Que bom que você veio!!


Que bom que você veio!!
Quero escrever textos que nos ajudem a entender um pouco mais daquilo que Deus tem para nós, para falarmos uma mesma linguagem. Não tenho o objetivo de ser profundo, nem teológico, nem filosófico, nada disso. Quero dizer coisas simples que pululam em minha mente, sempre atento para não contradizer em nada a minha fé, ou o que creio ser a vontade de Deus.
No mês de Agosto/12 há um texto que explica o significado e o porquê do nome Xibolete.

4 de dez. de 2015

Sem desculpas.

Na tragédia da barragem de Mariana/MG muitas coisas deverão aparecer com o andar da investigações, ou serem escondidas, mas uma coisa é certa: a responsabilidade da empresa e também dos órgãos públicos que autorizam essas empresas. Como sempre acontece numa hora dessas, as informações afirmam que elas são fiscalizadas periodicamente. Mas quem acredita nas fiscalizações do Brasil, deve acreditar em Papai Noel também.

Uma moradora ao ser entrevistada disse que receberam um alerta, mas não acreditaram. Agora choravam a perda de algumas vidas, e muitos bens materiais. Porque não acreditaram? Porque pagaram, e caro, para ver? Creio que a credibilidade da palavra do homem não é mais a mesma. Uma mostra bem clara disso é que não podemos acreditar em tudo que ouvimos dos nossos políticos.

Mas a falta de credibilidade já contaminou todas as áreas. Alguns lideres religiosos que deveriam ser os exemplos, infelizmente, são, algumas vezes, piores. Por culpa destes a pregação do evangelho, das boas novas de salvação, tem tido prejuízo sensível. Eles envergonham o evangelho de Deus, e atrapalham a evangelização dos povos.

Mas não podemos pensar que por isso não devemos cumprir essa ordem de Deus. Spurgeon disse que "somos constrangidos a pregar o evangelho, mesmo que nenhuma alma jamais seja convertida por ele; pois o grande propósito do evangelho é a gloria de Deus, visto que Deus é glorificado mesmo naqueles que rejeitam o evangelho".

O evangelho deve ser anunciado "a tempo e fora de tempo" (2Tm 4:2). Ainda que muitos não queiram ouvir, ele deve ser anunciado. A grande diferença é feita por quem é o anunciador. Deus diz a Ezequiel: "tu lhes dirás as minhas palavras", e avisa que o povo era rebelde, mas, ouvissem ou não, uma coisa eles saberiam: "que esteve no meio deles um profeta" (Ez 2:5,7). Haveria credibilidade nas palavras do profeta.

A ordem deixada por Cristo é: "fazei discípulos de todas as nações" (Mt 28:19) e ensina como: "ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado" (Mt 28:20). Talvez o que falte sejam pessoas que pratiquem o que Cristo mandou e, por isso, não podem ensinar. Ezequiel deixa muito claro as consequências da obediência ou desobediência desta ordem. Se não obedecermos, o sangue dos que morrerem e não ouvirem de Cristo, que são do nosso relacionamento, será cobrado de nós (Ez 3:18,20). A responsabilidade é grande.

Não temos nenhuma garantia de que aqueles que ouvirem obedecerão, mas ainda assim devemos testemunhar. Para os que não derem credito à nossa pregação, Deus diz: "se avisares o perverso, e ele não se converter da sua maldade e do seu caminho perverso, ele morrerá na sua iniquidade". Mas, para aqueles que testemunharem, apesar da descrença, a palavra é essa: "mas tu salvaste a tua alma" (Ez 3:19)

Para o povo envolvido na tragédia da barragem, que ouviu o anuncio para fugir, e fugiu, fica o alivio de contar perdas materiais apenas. Para os que foram avisados e não acreditaram, o prejuízo é muito maior. Estou partindo do pressuposto que ouve um aviso, como foi dito por uma moradora da região e um funcionário da empresa ao serem entrevistados.

Muitos estão ouvindo o evangelho ser pregado e não estão dando nenhum valor a ele. Acham tudo uma grande fantasia, consequência de fanatismo, falta de inteligência, ou seja o que for. Talvez até mesmo por falta de credibilidade dos que estão pregando. Mas, um dia a grande catástrofe da vida chegará. E quando estivermos diante do Grande Juiz, nenhuma desculpa irá facilitar nossa vida.

"Senhor, bem que nos avisaram, mas não acreditamos", não será uma boa desculpa. Mateus registra a resposta de Deus aos que não deram credito a pregação das boas novas: "Apartai-vos de mim malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos" (Mt 25:41). Mas aos que ouviram o seu chamado ele dirá: "Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo" (Mt 25:34).

Em qual dos grupos você estará? No grupo daqueles que estarão salvos, pois ouviram e creram nas boas novas de salvação, ou no grupo daqueles que serão derrotados pela lama? Se você está vivo, que bom, ainda da para fazer a escolha.

7 de nov. de 2015

Eternamente hoje.

No dia das crianças, vi duas matérias na TV dedicadas a garotada. Numa delas o repórter deveria perguntar as crianças se elas se preocupavam com o futuro. Dos vários entrevistados apenas um disse que, por causa da alta do dólar e da inflação, estava preocupado. Todos os outros disseram que só pensavam no presente. Nenhuma delas queria saber do que pode ou não vir.

Estas crianças estão muito certas. A nossa ansiedade por esta coisa chamada futuro nos faz viver dias de muitas loucuras. Vivemos preocupados com  amanhã que nos assusta, que nos aterroriza pelo medo de como será. Eu penso que o futuro é apenas uma ilusão criada, com boas intenções, que no fim nos maltrata muito. O futuro não existe. Apenas o hoje existe.

Sei que muitos vão querer me excomungar, por que afinal de contas, vão dizer, foi Deus quem inventou o futuro. Na criação Deus separou a luz das trevas, e o texto diz que "Deus chamou à luz dia e às trevas, noite" (Gn 1:5). Mas quem disse que isso deveria durar 24 horas e significar que era um dia? Se formos pensar assim, teríamos que mudar a manhã e a tarde, pois na sequencia o texto diz que "Houve tarde e manhã" (Gn 1:5,8,13,19,23,31), então, vivemos a sequencia errada. A certa seria noite, tarde e manhã.

"Os babilônios, povo que viveu entre 1950 a.C. e 539 a. C., na Mesopotâmia foram os primeiros a marcar a passagem do tempo" informa o site "mundoestranho.abril.com.br". O mesmo site diz que "O relógio mecânico só surgiu no século 14 e atrasava 15 minutos por dia - um dia a cada três meses!" Depois alguns ajustes chegamos ao sistema que hoje vivemos. Mas Deus não segue este nosso tempo. Ele é atemporal. Pedro nos ensina isso quando avisa para não nos esquecermos de uma coisa: "para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos como um dia" (II Pe 3:8).

Vivemos no hoje eterno. Para alguns o hoje dura muitos sóis e muitas luas, para outros, nem tanto. Amanhã é apenas uma utopia criada para nos mover em função de alguma coisa. Mas ele nunca chega. Ninguém nasceu amanhã. Ninguém casou amanhã. Ninguém morreu amanhã. Mas você pode argumentar que amanha você irá se casar, seu filho irá nascer. Esta é apenas uma pretensão vangloriosa, segundo Tiago: "Ouçam agora vocês que dizem: 'hoje ou amanha, iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro'. Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanha! O que é a sua vida?" (Tg 4:13,14).

