Que bom que você veio!!


Que bom que você veio!!
Quero escrever textos que nos ajudem a entender um pouco mais daquilo que Deus tem para nós, para falarmos uma mesma linguagem. Não tenho o objetivo de ser profundo, nem teológico, nem filosófico, nada disso. Quero dizer coisas simples que pululam em minha mente, sempre atento para não contradizer em nada a minha fé, ou o que creio ser a vontade de Deus.
No mês de Agosto/12 há um texto que explica o significado e o porquê do nome Xibolete.

1 de dez. de 2013

Pequenos gestos.

Não sei você, mas eu tenho muita dificuldade de jogar qualquer coisa na rua. Mesmo um pequeno pedaço de papel. Fico irritado quando vejo pessoas jogando coisas na rua. Uns porquinhos que jogam lata, papel ou outra coisa qualquer. Depois, quando chove e as ruas ficam alagadas por causa dos ralos entupidos, esses “lindinhos” ficam culpando o prefeito.

Creio que muito mais que uma falta de respeito ecológico, falta de educação ou desrespeito aos outros, é uma questão de mordomia. Quando Cristo disse que “quem é fiel nas coisas pequenas, também será nas grandes; e quem é desonesto nas coisas pequenas também será nas grandes” (Lc16:10), poderia muito bem estar se referindo a estes pequenos gestos do nosso dia a dia também. Por que o texto fala de coisas como azeite e trigo, que são bens materiais, fechamos a caixinha da interpretação apenas para a questão do ofertar, mas não vejo nenhuma deturpação do texto em refletir sobre situações cotidianas, que fazem parte da mordomia cristã.

Paulo nos mostra como a prática da mordomia não é apenas uma questão financeira, é bem mais abrangente e muito séria quando diz:“Pois, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, porque me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho! Se, pois, o faço de vontade própria, tenho recompensa; mas, se não é de vontade própria, estou apenas incumbido de uma mordomia” (ICo 9:16,17). Para ele a prática da evangelização era uma atividade de sua mordomia para com Deus. Ele fora colocado como um mordomo para servir ao Senhor, enquanto servia ao outros. Fazer por prazer ou para cumprir uma obrigação, mas fazer.

Todos nós, cristãos, recebemos a incumbência da evangelização, portanto todos nós somos mordomos de Deus. Como ser um bom mordomo quando falhamos em coisas que podem ser significativas para o crescimento do reino? Ficamos preocupados em fazer grandes ações, que chamem a atenção, que tragam os olhares sobre nós e nos esquecemos de que pequenos gestos podem fazer uma grande diferença.

Um “bom dia” ao seu porteiro, ao faxineiro do seu prédio, ao gari, ao caixa do mercado ou do banco, mesmo depois de enfrentar uma longa fila. Permitir que sua empregada coma a mesma comida que você, mesmo que ela tenha acabado de botar fogo no lado do seu fogão (aconteceu aqui em casa). Um “muito obrigado” para o motorista ao entrar no ônibus, ainda que ele tenha parado fora do ponto e você tenha precisado dar uma corridinha debaixo do sol quente. Um sorriso para aquele seu vizinho que lhe parece mal-humorado, mesmo que ele não lhe retribua. Dar um sorriso e agradecer ao segurança do banco quando ele libera a porta para você entrar, mesmo depois de quase ter que ficar nú para provar para ele que você não estava armado. Uma palavra agradável para o rapaz do posto de combustível, afinal, ele não é apenas o “boneco do posto”.

Li, na internet, que descobriram que mulheres grávidas e pessoas idosas são um excelente remédio para falta de sono, pois quando entram no ônibus, todos que estão sentados começam a dormir. Espero que você não sofra desse problema, pois faz parte da mordomia ceder seu lugar.

São coisas de menor aparência, de menor peso, que não chamam tanta atenção, que não fazem de você um grande candidato ao prêmio cidadão exemplar do ano em sua cidade, mas que podem ser de grande valor para aquela pessoa para quem você fez, ou para alguém que viu o que você fez, por ver que o mundo não está tão perdido assim. A mordomia cristã passa por isso, mostrar ao mundo que nem tudo está perdido, que ainda há solução, e que você sabe o caminho. E, com certeza, suas palavras surtirão menos efeito do que suas atitudes.

Na sequencia do texto de acima, depois de falar sobre várias atitudes tomadas, Paulo afirma: “Faço tudo isso por causa do evangelho” (ICo 9:23). Não era por ele mesmo, e sabemos que por nós mesmos não faríamos nada do que fazemos, mas deve ser feito por causa do nosso comprometimento com o evangelho. Não era por ele, mas ele fazia.

E numa tentativa de mostrar que nossa prática precisa ser compatível com nossa fala, o apóstolo diz: “Mas esmurro o meu corpo e faço dele o meu escravo, para que, depois de ter pregado aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado” (ICo 9:27).

Pequenos gestos, grandes atitudes.São as atitudes e não as circunstâncias que determinam o valor de cada um. O que você diz, com todo respeito, é apenas o que você diz” disse Bob Marley.

Que não sejamos apenas faladores. Que não sejamos como mordomos infiéis. 

2 de nov. de 2013

Minha neta e o Apóstolo Pedro.

Maria Eduarda
Foto de Pedro Almeida
Eu tenho uma netinha, Maria Eduarda, e sou um avô babão. A sensação de ser avô é tão gostosa quanto a de ser pai. Uma coisa que sempre achei fantástico nela é a paixão pela sua primeira fonte de energia: os seios da mãe. É indescritível o olhar dela para eles. Um olhar apaixonadíssimo que só os grandes amantes, admiradores do objeto de encanto, conseguem ter. Não se pode criar do nada aquele olhar. É uma coisa que vem do fundo do coração. Ela me encanta com aquele olhar.

Sempre que consegue o seu objeto de desejo sorri de uma forma que só os apaixonados sorriem. Ela acaricia os seios da mãe, dá beijinhos, encosta o rostinho neles, namora cada pedacinho deles e curte apaixonadamente sua fonte de alimentação e de vínculo materno. Depois suga aquele néctar que lhe dará condições básicas de nutrição e crescimento.

Quando vejo estas cenas entendo perfeitamente o que Pedro quis dizer quando escreveu: Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado crescimento para salvação (I Pe 2:2). Pedro, provavelmente, tinha em mente a ardente paixão de um bebê alimentando-se ao exortar os cristãos para, da mesma forma, desejarem o alimento espiritual, a Palavra de Deus.

O leite materno é fundamental para a saúde do bebê. Composto basicamente de água (87%) e de outros elementos que formam um fortíssimo e adequando alimento para os primeiros seis meses de vida, prepara o bebê para adaptar-se gradativamente a outros tipos de alimentos que virão com o crescimento, além de prevenir contra algumas doenças que poderiam acontecer.

