dia desses, quando não mais estiveres por aqui, por onde andarás? Pense sobre isso.

2 de nov. de 2017

Habitos

Durante muito tempo dirigi sem saber da real necessidade do retrovisor do lado direito do carro. Deixava o retrovisor central um pouco mais virado para a direita e o usava nas manobras. Hoje precisei usar o carro, que está com o retrovisor direito quebrado, e senti uma falta enorme dele. Com o tempo adquiri o saudável, e correto, habito de usar o retrovisor do carona. Posso afirmar que dirijo bem melhor hoje.

Hábito, conforme o dicionário, é um comportamento que aprendemos e repetimos com freqüência, sem pensar como devemos executá-lo. Muitas coisas que fazemos no dia a dia são hábitos adquiridos com o tempo. O ato de digitar este texto é facilitado por uma repetição que aprendi quando ainda era um menino em uma máquina de datilografar Remington. Durante um bom tempo um professor me orientou a ficar com os dedos da mão esquerda digitando as letras a, s, d, f e g. Hoje digito estas letras com rapidez e sem olhar. Não se trata de instinto, pois o instinto é algo que se nasce com ele.

Salomão nos deixou vários ensinamentos que nos ajudam a adquirirmos bons hábitos, entre tantos escolhi um pequeno trecho: "Não vá aonde vão os maus. Não siga o exemplo deles. Não faça o que eles fazem. Afaste-se do mal. Desvie-se dele e passe de lado. Os maus não podem dormir sem ter feito alguma coisa má; eles ficam acordados até conseguirem prejudicar alguém. Porque para eles a maldade e a violência são comida e bebida" (Pv 4:14 a 17). Os hábitos deles dizem quem são eles, por isso o sábio nos alerta para ficarmos o mais longe possível deles.

Aristóteles disse que "nós somos aquilo que fazemos repetidamente", e Jesus Cristo, que conhece bem os corações, ao defrontar-se com um grupo de fariseus usa algumas palavras que fortalecem este pensamento:"A pessoa boa tira o bem do seu depósito de coisas boas, e a pessoa má tira o mal do seu depósito de coisas más" (Mt 12: 33a 35).

Cristo claramente diz que os hábitos deles mostravam bem quem eram, e que não haveria possibilidades de fazerem diferente. Poderiam até terem um rápido momento de falsidade, mas o normal seria fazerem aquilo que era a atitude mais constante em suas vidas. O mais normal seria repetirem aqueles comportamentos que eles haviam aprendido, e que segundo Jesus não eram bons. E Jesus completa com uma advertência: "por suas palavras vocês serão absolvidos, e por suas palavras serão condenados" (Mt 12:37).

Então, quem é você? O que é que você tem feito repetidamente que reflete quem é você? Quais hábitos você tem adquirido através dos tempos? Os seus hábitos poderão lhe dar a condenação ou a absolvição. Já parou para pensar nisso?

7 de out. de 2017

Papagaio Pelado

Recebi um vídeo que mostrava um papagaio completamente depenado, só com umas penugens esbranquiçadas e uma única pena no rabo. Ele dançava e saltitava ao som de uma musica do Bob Marley. Vendo a situação dele, tão acabadinho coitado, mas feliz da vida, lembrei-me de Jó.

A Bíblia diz que Jó era um cara bem de vida. Tinha posses, saúde,  uma família linda e ainda revela que Deus o tinha como alguém irrepreensível. De um momento para o outro o mundo dele desaba. Todos os seus bens vão por água abaixo, perde tudo que possuía. Chega a notícia de que seus filhos haviam todos morrido de uma única vez. Jó fica arrasado.

Não bastasse tudo isso, ele fica com o corpo cheio de feridas, e a Bíblia relata que ele raspava as feridas com um caco de telha. Você pode imaginar isso? Mas, há uma fala desse homem que é reveladora: "Nasci nu, sem nada, e sem nada vou morrer. O Senhor o deu, o Senhor tirou; louvado seja o seu nome!" (Jó 1:21). Entendeu? Que homem era esse Jó!

O mundo caia sobre sua cabeça, mas continuava firme. Tinha convicção de que Deus estava no controle. Sua confiança era tão grande que em dado momento exclama: "Pois eu sei que o meu defensor vive;  no fim, ele virá me defender aqui na terra ... Eu o verei com os meus olhos; os meus olhos o verão" (Jó 19:25,27). A história de Jó termina com a afirmação que Deus honra sua perseverante e inabalável fé restituindo em dobro tudo que ele perdera.

Outro papagaio pelado na Bíblia foi Habacuque. Ele viveu num período que o Império Babilônico era o mais poderoso do mundo, um povo cruel. Eles eram inimigos do povo de Habacuque, e ele reclama com Deus dizendo: "Os teus olhos são puros demais para olhar o mal; tu não suportas ver as pessoas cometendo maldades. Como é, então, que ficas calado quando esses malvados matam pessoas que são melhores do que eles? (Hc 1:13). Ele não entendia como Deus permitia que aqueles homens violentos e cruéis, fizesse a sua nação sofrer tanto, se ela era mais "santa" que a outra. Que sofrimento, como aguentar isso? Como entender que os bons sejam destruídos pelos maus?

Mesmo vivendo aquela situação que o deixava revoltado, e que o leva a reclamar com Deus, no final do seu livro nos ensina o que devemos fazer. Ele diz que tudo poderia estar em desordem total, e o mundo desabando sobre ele, mesmo assim ele continuaria dando  graças ao Senhor e louvando  a Deus, o seu Salvador, que era a sua força (Hc 3:18,19). Ele tinha certeza de que Deus estava no controle.