O amanha que você tanto espera, pode não chegar. E, se chegar, deixará de se chamar amanhã, será chamado de "hoje". Então, o amanha não existe. Ele é apenas uma unidade de tempo inventada para fazer você sonhar, ou se desesperar.

O dicionarioinformal.com.br trás o texto de François Camargo que diz: "Não se deixe enganar pelo tempo. Ele é ardiloso, te conduz sem que percebas. Num momento um sorriso infantil. Noutro as rugas da preocupação." Aí volto para as crianças entrevistadas que não queriam saber do futuro, só lhe importavam viver o hoje. Elas estão certíssimas. Hoje é o tempo de fazer. Hoje é o tempo a ser aproveitado. Uma mulher vitima de câncer, disse numa reportagem que "O importante é acrescentar vida aos nossos dias, e não dias à nossa vida". Ela está vivendo a fase das crianças.

Quando os discípulos questionaram Jesus sobre quem seria o maior no reino dos céus, Cristo chama uma criança e faz uma advertência: "Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como uma criança, jamais entrarão no Reino dos céus" (Mt 18:2). Porque crescemos e ficamos assim, tão esquisitos? O que fizemos de nós?

Aí volto para a outra reportagem. Duas crianças deveriam entrevistar outras que praticavam esportes. Encontram um pequeno que lutava judô e perguntam se ele gostava, a resposta é afirmativa. Então a segundo pergunta: "O que você gosta mais de fazer na sua vida?" Apenas preocupado em viver seu hoje, aquele garoto responde de imediato: "Gosto das ferias". A honestidade, a simplicidade, a despreocupação com "o que vão pensar de mim", faz das crianças o mais belo exemplo para quem quer "entrar no Reino dos céus".

Outro menino, um pouco mais velho, filho de uma amiga, perguntou à mãe se jogador de futebol ganhava muito dinheiro. A mãe respondeu que sim. O garoto insistiu e quis saber se mesmo os que ficavam na reserva ganhavam muito. A resposta da mãe foi afirmativa. Então ele pensou e disse: "Mãe quero ser jogador de futebol. Mas quero ser da reserva." Mal saiu da infância seu pensamento já era de "se dar bem". Ganhar muito, mas jogar pouco.

Por que somos assim? Por que mudamos tanto? Talvez seja a imensa preocupação com o nosso amanhã, que nunca chegará na verdade, pois apenas o hoje é uma realidade. O passado não passa de meras lembranças, que podem desaparecer à medida que os "hoje" se multiplicam.

No grande sermão Jesus afirma que a vida vale muito mais do que comida, bebida e vestimenta, as preocupações do dia a dia, e diz que o Pai sabe de todas as nossas necessidades e ensina: "Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas" (Mt 6:33). E ao final ele diz: "Basta a cada dia o seu mal" (Mt 6:34).

O autor da carta aos hebreus ensina: "exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje" (Hb 3:13). Portanto, viva o seu hoje como ele deve ser vivido. Intensamente, mas na perspectiva divina. Do jeito que Deus quer. O ontem é só uma simples lembrança que pode lhe dar algumas boas dicas. O amanha? Esquece. Pense nele apenas para não perder as esperanças. Mas viva o seu hoje intensamente, e eternamente.

3 de out. de 2015

Água Verdadeira.


Vi numa reportagem hoje, sobre o rio Tietê, como conseguimos acabar com uma criação divina. O Rio nasce em Salesópolis, na Serra do Mar, a 1120 metros de altitude, e desce cruzando todo o Estado de São Paulo. É um rio de extrema importância para milhões de pessoas, que são beneficiadas por suas águas.

Até 1960, aproximadamente, ainda era um rio limpo e tinha peixes no trecho que corta a capital. Em anos anteriores a este, haviam varias disputas de esportes náuticos no rio, e alguns clubes de regata e natação foram criados às suas margens. Mas, a partir de 1960, com o aumento da população desordenada e o crescimento industrial, iniciou-se o processo de degradação do rio. A falta de vontade política e de consciência ambiental da população foi acabando cada vez mais com a qualidade das águas do rio.

Hoje, com o projeto Tietê Vivo, muita coisa já mudou e a poluição tem diminuído, mas ainda tem muita coisa para ser mudado. Muito ainda terá que ser feito, e muito dinheiro ainda será gasto para tornar o rio em "águas verdadeiras”, que é o significado que vem da junção de “ti” (água) e “eté” (verdadeira) do tupi. Assim como faz com a natureza, o homem faz com ele mesmo. 

Quando nascemos parecemos uns anjinhos, de tão inocentes que somos, mas aos poucos vamos nos poluindo com tantas coisas horríveis, que alguns quase podem ser comparados com animais irracionais, quando já adultos. É incrível a capacidade que temos de destruir tudo que Deus criou com tanto carinho e perfeição. O salmista há muito tempo atrás escreveu que "os tolos", por não crerem na existência de Deus "corromperam-se e cometeram atos detestáveis; não há ninguém que faça o bem. Todos se desviaram, igualmente se corromperam; não há ninguém que faça o bem, não há um sequer" (Sl 14:1-3).

Na carta aos romanos Paulo fala da depravação do ser humano e diz que "tais homens são, por isso, indesculpáveis" (Rm 1:20), pois "dizendo-se sábios, trocaram a gloria do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e repteis" (Rm 1:22,23). Os homens optaram adorar à imagem deles mesmos, e se rebaixaram tanto que adoraram imagens dos animais irracionais, menores que eles na obra da criação.

Ainda hoje isso é uma realidade. Desde pequenos vamos sendo bombardeados por palavras, gestos, ensinamentos totalmente estranhos a Palavra de Deus. A poluição da nossa alma vai aos poucos se agravando, e se não houver uma intervenção no meio do caminho, chegaremos ao final tão imundos quanto um rio extremamente poluído.

O site www.fiquemsabendo.com.br, publicou a seguinte reportagem em julho de 2015: "Gasto anual para despoluir o rio Tietê bate recorde e chega a R$ 495 mi". Esta é a terceira etapa do projeto, e ainda falta muito para tornar que as águas do rio voltem a ser águas verdadeiras.

A solução para o homem é bem menos complicada. João nos garante que "Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3:16). O próprio Jesus Cristo afirmou: "e o que vem a mim, de modo nenhuma lançarei fora" (Jo 6:37). Isaías registra a promessa de Deus que diz: "Embora os seus pecados sejam vermelhos como escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; embora sejam rubros como a púrpura, como a lã se tornarão" (Is 1:18).

Para despoluir o Tietê ainda serão investidos muito milhões de reais, mas despoluir o coração do homem, segundo Pedro, "não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro" ... "mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem macula, o sangue de Cristo" (1Pe 1:18,19).

No seu encontro com a mulher samaritana Jesus diz que lhe daria a água viva, muito melhor que a água que ela tiraria do poço: "quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrario, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna" (Jo 4:13,14).

Jesus é a água da vida, a água verdadeira. Beba o quanto quiser. Mate sua sede.

11 de set. de 2015

Perfume nas mãos.


Sempre aprendi que a oração de intercessão faz muito bem para quem a faz, pois é um momento em que você se esquece de você mesmo e foca o outro. É um momento de desprendimento do ego, em prol de outro. Assim é a generosidade. E a generosidade agrada muito a Deus. O generoso sempre é abençoado como nos afirma o sábio Salomão: "Há quem dê generosamente, e vê aumentar suas riquezas; outros retêm o que deveriam dar, e caem na pobreza" (Pv 11:24).