A Palavra de Deus para nós, cristãos, é tão importante quanto o leite materno para o bebê. É dela que retiramos todos os nutrientes necessários para um crescimento saudável. Para Pedro a importância é tanta que ele chega dizer que essa alimentação é essencial para a salvação. É através dela que o cristão fortalece o vínculo, a intimidade com Deus.

O novo nascimento (conversão) não oferece como brinde o entendimento e a maturidade do cristão maduro. Muitas coisas ainda terão que acontecer para isso. Faz-se necessário um bom discipulado, além de sua busca pessoal. Uma dieta diária regular e correta, composta de leitura bíblica e oração, é fundamental para o desenvolvimento espiritual. Pedro começa este capítulo (2) de sua primeira carta dizendo que o cristão precisa abandonar tudo o que é mau, toda mentira, fingimento, inveja e críticas injustas e desejar o crescimento alimentando-se da Palavra.

Infelizmente alguns não se apegam a este ensinamento e passam a vida inteira com o estômago frágil e dependente de alimentação própria para crianças. Não crescem, são eternas criancinhas.

Paulo me parece bem irritado quando escreve aos crentes da igreja em Corinto dizendo: Na verdade, irmãos, eu não pude falar com vocês como costumo fazer com as pessoas que têm o Espírito de Deus. Tive de falar com vocês como se vocês fossem pessoas do mundo, como se fossem crianças na fé cristã. Tive de alimentá-los com leite e não com comida forte, pois vocês não estavam prontos para isso (I Co 3:1,20). Ele escreve isso para crentes antigos que ainda viviam na meninice.

O autor da carta aos Hebreus é outro que fala asperamente com alguns cristãos que não haviam buscado o crescimento. Ele queria falar sobre alguns assuntos mais elevados, porém aqueles ainda não podiam entender, por serem ainda infantis. Irritado ele diz: Depois de tanto tempo, vocês já deviam ser mestres, mas ainda precisam de alguém que lhes ensinem as primeiras lições dos ensinamentos de Deus. Em vez de alimentos sólidos, vocês ainda precisam de leite. E quem precisa de leite ainda é criança e não tem nenhuma experiência para saber o que está certo ou errado. Porém a comida dos adultos é sólida, pois eles pela prática sabem a diferença entre o que é bom e o que é mau (Hb 5: 12 a 14).

Para o autor da carta aos hebreus, a prática diária de alimentação da Palavra é a dieta correta e saudável para nos ajudar no discernimento “entre o que é bom e o que mau”. É o meio pelo qual deixamos de ser meninos.

Tanto quanto a Maria Eduarda deseja apaixonadamente os seios da mãe, como nos aconselha Pedro, devemos desejar “ardentemente” a Palavra de Deus para não ouvirmos de Jesus Cristo a mesma palavra que alguns saduceus ouviram: Como vocês estão errados, não conhecendo nem as Escrituras Sagradas nem o poder de Deus (Mt 22:29).

1 de out. de 2013

E agora José?

Era um rapaz apaixonado. Não se contentava de tanta alegria. Achava que o seu coração explodiria a qualquer instante de tanto amor. Quando olhava nos olhos dela tinha certeza absoluta de que ela era a sua costela perdida. Sentia uma vontade enorme de estar sempre ao lado dela, e sabia que era correspondido. Ela constantemente dizia que não via a hora do casamento chegar para viverem juntos todos os minutos daquele amor, com mais intensidade.

Seus amigos não se cansavam de lhe dizer o quanto ele era abençoado por estar com ela. Uma jovem de boa família, correta, tranquila, sensata, equilibrada, educada, prendada e, além do mais, uma cristã exemplar. Ela era bonita. Muito bonita. Para ele, a mais linda do mundo.

Um belo dia ele sai de casa todo faceiro, com um sorriso nos lábios que ia de orelha a orelha. Ele vai namorar. Compra uma caixa dos melhores chocolates e um lindo arranjo das mais lindas flores para sua amada. Pelo caminho sorria para todos. Cantava feliz. Os pássaros cantavam ao seu redor. Os cachorrinhos passavam abanando suas caldas como que compartilhando da alegria dele.

Ao vê-lo chegando ela corre feliz para encontrar o seu amado. Depois de um beijo recebe os mimos que ele escolhera cuidadosamente. Depois começam a conversar sobre os preparativos do casamento. Num dado momento ela olha bem nos olhos dele e diz:
- Amor, preciso lhe falar uma coisa.
- O que meu amor. Sou todo ouvidos para você. Fale.
- Não sei se você vai entender - diz ela com olhinhos baixos, que pediam socorro.
- Claro que vou entender meu amor. Pode dizer o que você quiser que eu compreenderei perfeitamente – diz ele todo seguro de si.

Coitado, não imaginava a bomba que ela tinha para explodir em suas mãos.
- Amor – ela murmura, fazendo uma pausa antes de continuar- eu estou grávida!
- Hã?!?!?! – foi a única coisa que ele conseguiu esboçar.

E agora José? Duvidar da verdade ou crer na mentira?

Claro, esta é minha versão para a história de José e Maria narrada por Mateus (Mt 1:18 a 25). Um história que provavelmente tem acontecido com bastante frequência nos nossos dias. Talvez você conheça algumas. Mas a de José e Maria tem um aperitivo que as modernas não têm, pois antes que ele tivesse um ataque Maria diz com voz bem suave:
- Foi o Espírito Santo.

Fico imaginando a cara de José. Olhos arregalados, a boca seca e a respiração quase parada. Quantas coisas passaram na cabeça dele naquele momento.  Quantas promessas de fidelidade. Quantas oportunidades ele teve para provar que era fiel. Quanto ele tinha aberto mão para ficar com ela e realizar seus sonhos de um casamento feliz. E agora isso...

Seja honesto, você acreditaria numa história dessas? Grávida pelo Espírito Santo? Qual é Maria, conta outra. José também não acreditou. Foi para sua casa arrastando os pés, chutando latas, cachorros, pedras e tudo mais que estivesse à sua frente. Agora tudo estava acabado. O que fazer? Como aquilo acontecera depois de tantas juras de amor e fidelidade?

O texto diz que José era um cara correto, e preocupou-se em desfazer o contrato de casamento sem difamar Maria. Esse cara deveria ser um santo mesmo. Provavelmente eu e você não teríamos a mesma atitude.

José volta pra casa mais cedo com um olhar triste e vai deitar-se. Rola de um lado para o outro na cama e tem dificuldade de dormir. Quando finalmente pega no sono, tem um sonho onde um anjo lhe avisa que Maria estava certa. Ele deveria casar-se com ela, e quando o menino nascesse deveria chamar-se Emanuel. Coitado, nem o nome pode escolher.

José casa-se com Maria e só completa a sua lua-de-mel após o nascimento da criança.

Esta é a cena de José na Bíblia. Quem fica bem na fita depois disso é Maria. Mas esse cara me dá uma lição fantástica de obediência irrestrita à vontade de Deus. Fico envergonhado quando vejo histórias como a dele, a de Abraão (Gn 12:1 a 9) e, pior ainda, a de Oséias (Os 1:1 a 3; 3:1,2). Às vezes acho que me pareço mais com o povo de Deus do Velho Testamento, resmungão e desobediente.