Crer em Deus quando as ondas estão inofensivas é mole, mas quando as ondas fortes teimam em quebrar uma atras da outra sobre você, não te dando tempo para respirar, aí é outra coisa. Aquele momento quando você chega a imaginar que Deus está lendo um bom livro e não está prestando atenção ao que você esta sofrendo, é desesperador. A convicção de Jó, de que Deus, em algum momento, vai tirar os olhos do livro, quem sabe entre um capitulo e outro, e virá socorrer, nem todos temos. Ah, aí é que é difícil!

A galeria da fé, de Hebreus 11, nos apresenta uma lista de outros papagaios pelados que foram perseverantes e alcançaram a vitoria por não abrirem mão do relacionamento com Deus. Mas para isso é preciso conhecer Deus como Davi, que declarou: "Esperei com paciência pela ajuda de Deus, o Senhor. Ele me escutou e ouviu o meu pedido de socorro. Tirou-me de uma cova perigosa, de um poço de lama. Ele me pôs seguro em cima de uma rocha e firmou meus passos. Ele me ensinou a cantar uma nova canção, um hino de louvor ao nosso Deus" (Sl 40:1-3). Tiago nos exorta a termos alegria nas provações, pois, elas, nos ensinam a perseverança que nos ajuda a sermos "perfeitos e íntegros" (Tg 1:2-4).

Então é isso. Aproxime-se de Deus, faça amizade com ele, busque intimidade com ele e seja perseverante. E, quando o mundo parecer estar caindo sobre sua cabeça, você poderá se sentir como o papagaio pelado, e dançar, e pular, na certeza de que o socorro virá e uma nova penagem surgirá, quentinha, colorida e agradável de ser vista, e uma nova canção brotará em seus lábios.

Creia nisso.

8 de set. de 2017

Mergulhe bem fundo.

Conhecer a cidade de Paraty era um desejo antigo. Finalmente pude realizar meu desejo. Fui com minha esposa passar um fim de semana lá e foi muito bom. Fizemos um passeio que incluía uma parte da Mata Atlântica. Como foi bom estar ali em plena mata e encontrar uma cachoeira linda. O barulho das águas, o ar puro, aquele cheiro de verde, é renovador. Observar aquela mata e toda aquela água que desce por cima das pedras continuamente é muito, muito gostoso. Numa das pedras é possível até descer deslizando como se fosse um tobogã.

Ana sentou-se numa pedra com os pés dentro da água, sentei-me ao lado dela e fiquei olhando para aquilo tudo e o pensamento voou. Fiquei imaginando o tempo que aquela cachoeira estava ali. Os caminhos que ela já teve só naquele pequeno trecho. Dava para ver com clareza que o trajeto atual não é o que sempre foi. Algumas pedras que hoje estão secas já foram usadas antes como passagem para as águas. Quantos metros cúbicos de água já rolaram por aquelas pedras abaixo? De onde vem toda essa água? Antes que qualquer ser humano chegasse ali ela já estava ali despejando suas águas montanha abaixo. Mesmo que ninguém nunca a descobrisse ela continuaria ali, levando vida por onde passasse.  Não consigo ver uma coisa assim e não pensar em quem preparou tudo aquilo. Não é possível deixar de ver a mão de Deus ali naquele lugar.

Quando fez aquilo tudo ele não se preocupou com quem iria ver, possivelmente. Mas fez. Ele não fez para “mostrar” para quem quer que fosse que ele era o cara. Fez por que sabia que um dia aquilo seria admirado; que faria, com certeza, alguém pensar nele, como aconteceu comigo. Mesmo que ninguém pensasse nele, independentemente do que fosse acontecer ele fez e deixou ali.

É assim que Deus é. Ele simplesmente é. Sempre, ele será. Independente de mim ou de você ele é. Independente de qualquer situação ele é amor. Independente de qualquer atitude nossa ele nos ama, pois ele é amor. Independente do que pensamos, ou não, a seu respeito, ele é justo, verdadeiro, santo, fiel, digno, merecedor de toda adoração e louvor.

Tanto quanto aquela cachoeira, ele continua jorrando amor, compaixão, fidelidade, carinho, dedicação, e tudo mais que é inerente ao seu ser. Se queremos ou não, não muda o seu jeito de olhar para cada um de nós.

No passeio na floresta, Ana e outras pessoas aproveitaram das águas da cachoeira. Deslizaram pedra abaixo por onde a água corria e ao final mergulhavam no poço formado ali. Em outra parte entraram num “poção” de águas entre umas pedras. Eu e outras pessoas não fizemos isso. Saímos de lá secos como chegamos. Assim é o amor de Deus, quem quer mergulha, aproveita das delícias que é estar ali. Outras ficam de fora sem aproveitar. Não querem se “molhar” no amor de Deus. Preferem a sequidão da indiferença para com Deus.

Dentro de nossas igrejas existem alguns que até chegaram próximo a “água” (Deus), mas apenas molharam suas mãos e passaram no rosto, ou nos cabelos, ou apenas molharam os pés. Não mergulharam totalmente para se encharcarem dele. Têm algumas restrições. Mas ele está lá, disponível para quem quiser. Pronto para molhar até a alma àqueles que assim permitirem. Aqueles que mergulharem até o mais profundo.

Quando chegamos à pousada Ana disse que estava renovada, que a água da cachoeira havia feito um bem muito grande para ela. É assim também com Deus. Ele renova nossas forças. Como já nos garantia o profeta Isaías, “Ele dá força ao cansado, e aumenta as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os mancebos cairão, mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças; subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; andarão, e não se fatigarão” (Is 40:29,31).