Generosidade é a virtude que a pessoa tem quando dá algo ao próximo, mesmo que ela tenha, ou não, o suficiente para dividir, e não se limita apenas aos bens materiais.

Jesus foi o maior exemplo de generosidade que conhecemos. Ele foi ao auge da generosidade quando se entregou por nós como afirma Paulo: "Em obediência à vontade do nosso Deus e Pai, Cristo se entregou para ser morto a fim de tirar os nossos pecados e assim nos livrar deste mundo mau" (Gl 1:4). Generoso ao extremo.

Quando Jesus fala sobre o juízo final, conta uma história bem interessante: "Então o rei dirá aos que estiverem à sua direita: 'Venham, vocês que são abençoados pelo meu Pai! Venha e recebam o Reino que meu Pai preparou para vocês desde a criação do mundo. Pois eu estava com fome, e vocês me deram comida; estava com sede, e me deram água. Era estrangeiro, e me receberam em sua casa. Estava sem roupa, e me vestiram; estava doente, e cuidaram de mim. Estava na cadeia, e foram me visitar'. Então os bons perguntarão: "Senhor, quando foi que o vimos com fome e lhe demos comida ou com sede e lhe demos água? Quando foi que vimos o senhor como estrangeiro e o recebemos na nossa casa ou sem roupa e o vestimos?'. Aí o Rei responderá: "Eu afirmo a vocês que isso é verdade: quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que fizeram" (Mt 25:34 a 40).

A generosidade é uma virtude que está em extinção. Virtude não é apenas uma característica ou aptidão para realizar uma boa ação. Aristóteles disse que a virtude é uma disposição de fazer o bem, e que ela se aperfeiçoa com o hábito.

A virtude é uma inclinação do homem. Um amigo me disse que nunca esqueceu a frase de uma música que as lavadeiras cantavam quando ele era criança no interior de Minas Gerais, que dizia assim: "Fica sempre um pouco de perfume nas mãos de quem dá uma rosa". Esta frase, que é um provérbio chinês, norteou a vida dele com relação a generosidade. Ele sente prazer em poder ajudar a alguém.

De acordo com a história de Cristo, quando fala do juízo final, um dia todos nós estaremos diante do juiz para prestarmos contas a ele. Quando chegar este dia, haverá perfume em suas mãos?

7 de ago. de 2015

Gansos na igreja.

"Caiam os muros, tirem as pedras.
Nossa unidade não é real.
Se a verdade é o que pregamos,
Porque erramos não sendo um?"

Este é o refrão da musica "Muros" da banda cristã Oficina G3, que eu gosto muito. Ouvindo esta música, principalmente esta parte, meu pensamento foi parar nas igrejas. Fico espantado com a rivalidade que vejo entre estas que deveriam pregar a união e a paz. É algo que esquenta minha cabeça. Há uma competição velada, ou mesmo escancarada, que me incomoda.

Durante uma competição internacional no Rio de Janeiro, participei de um grupo que tinha como alvo realizar alguns eventos com o objetivo de reunir pessoas e evangelizar. O líder do grupo convidou o pastor de jovens de uma igreja para participar e trazer seus jovens, e recebeu a seguinte resposta: "Só participo e levo meus jovens se a igreja tal não participar". E olha que eram igrejas de uma mesma denominação.

Pastores que querem ter o seu rebanho maior que o do outro apenas para massagear seu ego, como se igreja cheia fosse sinal de benção total. Ou quem sabe para dizer que ele é o cara, e não Deus. Igrejas cheias, se não for realmente ação de Deus, vira apenas mais um "point" de fim de semana.

Vejo igrejas que se plantam uma ao lado da outra, ou na frente da outra. Existem ruas pequenas que estão abarrotadas de igrejas, e os vizinhos com a paciência esgotada de tanto tumulto que elas criam. Há uma competição assustadora em busca de almas, mas quase sempre pela "alma financeira" das pessoas. Algumas funcionam 24 horas por dia, pois as metas financeiras precisam ser alcançadas. Algumas criam os mais loucos programas para atrair mais e mais pessoas para seus arraiais, não importando com o que pode parecer.

Trabalho como capelão numa empresa e realizamos cultos em suas dependências. Um jovem que participava dos cultos numa determinada base sumiu sem dizer nada. Nem mesmo falava comigo. Me evitava. Soube, mais tarde, que ele relatou ao seu pastor que estava cultuando na empresa, e o pastor, quando soube qual era minha denominação, simplesmente o proibiu. Por que? É uma resposta que não tive, nem consegui pensar em alguma.

Numa viagem missionária na cidade de Cerejeiras, em Rondônia, uma senhora que foi abordada por mim e por outra pessoa que estava comigo, quando soube quem éramos e o que fazíamos nos escorraçou do seu portão, pois segundo ela, éramos do Diabo. Só a igreja dela não era. As outras todas eram, segundo ela.

É assim que vivemos como igrejas, cada uma no seu quadrado.

Jesus orou assim: "Para que TODOS SEJAM UM, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também ELES SEJAM UM em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que SEJAM UM, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que ELES SEJAM PERFEITOS EM UNIDADE, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim" (Jo 17: 20-23). Os grifos são meus.

Qual será a parte do "para que todos sejam um" que ainda não entendemos. Nos esquecemos que enquanto competimos para descobrir qual a melhor igreja, ou comunidade cristã, ou denominação, chame como você quiser, o mundo só piora. Jesus deixou muito claro que o mundo o conheceria quando fossemos "perfeitos em unidade".

Fruto Sagrado, outra banda cristã, em sua musica "O que na verdade somos" diz que "Se o mundo ainda é mau, o culpado está diante do espelho!" Tiago compara quem não é praticante da Palavra a "um homem que contempla o próprio rosto no espelho; porque ele se contempla, vai embora e logo se esquece de como era" (Tg 1:23,24).

Somos como os gansos da parábola de Kierkegard, citada por Yancey em seu livro "Igreja: por que me importar", que todos os domingos caminhavam com seu andar cambaleante para a igreja. O pastor ganso pregava sobre as possibilidades que eles tinham de voar bem alto, apreciar as paisagens lá de cima, alcançar climas abençoados, se apenas obedecessem as ordens do Senhor. Os irmãos gansos levantavam as asas, gritavam aleluias e faziam todas aquelas coisas que nós fazemos em nossos cultos animados. Ao final do culto os gansos voltavam para suas casas, com seu andar cambaleante.

Somos assim, como os gansos na igreja. Quando será que mudaremos?

4 de jul. de 2015

Simples assim.

Se há uma coisa que fazemos muito bem é complicar a vida. Principalmente nós, os marmanjos, fazemos isso com enorme maestria. Às vezes tornamos as coisas tão complicadas que nós mesmos sofremos com o que fazemos. A vida era para ser simples. Ser simples e bela.

O conto infantil “O rei Bigodeira e sua Banheira”, de Audrey Wood e Don Wood (Editora Ática), reflete bem isso. O rei Bigodeira um dia entrou em sua banheira e não queria mais sair de lá. Seu jovem pajem correu tentando encontrar alguém que tirasse o rei do banho. O cavaleiro, a rainha, o duque e os membros da Corte tentam vários argumentos, mas nada convence o rei a sair da banheira. O pajem finalmente tem uma ideia brilhante: tira o tampão da banheira e a água escorre até não ficar nem uma gota, e o rei finalmente sai do banho. Simples assim.