Malaquias revela a indignação de Deus com o povo que oferecia sacrifícios com animais defeituosos no templo: E vocês ainda perguntam: Como é que estamos te ofendendo? Pois vocês me ofendem quando acham que têm o direito de profanar o meu altar. E me ofendem também porque pensam que não faz mal me oferecerem animais cegos, aleijados ou doentes. Pois procurem oferecer um animal desses ao governador! Acham que ele o aceitaria com prazer e atenderia os seus pedidos? (Ml 1:7,8). Deus chega a dizer que preferia que os profetas fechassem as portas do templo para que não houvesse mais sacrifícios assim, inúteis. Cultos que não passavam de meros rituais, cultos incompletos, defeituosos.

Qual é o seu grau de obediência a Deus? É ampla e irrestrita, ou você obedece de acordo com sua vontade? Só obedece naquilo que lhe agrada? Você obedece por prazer ou por medo? A obediência faz parte da completude do seu culto a Deus. Sem ela seu culto é defeituoso e não agrada a Deus.

E agora, _________________? (coloque aqui o seu nome)


3 de set. de 2013

Brincando com o perigo.

No texto “Duas Frases” que postei em 07/07/12, falei sobre duas frases que, segundo o lutador Anderson Silva, faziam parte dos ensinamentos de Bruce Lee que ele seguia. A primeira frase diz que o lutador deve “ser como a água, moldável ao corpo do oponente” e a segunda era que ele via “a arte marcial como uma arte de defesa e não de ataque”. Boas frases, que parecem ter sido esquecidas por ele na luta passada.

Talvez ele tenha assistido algumas comédias em pé, ou quem sabe alguns filmes musicais e adaptado novos ensinamentos à sua luta. Mais parecia um comediante ou um dançarino do que um lutador. Creio que, por ser campeão durante muito tempo, cria que a qualquer momento daria um golpe fatal e o inimigo cairia mais uma vez, como já acontecera tantas outras vezes. Brincou, brincou e, depois, brincou de contar estrelinhas esparramado no chão.

Um oponente anterior, numa entrevista, disse que há um certo ar de superioridade e arrogância nas atitudes de Anderson, e o que vimos no ringue nesta ultima luta nos faz acreditar que é verdade. Toda aquela atitude, antes de ser uma motivação para irritar e desestabilizar o oponente, mais me parece desrespeito e desdém, o que mostra que ele ou não aprendeu nada com Bruce Lee, ou esqueceu-se do que aprendeu.

Um ditado antigo diz que quem brinca com fogo se queima, e é uma verdade. Brincar com coisas perigosas não é muito saudável. Brincar com velocidade é uma coisa perigosa, e por isso vemos tantas tragédias nas estradas. Brincar com armas é perigoso, e de vez em quando vemos famílias sofrendo por que uma criança encontrou uma arma onde não devia.

Com o cristão acontece do mesmo jeito. Muitos porque “nasceram na igreja” acham que estão livres da queda. Outros porque fizeram uma série de aulas na igreja, em seminários, ou seja lá onde for, creem que são intocáveis. Esses que se acham com o diploma na mão, acreditam que suportarão toda e qualquer tentação, e nunca cairão. Então começam a brincar com o perigo sem se dar conta do grande risco que correm.

Paulo, em sua carta aos coríntios, faz um alerta que bem serve para quem pensa assim: “Portanto, aquele que pensa que está de pé é melhor ter cuidado para não cair” (I Co 10:12). Pela muita vivência no cristianismo, por estarem enfiados numa igreja todos os dias, por que cantam de braços estendido para o alto, porque oram em voz muito alta e recitam textos e mais textos bíblicos na sua oração, porque dão grandes ofertas, ou tantos outros rituais diários que praticam, acreditam que estão imunes. Então, como o Anderson Silva, menosprezam o adversário e começam a brincar com ele, achando que vai ser fácil derrota-lo a qualquer momento. Baixam a guarda crendo que são suficientemente fortes e rápidos para o ataque finalizador contra o adversário.

Na mesma carta Paulo ensina que Deus “não deixará que vocês sofram tentações que vocês não têm forças para suportar. Quando uma tentação vier, Deus dará forças a vocês para suportá-la, e assim vocês poderão sair dela” (I Co 10:13). Então não somos, NUNCA, fortes o suficiente para vencermos nosso adversário, se não for por Deus. Não é por sabedoria, por sua formação religiosa, pelos muitos rituais praticados, mas, como Paulo fala aos romanos, “em todas essas situações temos a vitória completa por meio daquele que nos amou” (Rm 8:37).

Não fique brincando com o perigo. Agarre-se a Deus o quanto puderes para, ai sim, ser um vencedor.

1 de ago. de 2013

Eu queria que o Papa ficasse aqui.

Uma jovem falando da alegria por tudo que aconteceu nestes dias aqui no Rio, disse: “Eu queria que o Papa ficasse aqui”. Sério, eu também queria. Seria muito bom continuar vivendo tudo que aconteceu aqui nestes dias. Ver uma massa de pessoas em um único lugar, como na missa em Copacabana, sem tumultos, brigas, bebedeiras e outras tantas coisas que acontecem nestes ajuntamentos é algo para se elogiar e desejar que continue.

Foi muito bom ver grupos de jovens andando pela cidade com um bom propósito no coração. Várias línguas falando num só dialeto, o do amor, da paixão, da comunhão com outros iguais e com os diferentes, a linguagem da paz que Deus almeja de todos nós, a cooperação e tantas outras coisas mais.

E o Papa? Confesso que ele me encantou com suas palavras sempre bem corretas. Sua postura como servo humilde, sem prepotências como vemos em alguns que conhecemos. Ele conseguiu em uma semana o que em tantas décadas não conseguiram. Não me causará nenhum espanto se a igreja católica der um upgrade no Brasil depois desta visita.

Agora que o Papa foi embora, toda essa epidemia de boa convivência, amor, compaixão, ardor por Deus, e tudo mais que pudemos ver nestes dias continuará ou ficará na história apenas como mais um grande evento, como a Copa das Confederações, onde muita gente ganhou dinheiro, outros perderam, e outros nem ganharam nem perderam, e mais um gasto exorbitante do dinheiro público? Um evento que dirá que o Rio pode sim receber outros grandes eventos, apesar dos pesares.

O Papa foi embora, e se Deus é brasileiro, como o próprio Papa brincou, ou não, eu não quero saber. O que fica no ar é a pergunta sobre o que será feito com tudo que ele ensinou nestes dias.