Não espere mais para aproveitar de tudo que ele pode e quer te dar. Deus tem prazer em nos dar aquilo que desejamos, que nos faz bem, que nos anima, que nos alegra, que nos fortalece. Não é uma questão de fazer em troca. Não é uma questão de fazer por merecer. Não é nada disso. No verdadeiro amor isso não existe. No verdadeiro amor há uma troca espontânea por amor e não por necessidade ou merecimento. É um dar por dar, por amar, por querer ver o ser amado feliz, contente, revigorado, extasiado pela inundação do amor recebido.

É assim que vejo Deus e o seu amor. Eu desfruto disso e sou feliz por isso. Tenho certeza de que tudo que tenho feito não seria nada em relação ao que recebo. Se dependesse de merecimento eu nada teria, ou pouco teria. Mas não é assim. Ele me ama e me dá, sem me cobrar nada. E por gratidão a esse amor eu me dou a ele e procuro fazer alguma coisa. Não para pagar o que recebo, mas por gratidão somente.


João viu “o rio da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro” (Ap 22:1), e o rio continua fluindo. Cabe a cada um nós a opção de nos encharcarmos nesse rio, ou ficarmos de longe olhando os que o fazem. Não perca tempo, mergulhe neste rio e se deixe levar pela vida abundante que ele te prometeu.

5 de ago. de 2017

Lição Aprendida

Ontem a noite estava planejando minha manhã de hoje. Acordar bem cedo, tomar café, ir lá embaixo comprar um formão (ferramenta), fazer copia de uma chave, comprar comida para calopsita. Lá embaixo porque minha rua é uma ladeira. Fui dormir e realmente acordei cedo, mesmo sendo um sábado, mas o tempo não estava para andar. Uma chuva fininha que parecia não acabar nunca, e aquele friozinho que, para um termômetro corporal adaptado ao sol do Rio de Janeiro, é quase uma geada.

Não sou muito de sair de casa, ainda mais com um tempo assim. Fui fazer o café resmungando, chateado por que não poderia fazer o que pretendia. De repente em minha cabeça latejou um frase: "Eu é quem sei os planos que tenho para você" (Jr 29:11). Soou como um daqueles socos no estômago. Tomei meu café tranquilo. Peguei minha Bíblia para meu devocional. Depois fui limpar a gaiola dos pássaros. A chuva deu uma diminuída. Tirei umas roupas do varal da área do meu apartamento. Um tempo depois a chuva cessa e o tempo deu uma esquentadinha. Não tinha sol, mas não estava frio. Sai para comprar as coisas que precisava.

Quando voltava para casa outro autor bíblico saltou em minha cabeça: "Você planejou tudo, parecia o dono do mundo. Não sabia nem se acordaria. Seu besta!" (Tg4:13,14). Esta foi a minha versão do texto. Mais ou menos isso que o Tiago escreve em sua carta, sobre a nossa soberba por acharmos que somos eternos e vivermos sem colocar Deus em nossos planejamentos. E é bem assim que somos. Raramente Deus entra em nossa agenda. Como diz o próprio Tiago, para qualquer planejamento nosso, deveríamos dizer: "Se o Senhor quiser..." (Tg 4:15). Seja sincero, você faz isso? Sempre?

Planejamos e não imaginamos que todo o planejamento pode servir para nada. Mas precisamos planejar, claro. Mas sempre colocar Deus nesse planejamento. O autor bíblico diz que "quem planeja com cuidado tem fartura" (Pv 21:5), mas Tiago diz que planejar sem o envolvimento de Deus é uma atitude maligna (Tg 4:17). É uma atitude orgulhosa, arrogante, pois, quem age assim, coloca o eu em alta evidencia e deixa Deus em segundo plano. Ou mesmo fora dele. Ele não é necessário.

No meu caso, voltei para casa e consegui realizar todas as coisas que tinha planejado. Creio que mais uma vez Deus me concedeu uma oportunidade de aprender quem sou eu, e quem ele é. Reconhecer o controle de Deus em tudo que acontece conosco, nossa limitação e dependência total dele, o deixa feliz e nos faz crescer. Quando achamos que somos "grandes", ele nos mostra que ainda estamos em construção. Segundo Paulo, "aquele que começou esse bom trabalho na vida de vocês, vai continua-lo até que ele esteja completo no Dia de Cristo Jesus" (Fl 1:6). Lembro-me de meu pai, que há algum tempo atrás disse que nós, seus filhos, ainda somos, para ele, aqueles meninos que viviam correndo pela casa e continua orando para nosso crescimento.

O autor bíblico avisou: "É crucial que prestemos muita atenção no que ouvimos, de modo que não nos desviemos" (Hb 2:1). Eu "ouvi" bem. Valeu Senhor, aprendi a lição.

7 de jul. de 2017

A lição do morceguinho.

Hoje por volta das 15hs, um funcionário da empresa me chamou para mostrar alguma coisa. Ao chegar, me mostrou um morceguinho que dormia tranquilamente pendurado numa fina folha de um coqueirinho no jardim da garagem, muito próximo ao local onde os funcionários passam. O vento batia levemente na folha e o bichinho balançava em seu sono profundo e despreocupado. Não resisti e bati uma foto (ao lado). Já viu que não sou bom fotografo, né?

Enquanto tentava editar a foto, lembrei-me de um texto bíblico em que Jesus fala sobre nossa ansiedade pelo dia a dia: "Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? (Mt 6:25,26).

Acho fantástico quando Deus aproveita uma simples coisa para nos ensinar um principio tão grande. Logo depois destas palavras Cristo diz que Deus, o Pai celeste, conhece todas as nossas necessidades, e dá o toque final: "Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mt 6:33).