O profeta Miquéias narra uma situação onde percebemos que a vontade de complicar do povo de Deus não é uma invenção moderna. Irritado com o povo de Israel que esquecera todas as bênçãos recebidas, Deus chama o povo para se explicar por causa das suas maldades, e convoca a natureza para testemunhar: “Escutem a acusação que o Senhor Deus vai fazer contra o seu povo! Levanta-te, ó Deus, e faze a tua acusação; e que as montanhas e os montes ouçam o que dizes. Ó montanhas, ó alicerces firmes da terra, escutem a acusação que o Senhor faz contra Israel. Pois ele tem uma questão para resolver com o seu povo; ele vai acusar o povo de Israel. O Senhor diz: ‘Meu povo, o que foi que eu fiz de errado? Será que exigi demais de vocês? Respondam!” (Mq 6:1 a 3).

Toda a criação era testemunha contra a idolatria praticada pelo povo de Israel que já esgotara a paciência de Deus. E Deus quer saber quais são os argumentos do povo para fazer tudo errado; por complicar a vida daquele jeito. Em momento algum Deus pede algo que não seja possível de se fazer. Sempre são coisas tão simples. Nada complicado.

Depois de lembrar ao povo o que Deus já havia feito por eles o profeta começa então a questionar o que poderia ser feito para agradar a Deus: “O que é que eu levarei quando for adorar ao Senhor? O que oferecerei ao Deus altíssimo? Será que deverei apresentar a Deus bezerros de um ano para serem completamente queimados? Será que o Senhor ficará contente se eu oferecer milhares de carneiros ou milhares e milhares de rios de azeite? Será que deverei oferecer o meu filho mais velho como sacrifício para pagar os meus pecados e as minhas maldades?” (Mq 6:6,7). Bastariam os sacrifícios? Era só isso suficiente para agradar a Deus? Sacrifícios e mais sacrifícios?

Hoje ainda vemos que alguns cristãos vivem nesta luta incansável para agradar ao Senhor. Sacrifícios e mais sacrifícios. Não de animais, como no Velho Testamento, mas de si próprio. Não entenderam bem o que Paulo falou sobre apresentar o próprio corpo para o sacrifício. Creem que é literalmente. Eles se matam para cumprir toda a extensa agenda da igreja a despeito da família e outras coisas. São congressos de todos os tipos, tamanhos e lugares, vigílias, retiros para isso e aquilo, e mais tantas outras atividades que quase não lhes sobra tempo para mais nada. Na “febre” dos Encontros de Casais, conheci algumas pessoas que passavam meses sem aparecer na igreja, pois trabalhavam em todos os encontros de todas as igrejas.

Alguns creem que esse ativismo louco é uma mostra de cristianismo autêntico. Eles se matam para cumprir algumas regras e programações que são criadas por seus líderes, que nem mesmo eles cumprem. Quando o salmista disse que “é melhor passar um dia no teu templo do que mil dias em qualquer outro lugar” (Sl 84:10), não queria dizer que devemos “morar” na igreja para agradar a Deus. É claro que não.

O blogueiro Alex Esteves (alexesteves.blogspot.com.br) diz que “Achamos que ser cristão resume-se a ‘servir a Deus’. Pensamos em todo crente como um ‘obreiro’. Medimos a espiritualidade pela frequência aos ‘trabalhos da igreja’, às atividades, pelo engajamento ‘na obra de Deus’. Ora, tudo isso é importante, mas a vida cristã não se resume a servir, trabalhar, frequentar, atuar. A vida cristã passa antes pelo estar com Jesus, ouvir Jesus, ficar aos pés de Jesus, exercer comunhão com Jesus”.

O profeta Miquéias diz ao povo o que é que agradaria a Deus: “O Senhor já nos mostrou o que é bom, ele já disse o que exige de nós. O que ele quer é que façamos o que é direito, que amemos uns aos outros com dedicação e que vivamos em humilde obediência ao nosso Deus” (Mq 6:8). Simples assim. Deus que sempre mostrou gostar de coisas simples não iria exigir de nós nada que fosse complicado demais. Um Deus que usava barro e cuspe para curar, que mandava dar um mergulho num tanque ou alguns mergulhos num rio, não necessita de sacrifícios exagerados.

Pare de inventar e complicar o que Deus fez tão simples. Siga o Senhor com toda intensidade, curta a alegria de tê-lo em sua companhia a todo instante, compartilhe com outros as bênçãos que Ele derrama sobre você e indique este relacionamento, tão gostoso, para aqueles que vivem neste mundo sem saber como é ter Jesus Cristo como senhor e salvador de suas vidas. Simples assim.

13 de jun. de 2015

Sabrina e as garrafas pet do rio Tietê.

Para ela, quem sabe, era só mais um momento de diversão. Para um repórter em um helicóptero, um furo de reportagem. Talvez para muitos, que acharam engraçado, apenas um animal brincalhão. O que importa foi a lição que ela deixou para cada um de nós, seres humanos, racionais, inteligentes, capazes de reconhecer um problema e tentar encontrar uma solução adequada. Sabrina, a cadelinha que foi flagrada pela câmera mergulhando nas poluídas águas do rio Tietê e pegando garrafas que boiavam e levando para fora da água, causou admiração. Segundo a reportagem foram 25 garrafas em 20 minutos.

De onde vieram aquelas garrafas? Quem contribuiu para que elas estivessem ali? Será que foi um animal irracional e agora, por sentir culpada pela irracionalidade do outro, Sabrina fazia esse "trabalho"? Com certeza não. É claro que quem, de alguma maneira, participou da chegada daquelas garrafas ali foi alguém que gosta de culpar os governantes pelas enchentes causadas por rios sujos e entupidos. Foi um ser racional que ainda não está na inteireza da sua racionalidade, por isso toma atitudes como essa, de jogar lixo nas ruas, nos rios ou em qualquer outro lugar que não numa lixeira.

De acordo com o relato bíblico da criação, Deus deu ao homem a tarefa de "cuidar" da terra (Gn 2:15). Isso é o que menos o homem faz. Interesses econômicos, ganância total, fazem com que o homem atropele tudo e todos sem pensar no que isso poderá representar daqui a uns tantos anos. Vivemos uma preocupação mundial com o aquecimento global. Mas sempre achamos que a culpa é do outro. Sempre achamos que as nossas atitudes não terão reflexo algum nessas catástrofes que acontecem pelo mundo afora. O mais assustador é que se o homem não resolver os problemas da natureza, que ele mesmo criou, em algum momento faltará recursos para sua sobrevivência, como já temos visto, por exemplo, com a falta de recursos hídricos no Brasil.

Já culparam o próprio cristianismo pela forma errada da utilização da natureza alegando que os cristãos entenderam errado quando Deus disse para sujeitar, ou subjugar a terra (Gn 1:28) e dominar sobre os animais (Gn 1:26) e, por isso, iniciaram processo de destruição da natureza. Mas pense comigo: Se minha esposa criasse alguma coisa pensando em meu bem estar e me desse de presente, será que eu iria destruir aquele presente? Será que eu não procuraria cuidar dele com todo meu carinho? Claro que eu cuidaria com todo zelo possível, não só pelo beneficio que ele me traria, mas também por causa do amor que sinto por ela. Seria uma forma de valorizar o presente de uma pessoa amada. Da mesma forma se eu aprendo que toda natureza foi criada por Deus pensando em meu bem estar, então, por amar a Deus, e por me amar também eu tenho que cuidar dela.