Uma das frases dele é que precisamos nos deixar ser “surpreendidos por Deus”. Talvez todos tenham sido surpreendidos pelo Papa aqui nestes dias. Agora ele vai embora e não haverá mais esse contato tão “estreito” com ele. Será que a distancia não fará perder o encantamento, e a surpresa agradável não será substituída pela frieza, pelo esquecimento dos ensinamentos, e dará lugar a volta do antes da visita do Pontífice? O povo tão piedoso e cristão destes dias não voltará cada um para o seu próprio umbigo, como antes?

Sabe o porquê das perguntas?  É muito simples. Quando Cristo esteve aqui causou grande alvoroço, mudou a história, dividiu a história em antes e depois dele, e quando foi embora deixou prometeu: “Eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28:20). Então, temos a promessa da permanência diária dele conosco, a presença real dele ao nosso lado em cada segundo de nossa vida, e que importância temos dado para esse fato? Talvez se ele estivesse passado aqui esta semana, acontecesse um grande alvoroço também, mas e depois?

É totalmente válido para nós o texto irritado que Deus envia através de Malaquias: “O filho respeita o pai, e o escravo respeita o seu senhor. Se eu sou o Pai de vocês, por que é que vocês não me respeitam? Se eu sou o seu Senhor, porque não me temem? Vocês me desprezam, mas mesmo assim perguntam: ‘Como foi que te desprezamos?’” (Ml 1:6).

Eu gostaria que o Papa ficasse aqui. É verdade. Gostaria mesmo. A presença dele aqui, pelo menos durante um bom tempo, faria que as pessoas mudassem um pouco. Pelo menos por um tempo.

Mas Cristo está aqui o tempo todo. Não falo daquele Cristo lá no Corcovado que precisa de manutenção periódica senão cai, mas do Cristo que morreu e ressuscitou por nós. Ele está presente conosco o tempo todo. Então, proponho que tenhamos um pouco mais de reverência com a presença dele, e vivamos uma vida que o agrade. Que realmente represente a importância que ele tem para nós.


É assim que você tem vivido?

1 de jul. de 2013

Sexo com Deus?

Numa tentativa de explicar sua forma de entender o relacionamento com Deus para uma amiga, a melhor comparação que minha esposa encontrou foi com o relacionamento de um casal. É lógico que sua definição tem como base um casal com um relacionamento saudável. A explicação dela me fez pensar em desenvolver a ideia e escrever este texto.

Deus é um Deus de relacionamentos. Ele ama relacionar-se com sua criação. O texto sagrado da criação diz que “ouvindo a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim à tardinha, esconderam-se o homem e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim” (Gn 3:8). Deus, ao cair da tarde, vinha passear no jardim que acabara de criar. Imagino que vinha para olhar cada árvore, cada flor, cada animal, sentir os cheiros, ouvir os barulhos, ouvir o cantar dos pássaros, ter contato com toda aquela maravilha que acabara de criar.

Vinha em busca de relacionamento com sua criatura. Queria conversar com Adão e Eva. Saber das suas descobertas naquele belo jardim. Quais suas preocupações para aquele dia. Quais suas sensações diante de tudo aquilo que ele havia criado para eles. Olhar para eles. Ver seus olhos brilhando pelas descobertas, não só da natureza e de tudo que ela poderia lhes oferecer, mas também pela descoberta um do outro. Pelas sensações que sentiam ao tocarem-se. Tenho certeza que Deus se deliciava a observá-los como duas crianças soltas num belo parque de diversão.

Aquela intimidade era um momento mágico tanto para Deus quanto para o ser humano. Pena que logo depois tudo isso mudou. A opção pela desobediência a Deus criou uma barreira, afastou o homem de Deus e toda aquela intimidade deixou de existir. Mas Deus proveu um meio para que isso fosse possível novamente. E através de Jesus, o homem volta a ter contato com seu Criador, face a face. O homem pode buscar por Deus sempre que quiser. É ai que entra a comparação do relacionamento entre o esposo e a esposa, e entre o homem e Deus.

O dia a dia da família não permite que o relacionamento entre o casal seja sempre igual. Toda a preocupação com os filhos, o trabalho, as atividades na igreja ou em outro lugar, acaba fazendo que o relacionamento tenha momentos de maior ou menor intensidade.

Os filhos tomam muito a atenção da mãe, principalmente quando são pequenos, e nesses momentos o máximo que se pode ter é um olhar, uma troca de rápidas palavras, uma esbarradinha mais provocadora, um beijo rápido. O trabalho tira um do outro por pelo menos metade de um dia. Às vezes nem dá para uma troca de palavras. E, à noite, o cansaço do dia faz com que a cama seja muito mais um lugar de descanso do que de intimidade, e então, um breve “amasso” e nada de intimidade profunda.

Aaahhh, mais existem momentos em que a porta do quarto é trancada, e então, palavras, cheiros, carinhos e carícias, beijos e abraços e a intimidade se aprofunda e não são mais dois, mas um. A vida lá fora é completamente esquecida, os problemas já não existem mais, só o prazer de ficarem juntos e misturados, entrelaçados numa intimidade estonteante, respiração acelerada, até que tudo de repente explode numa sensação incomparável de prazer, felicidade, leveza e relaxamento, frutos da intimidade linda e deliciosa que Deus preparou para o casal.

Assim é com Deus. O dia a dia nos faz quase que esquecer que ele existe. Por vezes, o que nos resta são momentos em que olhamos para o céu e falamos uma ou duas palavras de agradecimento para ele. Outras vezes temos um pouco mais de tempo com ele, seja nos momentos de culto na igreja ou numa rápida devocional na sua hora escolhida.

Mas existem momentos que precisamos obedecer ao que Cristo nos ensinou quando disse: “Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mt 6:6). Ai sim, este é, segundo minha esposa, o momento de “fazer sexo com Deus” (eu pensava que só eu não tinha muito juízo). Pode parecer desrespeitoso para você, mas não vejo assim. Creio que depende da forma como vemos o sexo. Se o sexo foi uma criação de Deus para o homem e a mulher se satisfazerem e tornarem-se um, creio que a palavra pode ser usada sem nenhuma dificuldade para este momento de profunda intimidade com Deus.

Este é aquele momento em que você entra no seu quarto, e tudo mais deixa de ser problema. A vida lá fora parece não existir. Você começa um processo de adoração a Deus numa busca de intimidade, de profundidade, e aos poucos vai sendo tomado pela presença fortíssima do poder do Espírito Santo que te inunda de uma forma maravilhosa, e parece que você está em um lugar qualquer menos neste mundo tão conturbado. Talvez no céu, quem sabe?

 A delícia de um momento assim com Deus é algo que você não consegue explicar. Por isso gostei da comparação da Ana, pois me pareceu mais real. Suas forças são renovadas, sua alegria é potencializada, seu amor pelo próximo tem um alcance e uma compreensão muito maior. Sua imagem e semelhança com Deus é aumentada gradativamente.