Olha que delicia de oportunidade para aprender. Aquele morceguinho pendurado naquela folha, que parecia até com um casulo, sem cores vibrantes como outros pássaros que conhecemos, e que nem é um bicho tido como bonito, serve para que eu ouça Deus me falando: "Cara, eu tenho visto você, nestes últimos dias, tão desesperado. Não aprendeu ainda? Que mais eu preciso fazer?". E eu só pude dizer: "Senhor, eu sou apenas um menino imaturo. Perdoa-me mais uma vez. Estou no processo, ainda".

Ai fiquei pensando no que fazemos no dia a dia. Se você viaja de ônibus para um lugar distante, alguma vez já perguntou ao motorista se ele esta bem, se dormiu bem, se está descansado? Já pediu para ver a habilitação dele, para saber se ele tem autorização para dirigir aquele veiculo? Se viaja de avião, pediu para confirmar a ficha de abastecimento do avião para saber se o combustível é suficiente? Quanto tempo o piloto tem vôo? Sabe se ele não é um louco suicida? Claro que não. Você supõe que alguém já confirmou tudo isso, senta lá, dorme, e até ronca perturbando os outros, na certeza que vai tudo bem. 

Porque não conseguimos agir do mesmo modo com Deus, confiar despreocupadamente? Por mais experiências que tenhamos com ele, e eu tenho algumas de respostas dele, claras, ainda assim agimos de maneira diferente. Não temos paciência para esperar a hora dele. Queremos tomar as rédeas e fazer do nosso jeito, e perdemos o sono, calculando, planejando e resmungando.

Aí, quando já estamos quase achando que somos Deus, surge um bichinho cinza, feio, sonolento, pendurado de cabeça para baixo, numa tênue folha, e lhe dá uma oportunidade para aprender uma lição de vida, para descansar e esperar em Deus (Sl 37:7), pois ele está no controle de tudo.

Obrigado Senhor por aquele morceguinho, que para mim, agora, é um lindo bicho. Eu aprendi a lição do morceguinho.

2 de jun. de 2017

Deixe Barrabás na cruz.

Nem sempre é muito fácil fazer escolhas. As vezes é muito complicado optar por alguma coisa, pois as consequências podem ser duradouras, e o futuro a Deus pertence. Algumas escolhas podem ser difíceis por trazerem mudanças radicais em nossas vidas.

Mas uma coisa que todos os pais já fizeram foi escolher nomes para seus filhos. Essa é uma questão que pode até criar confusão. Se não houver um consenso sobre o nome a encrenca pode ser feia.

Na minha casa foi bem simples. Eu disse logo que se fosse mulher Ana poderia botar o nome que quisesse, mas se fosse homem seria David. Disso eu não abriria mão. Ela se deu bem, pois tivemos duas filhas, eu não pude ter o meu David. Não há possíveis formas de femininilizar este nome. Imagine, seria qualquer coisa mais estranha que o meu.

Maria e José não tiveram esta oportunidade com seu primogênito. O anjo do senhor avisou: "Você ficara gravida, dará à luz um filho e porá nele o nome de Jesus". Pronto. Agora ela teria que comunicar a José, seu noivo, que estava gravida, que não era dele e que nem o nome ele poderia escolher. Mas foi assim que aconteceu. E Jesus nasceu, cresceu e fez tudo o que estava nos planos de Deus, inclusive morrer por nós.

Mas na morte de Cristo, acontece algo bem significativo. O texto bíblico relata que "na Festa da Páscoa, Pilatos tinha o costume de soltar algum preso, a pedido do povo. Aí toda multidão começou a gritar: “Mata esse homem! Solta Barrabás para nós! Barrabás tinha sido preso por causa de uma revolta na cidade e por assassinato" (Lc 23:17-19). Pilatos interrogou Jesus e percebeu que ele nada tinha feito para merecer aquela morte, então tentou resolver seu problema de consciência passando a bola para o povo, achando que escolheriam Jesus para ser solto. Pobre Pilatos, não conhecia o coração dos homens.

Pilatos não poderia perceber que havia aqui muito mais que apenas dois condenados. Havia nesta situação duas realidades bem diferentes. De um lado, Cristo com sua mensagem renovadora e revolucionária. Mudança de atitudes. Amor ao próximo. Ele pregava uma revolução completa nos costumes daquela gente. De outro lado, Barrabás que representava o status quo. A bagunça continuaria. Não haveria mais ninguém pelas ruas da cidade dizendo que todos precisavam de uma mudança total em seus costumes, e nos relacionamentos.

A turma não queria isso. Eles queriam continuar como estavam. Barrabás poderia continuar, pois ele fazia parte de tudo isso. Ele representava aquele caos que era a vida de todos. Então, SOLTA BARRABÁS!

Desde então, milhares e milhares de vezes, Barrabás tem sido escolhido de novo. Em varias situações em nossa vida temos feito a mesma escolha daquela gente. Em vários momentos temos optado por coisas e situações que são totalmente contrarias ao que agrada a Deus.

Crucifique Barrabás em sua vida. Escolha Cristo, sempre.

6 de mai. de 2017

Sou da igreja

Sou membro de uma igreja bem grande. Lá existem alguns membros que fazem parte do famoso "mundo gospel" do país. Sempre que alguém me pergunta de qual igreja eu sou, quando dou resposta, normalmente ouço: "Ah, você é da igreja do fulano de tal?", eu respondo prontamente que não, que sou da igreja de Cristo. 

Esta virando moda estes famosos abrirem suas próprias igrejas e levarem um grande grupo de idólatras para lá. Quase sempre em bairros de clientes com grande poder econômico. E ai surgem os das igrejas de fulano e sicrano. Vivíamos criticando os católicos por idolatria, mas hoje temos mais idolatria em nosso meio do que lá. Um amigo me falou que é de uma igreja dessas e que é muito legal, porque não tem cobranças como as outras, não tem fofoqueiros de plantão, e que pode viver e fazer o que der na telha. Basta ir aos domingos e tá bom demais. Ah, e dar o dizimo, claro. 