Francis A. Schaeffer escreveu que "se individualmente e na comunidade cristã, trato com integridade as coisas que Deus tem feito, e as trato com amor porque são dele, as coisas mudam de figura. Se amo Aquele que ama, amo o que Aquele que ama tem feito". E completa com um questionamento: "Se não amo o que Deus tem feito, na área humana e da natureza, amo realmente a Deus?"

Então, se há um cristianismo com uma mensagem de destruição da natureza é um falso cristianismo. Cuidar da natureza é cuidar da criação de Deus. Ecologia é um assunto inteiramente cristão. O homem que ama a Deus e tem um intimo relacionamento com ele não pode pensar e fazer diferente daquilo que ele propõe nas Escrituras. Nós, homens, e a natureza temos algo em comum: somos criação de Deus. Toda a narrativa da criação diz que Deus olhava o que havia feito e achava "bom" (Gn 1:10,12,18,21,25), e após a criação do homem Deus olha "tudo quanto fizera, e eis que era muito bom" (Gn 1:31). Deus viu TUDO que acabara de fazer. O "muito bom" não foi apenas para o homem como queremos entender.

Schaeffer diz ainda que "devemos insistir em que se renuncie a um pouco dos lucros a fim de que a natureza não seja explorada. E o primeiro passo é mostrar o fato de que, como cristãos, tanto no plano individual como comunitário, nós mesmos não violamos a nossa "bela irmã" movidos por qualquer tipo de cobiça. [...] Como cristãos temos de aprender a dizer "chega"! Porque, acima de tudo, a cobiça significa a destruição da natureza e há ocasiões em que é preciso fazer as coisas com calma".

Tomando aquela cadelinha com exemplo, se cada um de nós deixarmos de jogar 25 garrafas pets fora do lixo, ou se recolhermos as que estão fora dele e as colocarmos num recipiente próprio, estaremos contribuindo em muito para amenizar os problemas da natureza. É um pedido bem simples, mas que pode ter um grande efeito. Se foi fácil para aquele pequeno animal, imagine para um animal enorme como eu e você.

8 de mai. de 2015

Cafe com leite.

Tomava café da manha com meus pais e fiquei observando minha mãe, com seus 86 anos, tomando café com leite num copo de plástico, desses que tem uma tampa com um bico que evita derramar. Naquele instante me vi diante da minha neta com seus 3 anos tomando seu "namnam" (toddy batido com leite) que, quando estou em casa com ela, só eu posso fazer, por causa de um ritual que inventei. Netas nos fazem fazer coisas que nem imaginamos que poderíamos fazer.

Aquela cena e a lembrança da minha neta me fez pensar no ciclo da vida. Nascemos e, por razoes obvias, dependemos completamente de outros para tudo. Com o passar dos anos a nossa dependência diminui. Em algum momento da nossa vida chegamos ao absurdo de imaginar que não dependemos de ninguém. Com o passar dos muitos anos chegamos a fase dos "enta" (quarenta, cinquenta, sessenta...) e percebemos que vamos nos tornando dependentes novamente. E quantos mais "entas" acumulamos mais precisamos de ajuda. No caso de minha mãe, depois de alguns derrames, um infarto, um tornozelo quebrado recentemente e etc, a dependência é muito grande.

Você pode argumentar que nem todos são assim, e eu sou obrigado a concordar. Meu pai com a mesma idade é quem cuida dela. Mas mesmo assim tenho uma irmã que mora perto e o ajuda, pois sozinho seria muito mais difícil. Mas quem te garante que com você será diferente?

O sábio autor bíblico já nos mostra que com o passar dos anos as coisas mudam e chegará o tempo "quando os guardas da casa tremerem e os homens fortes caminharem encurvados; quando pararem os moedores por serem poucos, e aqueles que olham pelas janelas enxergarem embaçado; quando as portas da rua forem fechadas e diminuir o som da moagem; quando o barulho das aves o fizerem despertar, mas o som de todas a canções lhe parecer fraco; quando você tiver medo de altura, e dos perigos das ruas; quando florir a amendoeira, o gafanhoto for um peso e o desejo já não se despertar" (Ec 12:3-5).

Este é um retrato perfeito do que acontece com o ser humano com o passar dos tempos. E não adianta academia, plásticas ou que recursos forem utilizados tentando fugir. Em algum momento você passará por isso, se chegar até lá. Os ossos se tornaram fracos e tremediços. Os dentes cairão e mastigar se tornará uma dificuldade. Os olhos enfraquecidos precisarão da ajuda de óculos, cada vez mais fortes. Os ouvidos se negarão a ouvir as mais belas canções e o canto dos pássaros. E, o que é pior principalmente para os homens, o desejo sexual não mais existirá.

Queira Deus que isto não suceda a você. Mas, como ter certeza? Não da para ter. Por isso envelhecer requer sabedoria. Nem todos sabem envelhecer. E não deve ser muito fácil mesmo, pois vivemos como se isto nunca fosse acontecer. Aproveitamos o hoje como se não houvesse a possibilidade de um longo amanhã. Enquanto jovens, achamos que nunca envelheceremos. Quando eu tinha meus 20 anos achava que os sessentões eram velhos. Hoje tenho 56 e me acho um garoto. É assim que vivemos.

Não gosto muito dessa coisa de receitas para isso ou aquilo, mas acho que a sabedoria para envelhecer passa pelo ensinamento de Salomão que diz: "por mais que um homem viva, deve desfrutar sua vida toda" (Ec 11:8). Em outro lugar ele orienta: "alegre-se, jovem, na sua mocidade! Seja feliz o seu coração nos dias da sua juventude! Siga por onde seu coração mandar, até onde a sua vista alcançar" (Ec 11:9) mais adiante ele ensina: "afaste do coração a ansiedade, e acabe com o sofrimento do corpo" (Ec 11:10).

Então é isso. Viva! Viva plenamente a vida a todo gás. A promessa de Deus é vida em abundância. Não economize vida. Viva intensamente. Alegre-se na sua juventude ainda que a sua juventude já esteja na casa dos "entas" e sejam quanto "entas" forem. Desfrute tudo que quiser e puder. Tome muito café com leite, com ou sem copo de biquinho. Viva enquanto é tempo, pois haverá um tempo em que não mais. Viva a vida com vivacidade. Viva a vida com exuberância. Viva cada segundo como se fosse o ultimo da sua vida. Viva sua vida do jeito que você achar melhor. Viva como quiser.

Não sei o que você achou de tudo isso. Talvez você esteja pensando: "Que texto mais café com leite". Talvez tenha achado que foi só mais um blábláblá de um blogueiro sem noção. Talvez um devaneio da minha cabeça. Talvez você ache que usei textos com pretextos, ou talvez nem goste muito de Salomão. Mas vou concluir meu texto com a mesma conclusão que ele usou em seu livro, pois é a melhor parte de tudo: "TEMA a Deus e OBEDEÇA aos seus mandamentos, porque isso é o ESSENCIAL para o homem. Pois Deus trará a julgamento tudo o que foi feito, inclusive tudo o que está escondido, seja bom, seja mau" (Ec 12:13,14). Destaquei estas palavras do texto justamente para chamar sua atenção para o que realmente importa.

E tenho dito.

4 de abr. de 2015

O Brasil tem jeito!

"Até quando, Senhor, clamarei por socorro, sem que tu ouças? Até quando gritarei a ti: "Violência!" sem que tragas salvação? Porque me fazes ver a injustiça, e contemplar a maldade? A destruição e a violência estão diante de mim; há luta e conflito por todo lado. Por isso a lei enfraquece e a justiça nunca prevalece. Os ímpios prejudicam os justos e assim a justiça é pervertida" (Hc 1:2,4). Esta é uma oração feita por volta de 605 a.C. que bem poderia ter sido feita hoje, no Brasil.