Quando você sai do seu quarto (não dá vontade de sair), há uma leveza no ar, há uma paz que reina em seu coração, há uma alegria contagiante em você, há brilho nos seus olhos, há sonhos, desejos, vontade de sair e esparramar o que você está sentido com todos. E isso não precisa nem de muito esforço, pois todos ao seu redor vão perceber e usufruir. Vai ser uma alegria estar perto de você. Você será contagiante no seu amor pelo Pai. Vai ser justo no seu proceder. Vai ser vigoroso no seu testemunhar do que Cristo tem feito em sua vida.

Não se escandalize, mas eu creio que o que mais precisamos em nossa vida é de mais desses momentos de “sexo com Deus”.

18 de jun. de 2013

Uma bola de aniversário e os 20 centavos.

Soube de um casal que estava em processo de separação por causa de divergência na preparação da festa de aniversário do filho, sobre as cores das bolas de soprar, ou bexiga, ou balão de festas, seja lá como você conhece aqueles enfeites de aniversário em forma de bola.

Seria apenas esta a grande motivação para aquele divórcio? Claro que não. Várias outras coisas que já estavam acumuladas há tempos pesaram para explodir naquela simples desavença.

Toda essa revolução que está acontecendo em nosso país, essas passeatas que ocorrem com o pretexto do aumento das passagens tem, é claro, e você sabe disso também, toda uma carga de irritação com coisas que já aconteceram.

A corrupção desmedida daquele bando que fica em Brasília só tramando como roubar um pouco mais os cofres públicos, e a cara de pau deles em sempre se dizerem perseguidos por inimigos. Eles desconhecem o texto de Provérbios que diz: “Quem anda com integridade anda com segurança, mas quem segue veredas tortuosas será descoberto” (Pv 10:9).

A saúde publica em situação vergonhosa. A falta de escolas públicas, e as que temos em péssimo estado. Falta de segurança nas ruas. Gastos astronômicos com estádios que depois vão ficar entregue às moscas e o valor que será gasto por partida realizada. Isso tudo, e muito mais, foi juntando, juntando, e acumulou uma revolta no povo que sempre esteve calado. Salomão diz que “A justiça engradece a nação, mas o pecado é uma vergonha para qualquer povo” (Pv 14:34). Somo uma nação envergonhada. Somos motivo de piadas para todos. Somos vistos com um povinho por causa da nossa classe política e suas trapaças. Mas infelizmente isso contagiou uma grande parte da nação. Assim não deixaremos de ser terceiro mundo.

Não gosto da violência nas manifestações, tanto da polícia mal paga e mal preparada, quanto de alguns manifestantes que, penso eu, devem estar ali por um único motivo: tirar a validade do protesto. A quem interessa isso? Só ao governo, que assim pode dizer que é um bando de mauricinhos baderneiros. Acho válida demais toda e qualquer reivindicação com educação e respeito.

Mas o que tenho me perguntado é se esses que estão manifestando nas ruas teriam o desejo de entrarem no mundo político e serem diferentes daqueles que lá já estão. Quando chegar o momento das eleições, em quem votarão? Quais são realmente seus anseios?

Uma grande parte dos que estão na liderança do nosso país já participaram de protestos iguais a estes ou maiores que estes. Onde estão aqueles jovens de cara pintada que se candidataram na corrente daqueles protestos todos por diretas já, ou fora Collor, e outras? Onde estão e o que fazem?

O que fazem os que têm protestado contra a Rede Globo? Muitos reclamam que jornais desta emissora são tendenciosos, mas continuam assistindo. Reclamam das baixarias em suas novelas, mas continuam assistindo e dando ibope.

Para não me delongar mais, sinceramente, espero que a “revolta dos vinte centavos” traga um divórcio entre o povo brasileiro e a classe política sem caráter que está ai, com uma resposta implacável nas próximas eleições, e que surjam entre essa garotada corajosa que protesta hoje, homens e mulheres que tenham a mesma coragem que demonstram nessas passeatas para tornarem-se líderes que realmente façam a diferença, fazendo diferente.

1 de jun. de 2013

O melhor lugar do mundo.

Grumari / RJ - Foto panorâmica de Marcos Estrela

Eu amo lugares tranquilos. Durante muitos anos meu sonho de consumo foi o mesmo do cantor e compositor Peninha:
“Eu queria ter na vida simplesmente Um lugar de mato verde Pra plantar e pra colher. Ter uma casinha branca de varanda, Um quintal e uma janela Para ver o sol nascer.” 
Depois do casamento, por causa da paixão da Ana por praia, acrescentei um lugar próximo ao mar. Com a chegada das filhas, e agora genro e neta, a casinha aumentou.

Para mim esse seria o lugar ideal para terminar os meus dias. Muito verde ao redor, acordar com pássaros cantando, frutas nas árvores, uma hortinha bem ajeitadinha com hortaliças e alguns legumes, bons livros, boas músicas, muita paz, uma praiazinha gostosa para caminhar de mãos dadas com minha linda esposa, água de coco, e outras coisas mais. Para mim esse seria “o” lugar. O meu Éden. O paraíso.

Sempre sonhei em passar a minha lua de mel no Havaí. Era um sonho acalentado pelos filmes da “Sessão da Tarde” com Elvis Presley. Depois descobri que Ana tinha o mesmo sonho. E eu ficava imaginando nós dois no Havaí; Ana com aqueles trajes típicos dançando hula comigo. Seria um sonho!!!! Com um pequeno esforço conseguimos pelo menos rimar: fomos para Guarapari. Não sei se um dia iremos ao Havaí, mas ainda sonhamos. É um lugar que eu gostaria muito de ir com a Ana.

Estes são lugares que para mim seriam os melhores lugares do mundo. Eu sei que para muitos podem parecer pobres esses sonhos, mas são meus sonhos e, então, por favor, me deixe ser pobre. Talvez seu sonho seja morar no Leblon, o metro quadrado mais caro do Rio; ou num daqueles condomínios dos Jardins, em São Paulo, os mais luxuosos e mais caros de lá; ou, quem sabe, viver num daqueles hotéis majestosos de Dubai; ou, quem sabe ainda, em Telluride (EUA) próximo a Aspen, ou Gstaad (Suiça); ou num dos resorts de Wakaya (Ilhas Fiji) onde você pode cruzar a qualquer momento com Nicole Kidman ou, se preferir, com Keith Richards. Eu prefiro a Nicole. De uma coisa eu tenho certeza, por mais bonita que seja a vista da comunidade do Vidigal (RJ), honestamente, não creio que alguém realmente sonhe em morar lá.

Mas, por mais lindos e paradisíacos que sejam estes lugares, ainda existe um lugar que suplanta todos eles em beleza, paz, felicidade e em todo e qualquer sentimento ou sensação que cause prazer. E isso foi percebido pelos autores da música que dá o título a este texto, Lineu Soares e Valdecir Lima. Em sua sensibilidade musical e, com toda certeza, espiritual eles escreveram: 
Mas de todos os lugares, O mais bonito e inspirador É onde fico em oração Junto aos pés do Salvador.”
 Acertaram na mosca (que maldade com o inseto). Não há no mundo lugar algum que seja melhor do que estar aos pés de Cristo. É uma emoção que não se pode fotografar e colocar em calendários, como se fosse uma bela paisagem. Não é possível explicar como é a sensação para quem nunca foi àquele lugar poder sentir. Não dá. Só provando. Só quem vive essa sensação conhece e não consegue explicar corretamente. É como alguns convites de festa: individual e intransferível. Só você pode usufruir.