Hoje as igrejas estão tão diversificadas que é possível encontrar a igreja que mais se adapta ao seu perfil. Talvez por esse motivo já existe o movimento dos desigrejados. Alguns estão tão desiludidos com as igrejas para todos os gostos que resolveram viver sem elas. Particularmente não gosto dessa ideia. Ainda sou daqueles que gostam da igreja. Mesmo, e apesar, dos problemas que rolam dentro dela, ainda gosto da convivência dos pecadores, como eu, que se reúnem em um ambiente que nos dá uma energia gostosa pela comunhão e expressões de amor que acontecem ali. 

Não sou cego e vejo coisas na igreja que me aborrecem, as vezes, mas não posso deixar que essas "coisas" me impeçam de receber as bênçãos do relacionamento com Deus e com outros irmãos. Seria burrice. Não posso entender uma parte que se diz do corpo viver longe do corpo. A nutrição não chegaria e fatalmente morreria. Por isso, frequento uma igreja e gosto muito disso, mas eu não sou da igreja tal, ou de fulano e sicrano. Sou de Jesus. Sou da igreja universal, do corpo de Cristo, espalhado sobre a terra para testemunhar do seu amor. 

Frequento uma igreja local que me agrada, pois segue uma doutrina bíblica correta, dentro do meu entender. Não estou lá só porque ela me agrada e diz tudo que acaricia meus ouvidos e meu ego, ou porque me dá status, mas porque, além de me agradar com suas doutrinas respaldadas na Palavra de Deus, me corrige, me confronta, me conforta e me ajuda a crescer. Estou lá porque encontro pessoas com o mesmo desejo que eu, servir a Cristo do jeito que ele quer, e que, apesar dos meus defeitos, me amparam, me confortam, me amam e contam com a minha reciprocidade. Não consigo pensar diferente.

O autor sagrado exorta na carta aos Hebreus para que "Consideremos-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar, como é costume de alguns..." (Hb 10:24,25). É na igreja de Jesus que encontro isso. Estimulo ao exercício do amor, e confesso que, as vezes, esse exercício é muito difícil, pois a vontade de apertar alguns pescoços é enorme. Mas é assim que o amor é exercitado de maneira mais eficiente. Sem esses a pratica do amor seria muito chata. Então, graças a Deus por esses irmãos, que eles continuem na igreja para nosso aprimoramento e, quem sabe, transformação deles. Provavelmente eles pensem o mesmo a meu respeito. 

Sim, sou da igreja. Da igreja de Jesus. E dela não quero sair nunca. Da igreja local, quem sabe? Essa é a quinta nos meus quase sessenta anos. Todas da mesma denominação. Mas, sempre por motivos de adequação ao meu cotidiano. 

Dizem que se conselho fosse bom, não seria gratuito, mas digo a você, não vá para a igreja por causa de um famoso qualquer, seja ele um cantor ou cantora, um pastor ou pastora, ou mesmo um famoso da mídia ou qualquer outra coisa. Vá para a igreja que o coloque de corpo e alma na igreja de Jesus. Vá por causa de Jesus, para não correr o riso de ouvir: "Em verdade vos digo que não vos conheço" (Mt 25:12). Não vale a pena correr este risco.

14 de abr. de 2017

De repente!

Estava vendo um filme sobre o tsunami na Tailândia, e fiquei pensando como somos pequenos e indefesos diante da criação. O filme falava de uma família que resolveu passar as ferias na região afetada por aquela tragédia. Estavam todos aproveitando de tudo que aquela região oferecia, e de repente, aquele aguaceiro todo que acaba com tantos futuros.

Nenhuma pessoa quando projeta um passeio em algum lugar lindo como aquele pode, sequer por um instante, imaginar que algo como aquilo pudesse acontecer. Creio que mesmo hoje, depois daquela tragédia, muitos ainda estão indo passear naquelas praias. Como imaginar uma tragédia tão grande num momento de felicidade? A vida nos faz recusar qualquer possibilidade de que, em algum momento, algo muito ruim nos aconteça.

Por mais que saibamos que o transito é muito violento, não saímos de casa imaginando que iremos bater e sofrer danos irreparáveis, ou mesmo morrer. Tenho visto pessoas que constroem suas casas em locais onde uma tragédia é quase real, mas constroem assim mesmo, até que algo ruim acontece, e parece que ficam espantadas sobre como aquilo aconteceu. Era mais que previsto.

Não temos o habito de avaliar algumas situações, por que elas nos assustam muito. Preferimos acreditar que nada de ruim ira acontecer. Preferimos correr riscos, na quase certeza de que nada irá acontecer. Chegamos mesmo a duvidar de que algo muito sinistro ocorra. Todas as pessoas que sofreram com a perda de bens materiais e vidas, no acidente da barragem de Mariana, estavam certas de que nunca aquilo ocorreria. Por mais que houvesse planos de escape, a quase certeza de não acontecer, prevalecia e todos viviam suas vidas normalmente.

Billy Graham em um dos seus livros diz que não nos preparamos para morrer, e quando morremos damos trabalho para os que ficaram. São raros os casos de pessoas, ou famílias que possuem testamentos prontos, planos funerais, jazigos familiares e essas coisas que a morte requer. E quando acontece, a correria na hora mais cruel para a família é grande. E, então, os aproveitadores da desgraça alheia, aparecem e sugam tudo que podem sem nenhum pudor.