Quando olhamos ao nosso redor não acreditamos que um país como o nosso não esteja entre os países mais ricos do mundo. "O Brasil não é um país sério", disse Carlos Alves de Souza, embaixador brasileiro na França. Se fosse, não viveria nessa bandalheira politiquenta que vivemos, onde a 
impunidade vigora desde os antros de politiqueiros em Brasília até os confins da bandidagem menor em nossas mais diferentes cidades, sejam grandes ou pequenas. Nossa mídia, que deveria ter um caráter formador, está tão longe disso quanto a lua da terra. Leva diariamente mensagens que fazem nossa juventude mais e mais banalizar a moral e se perder completamente. Depois nos noticiários vemos as caras de espanto dos repórteres com as brutalidades que registram.

A cara de pau de todos aqueles santos que sempre dizem "Não sei de nada disso", ou "Isso é perseguição política", quando as imagens mostram que são corruptos mesmos, não nos dá esperanças de dias melhores. Quantias vultosas são usurpadas do tesouro brasileiro, enquanto o povo sofre em filas nos hospitais decrépitos que vemos em todo lugar. Crianças sofrem em escolas ridiculamente entregues ao desmazelo total. Cadeias cheias de pessoas que deveriam ser regeneradas, mas com o tratamento desumano que recebem, saem de lá ainda mais marginais que antes.

Tenho conhecidos que querem ir embora para outros países. Sinceramente, não acho que isso é o melhor. Vejo isso como um suicídio: o cara acha que não tem mais jeito e foge. Sei que não é fácil acreditar, mas na realidade precisamos crer que o melhor de Deus ainda está por vir. Outra oração de Habacuque bem que poderia ser a nossa: "Teus olhos são tão puros que não suportam ver o mal; não podes tolerar a maldade. Então, por que toleras os perversos? Por que ficas calado enquanto os ímpios devoram o que são mais justos que eles?" (Hc 1:13).

Com certeza você já questionou isso com Deus. Eu também. Não entendemos bem como isso acontece. Temos olhos só para o aqui e agora, e queremos que justiça seja feita logo. Até usamos aquele velho ditado que diz: "A justiça tarda mas não falha", mas no fundo não acreditamos nisso, nem queremos isso. Queremos que a justiça não falhe, mas também queremos que ela seja já. No futuro tudo pode mudar. Talvez sejamos como Jonas, que ficou muito aborrecido com Deus, quando viu que ele se arrependeu de destruir Nínive, quando aquele povo se arrependeu dos seus pecados. Jonas ficou muito irritado e sentou na sombra de uma arvore e murmurou.

Eu não farei isso. Nós não podemos repetir o exemplo de Jonas. Precisamos de exemplos mais fortes, mais vigorosos, e ninguém melhor do que o próprio Habacuque que vê dias cruéis pela frente e diz: "Mesmo não florescendo a figueira, e não havendo uvas nas videiras, mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimentos nas lavouras, nem ovelhas no curral, nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação" (Hc 3:17,18).

Que segurança, confiança determinada, paixão e certeza do poder daquele em quem confia. É isso que precisamos hoje. Crentes que como ele não se deixem abater pelas incertezas de um futuro digno, e creiam que o melhor de Deus ainda está por vir, e busquem isso a todo instante.

No Brasil falta água, segurança, saúde, moralidade, civilidade, respeito e tantas outras coisas, mas não faltam crentes que podem dobrar os joelhos e clamarem por nossa nação crendo na promessa de Deus que diz: "Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra" (II Cr 7:14).

O Brasil tem jeito sim! E o jeito passa por joelhos calejados.

6 de mar. de 2015

A lista

Em toda essa roubalheira da Operação Lava-jato, há uma lista que está tirando o sono de um grupo, e aguçando a imaginação de quase uma nação inteira. Esta lista, que já foi feita há alguns meses, finalmente chegou às mãos de quem poderá divulgar os nomes que lá estão. Enquanto não divulgada, há muita especulação sobre possíveis nomes. Quem não deve, com certeza, deve estar tranquilo. Mas alguns já sabem que estão relacionados. Outros usam a expressão predileta daquele ParTido: "Eu não sei de nada". Mas no fundo eles sabem muito bem.

Toda a nação está na expectativa das consequências que se seguirão. Será que dessa vez as punições serão serias? Ou mais uma vez acabara em pizza? Os valores roubados serão ressarcidos, ou o povo terá que pagar mais uma vez pelo roubo de alguns? Será que um dia isso vai acabar, ou teremos que conviver com essa cafajestada politiqueira por toda vida? As perspectivas são bem ruins.

Eu sei de uma coisa: nesta lista eu não estou. Posso afirmar com toda a convicção que meu nome não aparecerá. Estou dormindo tranquilamente.

Mas, há outra lista onde meu nome aparece e me deixa muito feliz. Não é uma lista qualquer. Posso dizer que essa é A lista. A lista definitiva. A lista final por onde todos passaremos para confirmar se estamos nela ou não. É a lista do livro da vida. Esta é a lista mais importante da vida, mas só confirmaremos após a morte. Ela nos promove à vida eterna.

O caminho para esta lista não é outro, senão Jesus Cristo. Pedro, falando sobre Jesus diante dos lideres do Sinédrio, diz: "Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos" (At 4:12). O próprio Jesus já havia dito: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim" (Jo 14:6), e ainda: "Asseguro-lhes que, se alguém obedecer a minha palavra, jamais verá a morte" (Jo 8:51).

Não há outro caminho. Não há jeitinho brasileiro aqui. Não há propina que mude a relação que está escrita no Livro da Vida. Não importa a que classe social você frequenta, conforme nos informa João: "Vi também os mortos, tanto os importantes como os humildes, que estavam de pé diante do trono. Foram abertos livros, e também foi aberto outro livro, o Livro da Vida. Os mortos foram julgados de acordo com o que cada um havia feito, conforme estava escrito no Livro da Vida" (Ap 20:12).

Não estou aqui dizendo que você tem que ser da igreja tal ou tal, pois, Jesus 
Cristo falou que muitos que usam o nome dele são mentirosos, não falam por ele: "Não é toda pessoa que me chama "Senhor, Senhor" que entrará no Reino dos Céus, mas somente quem faz a vontade do meu Pai, que está no céu" (Mt 7:21). A estes ele dirá: "Eu nunca conheci vocês! Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal" (Mt 7:23).

Na Bíblia encontramos toda a vontade de Deus e como segui-lá. Encontramos ensinamentos sobre o que fazer e o que não fazer. Ela deve ser o nosso guia para vivermos o dia a dia. Ela foi deixada para que a obedecêssemos. Ela nos dará conhecimento para andarmos nos caminhos que Deus preparou para cada um de nos. Nela saberemos como viver e conviver de acordo com o plano de Deus. "Eis que venho em breve! Feliz é aquele que guarda as palavras da profecia deste livro" (Ap 22:7), disse Jesus. A Bíblia nos dá instruções sobre como ter o nome na lista do Livro da Vida.

"Felizes os que lavam as suas vestes, e assim têm o direito à arvore da vida e podem entrar na cidade pelas portas" (Ap 22:14), disse Jesus. Estes são os que estão na lista, no Livro da Vida. Enquanto isso João avisa: "Quem não tinha o seu nome escrito no Livro da Vida foi jogado no lago de fogo" (Ap 20:15).