Aos pés de Cristo é o lugar de receber perdão como nos mostra Lucas: “E eis que uma mulher pecadora que havia na cidade, quando soube que ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro com bálsamo; e estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas e os enxugava com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés e ungia-os com o bálsamo” (Lc 7:37,38). Esta mulher chamada de pecadora encontra o melhor lugar do mundo e ouve de Cristo: “Perdoados lhe são os pecados, que são muitos” (Lc 7:47).

Aos pés de Cristo o endemoniado gadareno encontrou descanso: “Saíram, pois, a ver o que tinha acontecido, e foram ter com Jesus, a cujos pés acharam sentado, vestido e em perfeito juízo, o homem de quem havia saído os demônios” (Lc 8:35). Este pobre homem que sofrera durante tanto tempo com as maldades que o Diabo lhe impusera agora estava calmo, sereno e tranquilo, sentado aos pés de Cristo onde encontrara o descanso para sua vida.

Aos pés de Cristo encontramos alívio para nossas aflições: “Certa mulher, cuja filha estava possessa de um espírito imundo, ouvindo falar dele, veio e prostrou-se-lhe aos pés; e rogava-lhe que expulsasse de sua filha o demônio. Então ele lhe disse: Por essa palavra, vai; o demônio já saiu de tua filha. E, voltando ela para casa, achou a menina deitada sobre a cama, e que o demônio já havia saído” (Mc 7:25,26,29,30). Aquela mãe deve ter saltado de alegria ao ver sua filha livre de perturbação.

Aos pés de Cristo adquirimos sabedoria: “Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado, onde certa mulher chamada Marta o recebeu em sua casa. Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo a sua palavra” (Lc:10:38,39). Marta queria que sua casa parecesse um bom lugar e preocupou-se em arrumar, limpar, cozinhar. Maria encontrou o melhor lugar do mundo e aproveitou a oportunidade para aprender mais. Deu prioridade ao que é prioridade.

Aos pés de Cristo muita gente encontrou cura: “Uma grande multidão dirigiu-se a ele, levando-lhe os mancos, os aleijados, os cegos, os mudos e muitos outros, e os colocaram aos seus pés; e ele os curou” (Mt 15:30). A ninguém o Mestre decepcionou.

Assim, percebemos que não é o espaço geográfico onde você está que irá definir qual é o melhor lugar do mundo. A inspiradíssima poesia de Lineu Soares e Valdecir Lima nos diz que
“Ao sentir a paz de Deus Seu poder e amor profundo, Eu posso estar onde for, Estou feliz por me encontrar No melhor lugar do mundo.”
Então, seja numa casinha branca com janelas, seja num luxuoso hotel em Dubai, seja numa palafita em uma comunidade bem pobre, é possível estar no melhor do mundo. Nosso sentimento deve ser o mesmo de Simão Pedro quando disse: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus” (Jo 6: 68).


O melhor lugar do mundo é onde a presença de Jesus se faz sentir de maneira que quase da para tocar com as mãos. É onde devemos querer ficar. E esse lugar só você pode encontrar.

1 de mai. de 2013

Palavras


É interessante como as palavras com o passar dos anos vão tomando uma dimensão diferente. Parecem perder ou aumentar seu valor. Algumas “novas” surgem com uma força enorme. Outras parecem jogadas ao lixo.

Nos meus tempos de escola nem imaginávamos que um dia iríamos conhecer a palavra que definiria nossas “brincadeiras” como um mal assustador: bulling. Tive a alegria de nunca ter apelidos. Talvez meus colegas de escola achassem que meu nome já era um apelido, não sei. Mas passei pelos meus anos escolares sem essas coisas.

Algumas palavras que antigamente não se ouviam na boca de algumas mulheres, agora saem tão facilmente que me deixa sem saber se foram estas palavras que mudaram seus significados, ou estas mulheres que perderam o seu. Palavras que não deveriam sair de suas bocas jamais. Tão ou mais feias que o cigarro em suas bocas. Não estou sendo machista. Sou mais feminista do que as mulheres que se acham feministas falando estas coisas. Algumas palavras masculinizam as mulheres, e são feias mesmo para os homens.

Tornou-se muito comum o uso de algumas palavras nas telinhas dentro de nossas casas, que até bem pouco tempo atrás não eram faladas assim. Sempre que aparece uma dessas no facebook eu excluo a mensagem, seja de quem for. Tenho visto algumas dessas em textos escritos por cristãos. Talvez eu seja um caretão, né? Mas prefiro ser assim. Entendo que quando Paulo disse aos colossenses para despojarem-se das “palavras torpes da vossa boca” (Cl 3:8), ele não pensava só na palavra falada.

Prefiro viver com o pensamento do salmista que disse: “Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!” (Sl 19:14). Em sua ladainha com Jó, Eliú diz: “As minhas palavras declaram a integridade do meu coração” (Jó 33:30), Então, se a boca fala daquilo que o coração está cheio, um coração cheio das palavras de Deus irá, com certeza, provocar palavras que satisfazem a Deus e provoquem crescimento, paz, conforto e alegria em que as ouve.

É isto que acontece com você? Do que seu coração está cheio?

20 de abr. de 2013

O pecado é gostoso...


Durante um tempo morou uma mulher na casa dos meus pais. Não sei por que ela foi morar lá, mas foi. Era uma mulher que me chamava atenção. Um belo dia estava sentado no chão da varanda da cozinha, fazendo uma pipa, e ela estava lavando umas roupas no tanque a uma distância de 2 metros, mais ou menos. Conforme o movimento que ela fazia eu tinha uma visão perturbadora para um adolescente. Fiz um gesto para ela e tive como resposta uma pergunta: “Você sabe o que é isso?”. Não poderia deixar de dizer que sim, e ouvi a sentença que me deixou mais agitado ainda: “Esta noite vamos ver se sabe mesmo”.

Na calada daquela noite ela veio deitar-se na minha cama dizendo que iria me ensinar o que o meu gesto queria dizer. Não sei quanto tempo demorou, mas foi o suficiente para eu ter uma aula, ao mesmo tempo, agradável e assustadora. Assustadora pelo medo de que meu pai, ou minha mãe, acordasse para ir ao banheiro ou beber água e descobrisse o que estava acontecendo.

Minha primeira experiência. E, sério, foi muito bom.

Se você esperava que eu fosse dizer que detestei, que aquilo era coisa do capeta, ou qualquer coisa nesse sentido, sinto muito. Foi muito bom.