Vendo o filme, fiquei pensando na volta de Jesus Cristo. Ninguém sabe quando será, nem mesmo o próprio Jesus: "Quanto ao dia e a hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai" (Mt 24:36). Só se sabe que será de repente, como um relâmpago: "porque assim como um relâmpago sai do Oriente e se mostra no Ocidente, assim será a vinda do Filho do Homem" (Mt 24:27). De repente. Será como a chegada de um ladrão, ninguém espera: "se o dono da casa soubesse a que hora da noite o ladrão viria, ele ficaria de guarda e não deixaria que a sua casa fosse arrombada" (Mt 24:43). De repente, quando menos se esperar, Jesus Cristo aparecerá e pegará muitos de surpresa, ou todos. Será como um grande tsunami descendo do céu.

"Portanto, vigiem, porque vocês não sabem em que dia virá o seu Senhor" (Mt 24:42), é o conselho de Jesus Cristo, que ainda diz que neste dia, dois estarão andando juntos e de repente, puf, um será levado e o outro ficará (Mt 24:40,41). Imagine a cena: você tomando um café com um amigo e, de repente, puf, você estará sozinho; ou, você dentro da igreja com um monte gente ao seu redor e, de repente, puf, você estará quase que só, ficarão alguns com você; ou, você em sua casa almoçando com sua família e, de repente, puf, você estará completamente só. Será dolorido.

Talvez você esteja achando tudo isso uma grande besteira. Cristo nos lembra dos dias de Noé, quando este anunciou o dilúvio. Ninguém levou o cara a sério, e continuaram suas vidas normalmente, até que o dilúvio veio e levou a todos (Mt 24:37-39). E ele alerta que, por causa da imprevisibilidade deste acontecimento, todos devemos estar preparados (Mt 24:44).

Ninguém esperava o tsunami no Oceano Indico, em 2004. E, de repente, foram mais de 230.000 mortes na Indonésia, Sri Lanka, Índia, Tailândia e Maldivas. Na cidade de Mariana, todos levavam a vida tranquilamente. Estudavam, passeavam, frequentavam suas igrejas, até que, de repente, chegou aquela enxurrada de lama e de minérios, que arrasou cidades e vidas, viajou por volta de 600km, poluindo as águas dos rios, até chegar ao mar, e poluí-lo também.

Não vale a pena correr o risco. Tome logo sua decisão por Cristo, ou, de repente, pode ser tarde para você.

17 de mar. de 2017

Abstinência

Não sou um viciado inveterado de celular, mas hoje percebi nitidamente que esse pequeno aparelho já ocupa uma boa parte de mim. Sou um usuário moderado, e preciso me manter assim. Preciso continuar sendo usuário e não usado. Passei o dia todo sem meu celular, e confesso que senti falta dele. Foi uma falta pouco sofrida, não muito. Estou fora do Rio e deixei meu celular em casa, assim não tenho como falar e nem acompanhar o bate papo do grupo da família no whatsapp. Confesso, senti falta.

Vejo pessoas que dizem quase morrer sem seus smartphones. Para algumas pessoas parece não haver vida além do celular. O mundo não é mais o mesmo sem o celular. Incrível como um objeto, feito para nos servir, nos torna tão dependente dele. Já são casos para pesquisa psicológica em busca de tratamento para esse vicio. Causam acidentes a todo instante.

Essa minha crise de abstinência me fez pensar: Por que não temos a mesma crise pela falta das coisas de Deus? Nunca vi alguém reclamando que se passar um dia sem orar fica doente, ou o mundo parece acabar. Nunca vi alguém reclamar que não consegue viver se não ler a Bíblia pelo menos uma vez ao dia. Nunca vi alguém sofrer uma crise de abstinência por falta dessas coisas. Todos parecem viver muito bem sem elas no dia a dia. Parece que não fazem falta alguma, quando na verdade deveriam ser essenciais, imprescindíveis mesmo, para a vida de todo cristão.

Talvez o salmista tenha sentido essa crise de abstinência de Deus quando disse: "Como a corsa anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo" (Sl 42:1,2). Um salmo que parece um lamento causado por uma necessidade imensa da presença intensa de Deus. O salmista chega a dizer que sua alma "está profundamente triste" (v. 6), e sabe que só a intimidade com Deus pode mudar esse quadro. Como seria bom se nos sentíssemos assim também ao ficar pelo menos um dia sem uma atitude de busca pela presença de Deus.

Dizem que a corsa sente o cheiro de um lençol de água a alguns metros de profundidade e que, quando avista um local com água e sua sede é muito intensa, ela corre desesperadamente e solta berros como se fossem expressão de alegria, e joga-se dentro da agua, até porque, segundo alguns, quando ela está com sede seu corpo exala um cheiro forte e ela se torna um alvo fácil para seus predadores. Também nós, quando estamos com sede de Deus, e não matamos nossa sede, nos tornamos alvos bem fáceis para nosso inimigo.

O Salmo 119 é, para mim, um hino de exaltação a Palavra de Deus. O salmista chega a dizer: "Como amo a tua lei! Medito nela o dia inteiro. Como são doces para o meu paladar as tuas palavras! Mais que o mel para minha boca! (vs. 97, 103). Esse tem que ser o nosso entendimento. A Palavra de Deus é o melhor alimento para nossa vida, por isso o meditar nesta palavra tem que ter prioridade em nossa vida, porque é por ela que caminharemos sem tropeções pois, "é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho" (v. 105).

A constante e atenta meditação da Palavra de Deus nos livrará de sérios transtornos e erros na vida. Quando os saduceus tentaram uma pegadinha com Jesus a respeito da ressurreição, a resposta que tiveram foi: "Vocês estão enganados!, pois não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus" (Mc12:24). Não conhecer a Palavra de Deus certamente nos levará a erros e ao não conhecimento do seu poder. Só a Bíblia pode saciar nossa sede de Deus.