Esteja você ou não na lista de Brasília, uma coisa eu lhe asseguro: vai ser muito ruim não estar na lista do Livro da Vida. Com esta lista você deve se preocupar muito, se não estiver. A boa noticia é que você ainda tem tempo. A má noticia é que você não sabe quando o seu tempo irá acabar. Então corra. Faça já a sua inscrição nela.

26 de fev. de 2015

Bater ou não bater? Eis a questão.

O Papa falou que pode e deve dar umas boas palmadas. O mundo todo fala que não. Leis foram criadas para coibir tal forma de educação. E aí, bater ou não? Essa é uma questão que tem dividido opiniões. Afinal, os pais têm ou não o direito de dar umas palmadas nos filhos? Quem pode definir o que os pais podem, ou não, no seu dever de educar os filhos? Uma boa palmada pode causar algum trauma psicológico? Pode causar alguma revolta?

Regador
Da sua vida eu não sei, mas da minha eu sei. Eu apanhei com tudo que você pode imaginar. Minha mãe tinha sempre um trunfo nas mãos para ser usado em mim, não importava o que fosse. Apanhei com chinelos, cintos, varas de goiabeiras e de outras tantas árvores que havia nos terrenos da minha casa. Até mesmo um regador daqueles de metal. Se você não sabe o que é um regador eu explico: é algo parecido com um balde, mas tem uma parte coberta e possui um chuveiro que serve para molhar as plantas. Hoje existem uns de plástico, mas o da minha casa, que quase foi usado por minha mãe, era de metal.

Não estou dizendo se gostava disso ou não. Muitas, ou quase todas, eu fiz por merecer. Às vezes preferia apanhar a ficar ouvindo longos sermões. Levava uma boa surra e pronto, aprendia que tinha vacilado feio, ou não. Mas os sermões duravam o dia todo, ou pelo menos era o que parecia para mim. Apesar de tudo isso, que para muitos pode parecer tortura, nunca respondi minha mãe nesses momentos. Às vezes entrava para o banheiro e chorava por um longo tempo para jogar minha vontade de gritar para fora. Depois saia e tudo estava bem. Nunca deixei de amar minha mãe por isso, nem guardo qualquer magoa. Amo muito minha mãe, e já sofro só de pensar que a qualquer momento posso perdê-la. Mas, claro, esse sou eu. Não quer dizer que todos tenham o mesmo entendimento, ou perceba do mesmo jeito.

Andei dando uma pesquisada no assunto na internet e vi coisas que só a internet pode ter. Você não acreditaria se eu dissesse.

Na realidade, creio que não existe uma receita de bolo para educar filhos. Até porque mesmo as receitas de bolo não garantem que seu bolo vai ficar maravilhoso. E, mesmo que o seu fique, o da casa ao lado pode dar errado usando a mesma receita. Pessoas são diferentes.

Creio que uma boa orientação está em Provérbios 19:18: “Castiga a teu filho, enquanto há esperança, mas não te excedas a ponto de matá-lo”. O equilíbrio aqui, como em tudo na vida, é fundamental. O texto alerta que haverá um momento em que você perderá o controle sobre seu filho, e então valerá o que você já fez, ou deixou de fazer. Não especifica a forma de castigo, mas enfatiza que ele não deve ser exagerado. Acredito que a famosa “Lei da Palmada” pode ser aplicada aqui. Todo e qualquer EXAGERO na educação de filhos, seja palmada, castigos, ou o que for deve ser evitado.

Ao escrever este texto, provavelmente, Salomão estivesse pensando na Lei Mosaica (Dt 21:18-21) que orientava aos pais que tivessem filhos rebeldes, devassos e beberrões a leva-los aos líderes da comunidade para que fossem mortos. Havia todo um contexto para isso, que não é o nosso caso agora. Salomão, possivelmente, estava dizendo aos pais para serem firmes na correção, mas que não exagerassem nela. Ainda em Provérbios ele diz que “aquele que poupa a vara aborrece a seu filho, mas quem o ama, a seu tempo castigo” 13:14. O mesmo sábio que em Eclesiastes diz ter um tempo para tudo, aqui nos diz que há um tempo certo para corrigir de maneira certa os filhos.

Vou tentar traduzir o meu entendimento disto. Creio que Salomão está me orientando a corrigir de maneira equilibrada meu filho no tempo próprio, pois haverá um momento em que eu não terei o mesmo efeito que teria antes sobre a vida dele. Então, por não ter feito no momento adequado, poderei ter iniciado um processo que poderá culminar na prisão, ou mesmo na morte dele, pois sem a correção correta, sem limites, ele corre o risco de descambar para uma vida de delitos.

Ainda em Provérbios Salomão avisa: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (22:6). Quase ouço sua voz gritando em meus ouvidos que tudo que vier a acontecer com meus filhos, quando adulto, passa pelo processo da criação. Desde o inicio percebe-se que este é o desejo de Deus, nas palavras de Moisés, logo depois de receber os Dez Mandamentos: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo teu coração, de toda sua alma e toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no seu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te” (Dt 6:5 a 7).

O texto de Moisés nos dá mais uma advertência:”estarão no teu coração” (6), significa que os pais não só falarão em casa, na rua, deitado ou andando, mas acima de tudo deverão ser o exemplo que inculcará muito mais pela prática no dia a dia com os filhos.

É lógico que aqui também não é uma receita de bolo. As probabilidades de dar certo são enormes. Mas, como tudo, pode dar errado. Pode não ser assim. Pode ocorrer aqui a matemática do Roberto Carlos onde “dois e dois são cinco”.

Afinal, bater ou não bater? Eis a questão. E, quer saber, não sei também. Mas digo a você que prefiro seguir a orientação bíblica. Nosso governo não tem muita moral para falar de educação, de correção, de orientação. É fácil fazer uma lei e comprar votos para que ela seja aprovada. Ainda mais uma assim de apelo popular. Mas a prática do dia a dia é você com seus filhos dentro de casa que sabe o acontece. Equilíbrio é a palavra chave.

Alguém disse que seria interessante orar enquanto usa a vara no filho. É ridículo só de pensar. Mas aconselho a você, mesmo você não tendo pedido um conselho, a orar para que Deus te oriente a descobrir o que é melhor para você e seu filho. Sempre lembrando o que Paulo orienta: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6:4).

Bater ou não bater? Eis a questão. Corrija enquanto é tempo, seu filho, para que mais tarde a policia não o faça.

3 de fev. de 2015

Desabafo com Deus


Deus, são dezenove minutos do dia trinta e um de julho de dois mil e quatorze. Eu sei que o Senhor sabe que horas são e a data de hoje também, mas é só um registro meu. Eu acabei de orar e me deitei. Mas eu preciso confessar uma coisa: a vida é muito louca.

Deus, eu amo a vida. Amo muito viver. Por tudo que o Senhor me permitiu viver, por tudo que o Senhor me deu, sinceramente, eu amo a vida. Mas é uma coisa muito louca. Estou aqui em Belo Horizonte, e lá em Nova Iguaçu, no CTI do Hospital da Posse meu irmão está entregue nas mãos de pessoas que eu nunca vi, e, provavelmente, ele também, passando por um procedimento bastante delicado. Estão drenando, pela segunda vez em dois dias, o sangue que tem vazado no cérebro dele.