Esse é o problema do pecado, ele é um negócio bom. O pecado promete e dá prazer instantâneo. É infalível. Tudo que cerca o pecado, principalmente na área sexual, é bem prazeroso. O Diabo não seria burro de usar uma coisa repugnante, feia, sem graça, que não prometesse muito prazer. O texto bíblico da tentação de Eva mostra isso de maneira clara quando diz que “a mulher viu que a árvore PARECIA AGRADÁVEL ao paladar, era ATRAENTE AOS OLHOS e, além disso, DESEJÁVEL ...” (Gn 3:6).

Preste atenção a este outro texto: “Da janela de minha casa olhei através da grade, e vi entre os inexperientes, no meio dos jovens, um rapaz sem juízo. Ele vinha pela rua, próximo à esquina de certa mulher, andando em direção a casa dela. Era crepúsculo, o entardecer do dia, chegavam as sombras da noite, crescia a escuridão. A mulher veio então ao seu encontro, vestida como prostituta, cheia de astúcia no coração. (Ela é espalhafatosa e provocadora, seus pés nunca param em casa; uma hora na rua, outra nas praças, em cada esquina fica à espreita.) Ela agarrou o rapaz, beijou-o e lhe disse descaradamente: “Tenho em casa carne dos sacrifícios de comunhão, que fiz para cumprir os meus votos. Por isso saí para encontra-lo; vim à sua procura e o encontrei! Estendi sobre o meu leito cobertas de linho fino do Egito. Perfumei a minha cama com mirra, aloés e canela. Venha, vamos embriagar-nos de carícias até o amanhecer; gozemos das delicias do amor! Pois o meu marido não está em casa; partiu para uma longa viagem. Levou uma bolsa cheia de prata e não voltará antes da lua cheia. Com a sedução das palavras o persuadiu, e o atraiu com o dulçor dos lábios” (Pv 7:6 a 21).

Fala sério, não é uma baita cantada? Qual homem não viajaria com uma oferta desta? Sua imaginação voaria a mil por hora, e iria ver o quarto todo prontinho para o amor; sentiria os cheiros que ela disse ter colocado na cama. O texto não diz se era uma mulher bonita, mas provavelmente sim. Com roupas bem sensuais, chega e dá-lhe um beijo. O texto de diz que “imediatamente ele a seguiu...” (PV 7:22). É lógico que ele a seguiu. Nem precisava ter escrito isso. É tentação demais. Talvez você esteja pensando: “Eu resistiria”. Eu lhe garanto que HOJE eu também resistiria. Mas, no meu tempo de adolescente, sinceramente, não posso dizer que sim. Não vou ser hipócrita. Provavelmente eu cairia.

Nos esquecemos de que um dia fomos adolescentes e jovens, e que fizemos coisas das quais nos envergonhamos, e na vontade de querer evitar a tragédia dos que estão ao nosso alcance passamos uma imagem de infalíveis para eles, jogando um peso enorme sobre seus ombros, fazendo-os se sentirem os piores seres do mundo. Uns fracotes, inconsequentes, terríveis pecadores que sofrerão o castigo eterno por que, em algum momento, como nós também, caíram em uma cilada. Sempre pintamos o Diabo com cores vermelhas, pavorosas. Mas sabemos que não é assim. Ele tem as cores que agradam nossos olhos. Tem os sabores que saciam nosso apetite. Tem os cheiros que nos embriagam.

Assim, se você parar para pensar, vai perceber que não estou muito longe da razão. As coisas acontecem assim. A Palavra de Deus nos mostra uma grande quantidade de servos usados por Deus, que mesmo enquanto trabalhavam sob a direção de Deus, tropeçavam feio e caiam profundamente nessas armadilhas tão bem armadas pelo nosso inimigo.

Conta-se que três amigos disputavam para ver quem conseguiria chegar o mais próximo possível de um precipício, e que um deles disse que chegaria até dois passos de distância; um segundo, até um passo; o terceiro, porém, disse que ele preferia ficar o mais longe possível para evitar qualquer problema. É apenas uma história, provavelmente criada por alguém para ilustrar uma atitude correta que devemos ter.

O livro de Provérbios nos avisa que “há caminho que parece certo ao homem, mas no final conduz à morte” (Pv 14:12). O melhor que podemos fazer é evitar a proximidade do precipício, pois basta uma escorregadinha para quem está muito próximo para ser o fim. Como nos ensina Tiago: “Cada um, porém, é tentado pelo próprio mau desejo, sendo por este arrastado e seduzido. Então esse desejo, tendo concebido, dá à luz o pecado, e o pecado, após ter se consumado, gera a morte” (Tg 1:14,15). A nossa inclinação nos leva a desejar, e o fato de estarmos próximo ao abismo, nos faz cair nele, e a morte é a consequência. Por isso é melhor evitar a proximidade com o abismo.

O pecado é gostoso sim, mas as consequências dele são extremamente desastrosas. Por isso não dá para brincar com ele. Dizem que quem brinca com fogo se queima. Tenho certeza que quem brinca com o pecado acaba pecando. Não dá para andar muito perto dele sem pisar em suas trilhas. Somos fracos, suscetíveis a queda, falíveis sim senhor. Não temos forças para resistir. Mas Deus nos dá a garantia que podemos resistir. Tiago nos avisa: “Submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4:7). A resistência só é possível com a submissão a Deus. Através de Isaías Deus nos promete a vitória quando diz que “eu sou o Senhor, o seu Deus, que o segura pela mão direita e lhe diz: "Não tema eu o ajudarei” (Is 41:13).

Não se engane. O pecado é gostoso sim, e por isso só com a ajuda de Deus, com a submissão total a Ele, seremos capazes de resistir, pois já não seremos mais nós, mas o Espírito Santo que habita em nós que fará a resistência.

10 de abr. de 2013

Vida de crente.


Pensando bem, a vida de crente parece ser um negócio muito chato. Sem graça. O crente não pode fazer nada, ir a lugar algum, beber nada, enfim, o crente só pode ir à igreja. Venha comigo.

Segunda-feira.
O crente - Depois de ter ido dormir a meia-noite, pois o culto de domingo acabou tarde, tem que acordar cedo para ir trabalhar. Ao final do dia, alguns vão estudar, outros para os pequenos grupos, células, casados-para-sempre, ou seja lá o que for que a sua igreja faz. Muitos vão para suas casas e ficam com a família.

O não crente - Alguns, às seis horas da manhã ainda estão saindo da balada e muitos vão direto para o trabalho. Não sei como aguentam, mas vão. Os que não passaram a noite toda na balada também acordam cedo para trabalhar. À noite, ou vão estudar ou vão tomar uma geladinha rever os amigos que não viam desde a noite anterior.

Terça-feira.
Os dois grupos trabalham normalmente. A diferença é que aqueles que passaram a noite anterior na balada, esta noite dormirão mais cedo. No final da noite, às vezes, os dois grupos vão passear com a família no shopping.