Outra maneira para nos saciarmos de Deus é oferecida por Paulo: "Orai sem cessar" (1 Ts 5:17). Não são muitos os que podem dizer que não vivem sem oração, infelizmente. A oração deveria fazer parte da nossa vida como faz a respiração. É com ela que nos colocamos diante de Deus em posição de necessitados da sua presença, de pequenos como somos e dependentes dele para todas as coisas. Mas, muitas vezes achamos que somos suficientes e não necessitamos da ajuda dele para algumas coisas, ou pensamos que não precisamos incomodá-lo com pequenas coisas. A falta de oração nos torna frios, e a volta a uma vida de oração não é simples. Só a graça de Deus, seu grande amor, e sua tremenda paciência conosco, para nos fazer voltar.

Eu ficarei ainda mais dois dias sem meu celular, pois estou viajando, estou longe de casa e ainda sofrerei com a falta de contato. Mesmo que ficasse muitos dias, ainda assim, tenho certeza absoluta que não seria o fim. Mas ficar muito tempo sem a presença, sem contato com Deus, pode significar a morte para mim. Luto contra minha má vontade, que tenta colocar outras prioridades no meu caminho, para me afastar da busca diária por Deus. Como Paulo, "Esmurro meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo ser desqualificado" (1 Co 9:27).

Sei que Deus conhece nossa dificuldade para sermos constantes, pois ele falou sobre o povo escolhido: "Quem dera eles tivessem sempre no coração esta disposição para temer-me e para obedecer a todos os meus mandamentos. Assim tudo iria bem com eles e seus descendentes para sempre" (Dt 5:29). Ele conhece bem suas criaturas. Mas fico muito animado quando vejo o que acontece com os que conseguem: "O Senhor falava com Moisés face a face, como quem fala com seu amigo" (Ex 33:11), e " Moisés não sabia que o seu rosto resplandecia por ter conversado com o Senhor" (Ex 34:29). Imagina! Consegue imaginar isso acontecendo com você?

Estou sem meu celular, pois o deixei em minha casa e não tenho como acessá-lo. Por isso só vou parar de sentir essa falta daqui a dois dias. Mas Deus está disponível sempre que precisarmos: "Vocês me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo coração. Eu me deixarei ser encontrado por vocês, declara o Senhor" (Jr 29: 13:14).

Abstinência é o ato de se privar de algo, em geral fazendo com que o indivíduo cesse um determinado comportamento. Não quero me privar de Deus, por que meu comportamento, consequentemente, irá mudar para pior. Então, abstinência de Deus, nunca mais!

11 de fev. de 2017

Natural

Natural, segundo os dicionários, “é aquilo que segue a ordem regular das coisas; que é conforme a natureza”. Sendo assim, sou levado a crer que natural é:
  • encontrar deliciosas mangas em uma mangueira;
  • encontrar bananas na bananeira;
  • ver o majestoso leão e a serena leoa ter filhotes, que são leõezinhos;
  • o sol raiar pela manhã e sumir por detrás das montanhas ao entardecer, para dar lugar a noite;
  • um homem, da espécie masculina, e uma mulher, da espécie feminina, namorar, casar e ter filhos.

Estas coisas são naturais, pois seguem a ordem regular das coisas; são conforme a natureza.

Ontem por uns dez minutos eu fiquei observando uma cena e tentando encontrar naturalidade nela. Duas meninas com idade entre 14 e, no máximo, 17 anos, em um lugar público, com um movimento considerável de pessoas para lá e para cá, namoravam como se fosse a coisa mais natural do mundo. Carinhos e longos beijos na boca, no rosto, afagos e tudo mais que um casal de namorados, macho e fêmea, normalmente faria. Será que seus pais sabem? Talvez sim.

Perdoem-me os que acham isso natural, mas eu não vi nada de natural naquilo. Talvez minha inteligência seja lesada demais para alcançar tal conceito. Peço aos que defendem os direitos dos que praticam esse modelo, que me permitam exercer meu direito de pensar contrario. Perdoem a minha incapacidade de ver naturalidade em um comportamento que no meu entendimento, não está em conformidade com a ordem natural das coisas.

Onde está “O côncavo e o convexo” cantado nos versos de Roberto Carlos:
“Como manda a receita
Nossas curvas se acham
Nossas formas se encaixam
Na medida perfeita.
            (...)
Cada parte de nós
Tem a forma ideal
Quando juntas estão,
Coincidência total
Do côncavo e convexo
Assim é nosso amor,”

Ele é o “cara”, não é? Então sabe bem disso. Isto é natural, o encaixe perfeito do côncavo e o convexo. A formação perfeita com todos os encaixes “originais de fabrica”. Sem nenhuma “carenagem” adaptada ao modelo original.

Antes de qualquer coisa, sou totalmente contrário a todo e qualquer tipo de violência com quem expressa sua forma de pensar nas ruas. Até porque, se formos agir com violência contra todos aqueles que agem de maneira que não concordamos o mundo se tornaria um verdadeiro caos. Imagine seu eu saísse por ai chutando aqueles que fumam e jogam sua fumaça no ar que eu respiro; se fossemos atacar violentamente aqueles que andam por ai roubando, matando, estuprando, mentindo, entre outras coisas que fogem completamente do natural. Não pode ser assim.

Como cristão, sou obrigado a entender e ver com muito amor e compaixão o que está acontecendo. Olhando para a Bíblia vejo que esse comportamento não é uma novidade de nossos dias. Paulo em sua carta aos cristãos de Roma disse que “até as mulheres trocam as relações naturais pelas que são contra a natureza. E também os homens deixam as relações naturais com as mulheres e se queimam de paixão uns pelos outros...” (Rm 1:26, 27). Então essa pratica é bem antiga, mas isso não a torna natural.