Deus, eu sei que quando o Senhor nos criou não planejou nada disso. Eu sei que tudo isso vem em consequência de varias escolhas erradas desde Adão até nós. Mas isso, Senhor, é muito difícil. Sei que talvez muitos outros estejam agora vivendo a mesma coisa, mas, Deus, ele é meu irmão. Me afeta diretamente, e isso dói bastante. Ele corre o risco de não sair vivo daquele hospital. E isso me assusta. Está muito próximo de mim. Daqui a pouco pode ser eu.

Eu não tenho medo da morte. Não, não é isso. Não tenho medo do que vai ser depois, porque mesmo não me achando tão santo como foi o Apostolo Paulo, posso dizer "que, para mim, o morrer será lucro". Eu estarei em seus braços. Estarei contigo.

Mas Deus, deixar tudo isso? Eu amo a vida. Amo meus pais. Amo minha esposa. Amo minhas filhas. Amo minha neta Maria Eduarda que já chegou, e Maria Luiza que está chegando. Amo todo mundo. Não sei não amar. Não aprendi não amar. E de repente ter que deixar tudo... Deus isso é muito louco.

Ver as pessoas que são próximas partindo para sempre dói demais. Fico pensando em qual seria a solução. Que metido a besta que sou, não é verdade, Senhor? Se todos partirem antes de mim, eu sofrerei muito. Se eu for antes, eles irão sofrer. Eu acho. Então o que fazer? Não há o que fazer a não ser esperar, esperar e esperar a hora. Pois é certo que a hora de todos chegará.

Então porque somos tão bestas? Construímos palácios que iremos deixar. Engordamos contas bancárias que de nada adiantarão. Compramos carros caríssimos, que não poderão nos levar nem até mesmo ao cemitério. Construímos foguetes que não podem nos levar para o céu. Construímos armas que matam indiscriminadamente. Zombamos do outro só porque ele tem uma cor diferente da nossa, mas todo o seu corpo tem as mesmas substancias do nosso. Olhamos para os mais pobres com desdém, e não nos lembramos que seremos pó, como eles também.

Por que somos assim? 

Deus, são quinze hora e três minutos do dia quatro de novembro de dois mil e quatorze. Eu estou em Juiz de Fora, o Senhor sabe, não é mesmo? Há pouco mais de três meses meu irmão partiu. O Senhor o tem aí. Ele está vivendo o privilégio de estar juntinho do Senhor, e é isso que nos conforta. Eu nem consigo imaginar como é isso. Mas tenho certeza absoluta de que é maravilhoso, pois a descrição que João faz da Nova Jerusalém (Ap 21) é maravilhosa demais, e eu sei que nem chega aos pés daquilo que realmente é.

Me perdoe Senhor, mas gosto mais da Nova Jerusalém imaginada pela Sara, filha do Sélio. Para ela, o céu é um grande jardim, cheio de flores lindas e vários animaizinhos correndo por lá. Achei mais parecido com o Senhor, pois observando a natureza, não percebo o céu conforme a descrição de João. Seria muito frio. Seria muita ostentação. Não combina com o Senhor. João apenas caprichou tentando ser o mais fiel possível a grandeza daquilo que ele vislumbrava.

Eu fico imaginando que no meio desse lindo jardim há um banco, e posso ver sentados lá o Apostolo Paulo e meu irmão, Pr. José Sélio, num tremendo papo cabeça. Seria muito bom estar ali pertinho só ouvindo. Mas Senhor, não tenha pressa. Posso esperar ainda uns cinquenta anos para isso.

Deus, enquanto fico por aqui, me ajude a ser melhor. Quero cada dia me parecer mais e mais com o Teu filho, que é o seu plano para mim. As vezes é difícil, mas nunca é impossível. Até porque nada do que o Senhor nos pede é impossível. E enquanto isso, eu quero alertar outros para quererem o mesmo. Da mesma forma que seu servo Isaías, eu digo "eis-me aqui, Senhor". Usa-me, Senhor, como quiseres, onde quiseres, na hora que quiseres. Não quero encontrar-me com o Senhor com minhas mãos vazias.

Valeu, Senhor. Não vou me despedir com um até breve, ou até longe. Até porque seria estranho me despedir de quem prometeu estar sempre ao meu lado. Se alguma palavra o aborreceu, considere a tristeza que estava em meu coração com tudo que aconteceu. Mas acho que o Senhor entendeu, pois acima de tudo, o que queres de nós é sinceridade.

Um abraço, Senhor.

1 de jan. de 2015

Fim de ano.

Não gosto de fim de ano. Para falar a verdade, não sou muito ligado a "datas". Para mim são apenas jogadas de marketing, e oportunidades para alguns ganharem muito.

Um dos meus sonhos é ter um lugar bem longe de todo o tumulto de fim de ano para ir no inicio de dezembro, e só voltar no fim da primeira semana de janeiro, quando as coisas já voltaram ao normal. Ver shopping lotado por um monte de "corações vazios" em busca de compras, endividamento inescrupuloso, as vezes, ou desnecessário, quase sempre, só porque é fim de ano, não dá.

Transito engarrafado, filas para estacionar, filas para comprar, filas para comer. Detesto filas para comer. Pessoas que são mal-educadas ainda mais mal-educadas. Pessoas que são boas, sendo até chatas de tão boazinhas. Muitos sorrisos que não aconteceriam em épocas diferentes. Muitos abraços que não seriam dados em outra época, por exemplo, no carnaval.

O motivo do Natal passa quase despercebido até mesmo pelos cristãos e, quiçá, pelas igrejas, onde uma turma luta desenfreadamente por alcançar status de estrelas nos corais, nos grupos teatrais ou em suas roupas que parecem mais um desfile de moda. O culto da virada se tornou um amuleto para muitos: "vou passar na igreja para ter um ano abençoado". Depois não faz nada para que o ano seja realmente abençoado.

Você deve estar pensando que sou um mal-humorado, pessimista, ou chato de galochas mesmo. É antiga essa expressão, hein. Tudo bem. Não vou ficar zangado com você só por isso. Talvez sua zanga seja mesmo porque você se viu nessas situações descritas. Eu te perdoo.

Quando penso nisso lembro-me de uma passagem bíblica de Isaías em que Deus, muito irritado, diz: "Não consigo suportar suas assembleias cheias de iniquidade. Suas festas da lua nova e suas festas fixas, eu as odeio. Tornaram-se um fardo pesado para mim; não as suporto mais" (1:13,14). Creio que Deus já estava pensando em novo dilúvio a esta altura do campeonato. Que bando de cabeças duras.

Não somos diferentes. Acredito que Deus hoje deve estar pensando isso em muitas situações de culto que vivemos. Creio que em alguns momentos Deus olha para o mundo e pensa falar a mesma coisa que falou para o seu povo naquele momento. Então ele lembra: "Mas eu já deixei isso escrito, eles lêem e não entendem". Creio que por varias vezes irritamos a Deus com nossas festas recheadas de hipocrisia.

Talvez se parássemos para ouvir a voz de Deus ouviríamos: "Lavem-se! Limpem-se! Removam suas más obras para longe da minha vista! Parem de fazer o mal, aprendam a fazer o bem! Busquem a justiça, acabem com a opressão" (Is 1:16,17).

O fim de ano será muito diferente do que tem sido, para todos, quando aprendermos que viver o que Deus quer é uma questão diária, e não uma simulação festiva e hipócrita por causa de uma ou duas datas no ano.

Feliz você todos os dia da sua vida. Viva e deixe Deus viver através de você.