A Bíblia ensina que o Diabo perverte as coisas de Deus. Posso quase ver a astuta serpente maliciosa, se esgueirando por ai soprando com sua voz sibilosa, como aquela do desenho Mogli, nos ouvidos incautos: “Que nada. Não liga para Ele não. Vamossss bagunçar esssse mundinho ssssem graça, todo arrumadinho, ssssem charme e monótono que Ele criou. Vamossss virar esssse mundo de cabeça para baixo. Vamossss tocar o terror. SSSSem essssa de ordem natural dasss coissssasss”.

Eva ouviu, e pagamos o preço. Aliás, Jesus Cristo pagou o preço.

A partir do momento que Eva deu ouvidos a serpente, abriu-se um caminho para que algumas coisas se tornassem “naturais” pela sua frequência.

Então, hoje, “se tornou natural”:
  • Passar com um carro ou uma moto num lugar onde há um grupo de pessoas e sair atirando, matando pessoas, incendiando ônibus, só para “tocar terror”, em represália a alguma ação da policia;
  • A policia entrar nas comunidades atirando para todos os lados, matando alguns inocentes;
  • Os politiqueiros do nosso país se corromperem, descaradamente, ao primeiro sinal de propina para detonar o dinheiro público, que deveria vir para a saúde, educação, saneamento básico e pagar os salários dos funcionários públicos, entre outras coisas; e muitos ainda concordam quando dizem: “se roubassem mas fizessem alguma coisa”
  • Ver um grupo enorme de pessoas se matando pelas calçadas da cidade com o crack e o poder público incompetente para cuidar desse problema;
  • Pais abusarem sexualmente de suas filhas;
  • Ver os “donos” de igrejas se entupirem de dinheiro à custa da boa fé das pessoas;
  • Homem com homem, mulher com mulher;
  • Muita comida sendo jogada fora nas casas, nos restaurantes, nos mercados, enquanto na rua ao lado tem gente passando fome;
  • O desmatamento ganancioso e irresponsável que destrói o nosso ecossistema, ou a caça predatória que extingue nossos animais.

Hoje temos que nos equilibrar numa corda bamba entre o que “é natural” e o que “se tornou natural”. Por vezes é quase impossível resistir ao que “se tornou natural”, tamanha é a pressão que sofremos de todos os lados. Mas vale lembrar a palavra de Cristo aos seus discípulos: “Gente má e sem fé! Até quando ficarei com vocês? Até quando terei que aguentá-los?” (Mt 17:17).

Mesmo não concordando com os que praticam a forma que “se tornou natural”, ainda assim devo amá-los muito. Não concordo com suas práticas, mas amo-os da mesma forma que Cristo me ama, pois Ele também os ama com a mesma intensidade que me ama. E, afinal, como escreveu Philip Yancey, “a única esperança para qualquer um de nós, independentemente de nossos pecados particulares, reside na inabalável confiança num Deus que inexplicavelmente ama pecadores, inclusive aqueles que pecam de maneiras diferentes das nossas”.

4 de jan. de 2017

Promessas

No dia 31 de janeiro de 2017 completarei 30 anos de casado com Ana. Posso dizer que com certeza temos um casamento feliz. Nestes tantos anos muitas coisas aconteceram. Não foram anos de tranquilidade sempre. Como em todo bom relacionamento, vários foram os instantes de desencontros. Mas, de alguma maneira, passamos por todos eles e saímos fortalecidos. Quando penso em tudo isso, recordo-me daquele 31 de janeiro 1987, quando prometemos um para o outro que nos amaríamos na tristeza e na alegria, na doença e na saúde, enfim, em todas e quaisquer circunstancias que surgissem.

No decorrer deste ano, 2016, isto ficou bem claro para mim. Em junho passei por uma cirurgia para retirada de um tumor maligno na parótida. Dai vieram 33 aplicações de radioterapia. Todo os dias as 22:30 tínhamos que ir para Botafogo. Alguns dias saiamos de lá quase meia noite. Em todos esses processos Ana esteve comigo lado a lado. Alguns dias percebia que ela estava cansada, pois além disso, tinha que trabalhar e ainda estava envolvida em algumas atividades na igreja. Não seria Ana se não fosse assim. Ela é intensa em tudo que faz, e quase sempre esta fazendo muitas coisas.

As vezes, penso que não fiz nada que merecesse essa mulher que Deus me deu. Nesses momentos, ele me diz que sorte a minha que não é por merecimento. Que bom, pois, senão, eu estaria perdido. 

Mas, tudo isso foi dito por um motivo. Estamos no inicio do ano. E como sempre, nestes dias somos levados pela pressão coletiva a fazer uma serie de promessas para o ano novo. Nos nossos cultos de virada de ano, normalmente fazemos um quantidade de promessas diante de Deus que quase sabemos que não vamos cumpri-las. O sábio autor do livro de Eclesiastes alerta: "Quando você fizer uma promessa a Deus, cumpra logo essa promessa. Ele não gosta de tolos; portanto, faça o que prometeu. É melhor não prometer nada do que fazer uma promessa e não cumprir" (Ec 5:5).

Então, neste novo ano que se inicia, cuidado com as suas promessas, principalmente se feitas diante de Deus. Pense bem antes de fazê-las. E, se você é casado, e se casou diante de Deus, lembre-se das suas promessas no altar. Reflita bem e veja se você esta sendo fiel cumpridor delas. Para Deus, o casamento continua sendo eterno.

Minha oração é que, neste ano, você seja um "pagador de promessas". Para que o seu novo ano seja inesquecível. E que o seu casamento dure até que a morte os separem, e que sejam felizes, sempre.