Quarta-feira.
O crente – A noite vai á igreja para o culto de oração. Era assim que se chamava antigamente. Hoje as igrejas estão inventando nomes mais criativos para ver se atraem os fiéis.

O não crente – A noite vai sofrer com seu time de coração na TV ou no estádio, para o cinema ou continuam sua vida de bar em bar.

Quinta-feira.

É mais um dia normal para os dois grupos. Trabalho, estudos, etc.

Sexta-feira.

O crente - É mais um dia de rotina. Para alguns, as vezes, muda um pouco. Tem uma atividade qualquer na igreja, e lá vai ele.

O não crente - Tem seu dia normal de trabalho. Ou quase normal, pois, nesse dia, ele já vai trabalhar com uma roupa que dá para ir direto para a balada. Ele passa o dia contando as horas para o fim do expediente e, a cada minuto, revendo sua agenda para a noite. Liga várias vezes para a galera confirmando onde vai rolar uma parada legal. Sai do trabalho como se o dia estivesse começando e vai todo animado encontrar a galera, com quem vai ficar até de madrugada, ou a noite toda, bebendo, dançando, fumando, pegando todas ou todos, sem um pingo de cansaço, afinal, a noite é uma criança.

Sábado

O crente - Acorda um pouco mais tarde, afinal, a semana toda ele acordou cedo e hoje é o seu dia de descansar um pouco mais. Toma seu café, vai à feira ou ao mercado. Outro fica esparramado no sofá vendo o treino de Formula 1 ou algum tele pastor. Alguns vão para a praia com a família ou jogar um futebolzinho. No período da noite vai para um shopping passear com a família, a uma festinha de aniversário ou a algum casamento e, aqueles que acham que não é pecado, a um cinema ver um bom filme, quando não tem nada na igreja...

O não crente - Acorda tarde, pois ficou até de madrugada na balada. Outros estão chegando em casa de manhã e dormem o dia todo, pois ninguém é de ferro, e a noite tem que estar animado novamente. Os que conseguiram dormir e acordar até o meio-dia, a tarde vão para o churrasco com muita cerveja e pagode. Outros vão para a praia, ou jogar um futebol, ou vão passear no shopping, ou vão ao cinema, ou descansam um pouco a tarde para voltar a balada mais tarde.

Domingo

O crente - Levanta cedo, toma seu banho, escolhe a melhor roupa e vai para a igreja. Chega cedo para a Escola Bíblica Dominical (se é que ainda existe), participa do culto até meio-dia. Depois vai para casa almoçar. Algumas mulheres já deixam o almoço preparado, outras fazem quando chegam. Depois sobra aquela pilha de louça suja na pia para ela passar a tarde toda lavando, enquanto o maridão, bonitão, dorme que chega roncar. No final da tarde toma um novo banho e escolhe uma nova melhor roupa para o culto da noite.

O não crente - Mais uma vez acorda mais tarde, toma seu café, bota sua roupa de praia e vai curtir aquela natureza linda que Deus criou. Os homens ficam só apreciando a mulherada que, como diria minha sogra, “perderam a vergonha e estão nuas”; as mulheres olhando as celulites das outras para não verem as suas, os biquínis fora de moda e as gordurinhas das outras, enquanto discutem a novela. Tomam suas geladinhas, comem por ali mesmo e ao final da tarde vão para suas casas descansarem, ou se prepararem para mais balada naquela noite.

É claro que não é só isso. Mas quis fazer uma mostra do que pode parecer para muitos o dia a dia dos crentes e dos não crentes. Mas só esta simples mostra pode fazer parecer que a vida do crente é um negócio muito chato mesmo. Creio que alguns crentes também acham isso, pois, volta e meia, dão uma variada em suas atividades e invadem o campo do não crente (que coisa feia).

Isto depende da visão de futuro de cada um. Se tudo aquilo que nós cristão cremos for uma mera história da carochinha, uma lenda, então vivemos uma vida chata e não aproveitamos nada daquilo que faz a alegria dos que aproveitaram bem seu tempo aqui neste mundo. Como disse Paulo, “se Cristo não foi ressuscitado, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não são ressuscitados. Porque, se os mortos não são ressuscitados, também Cristo não foi ressuscitado. E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã a vossa fé, e ainda estais nos vossos pecados. Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima” (I Co 15: 14 a 17 e 19). Que peninha de nós cristãos se tudo o que cremos não for verdade. Quanto tempo perdido. Somos realmente “dignos de lástima”.

Para falar a verdade, chego a pensar que melhor seria se assim fosse, pois, no fim de tudo não veria ninguém sofrendo. Mas creio firmemente na Palavra de Deus que me garante que um dia Cristo voltará para buscar aqueles que creram nestas “histórias da carochinha”: “Eis que cedo venho; bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro. Eis que cedo venho e está comigo a minha recompensa, para retribuir a cada um segundo a sua obra” (Ap 22:7 e 12). Naquele grande dia todos aqueles que viveram esta vida “chata” ouvirão: “Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25:34).

Eu prefiro viver a vida chata de cristão, não que eu a ache assim. Vida de crente é uma delicia. Eu não a troco por nada neste mundo.

29 de mar. de 2013

Resiliência


Não sei se isso é normal, mas algumas palavras me atraem de maneira mais forte que outras. Uma delas é esta: resiliência. Não sei por que, mas o som dela me faz bem e dá a impressão de que se trata de uma coisa boa. Talvez eu não seja muito normal, mas sou assim. Eu gosto de pensar nas palavras.

Resiliência talvez tenha como melhor explicação o que acontece com a mola ou o elástico, que depois de sofrer a pressão volta ao estado anterior.

Três pessoas em especial me chamam a atenção quanto à resiliência: Isaque, Paulo e, logicamente, Jesus Cristo.

Fico tentando entender o que se passava na cabeça de Isaque enquanto caminhava para o sacrifício (Gn 22: 1 a 14). Fico tentando entender o que se passou em sua cabeça no momento em que viu que ele seria o sacrifício. Ele não era mais um bebê. Poderia ter corrido, imaginando que seu velho pai estava enlouquecendo, e ir contar para sua mãe a loucura que o seu pai estivera próximo de fazer. Mas em lugar algum encontramos registro de qualquer atitude de resistência de Isaque. Provavelmente a convivência com seu pai durante vários anos já fora suficiente para Isaque aprender sobre fé, mas ir como um cordeirinho para o matadouro é algo que merece respeito.

O tal espinho na carne do apóstolo Paulo é algo que tem provocado a imaginação de muita gente (II Co 12:7 a 10). O que seria que esse homem tão corajoso e tão forte diante de tantos outros sofrimentos passados sem nenhuma reclamação, poderia ter que o incomodasse tanto e que o faz pedir por três vezes a Deus, em oração, que lhe fosse retirado? Nem mesmo a sogra, como dizem alguns engraçadinhos, poderia dar tanto desespero a esse homem. Mas Deus lhe nega essa bênção, e diz simplesmente: “a minha graça te basta” (II Co 12:9). E Paulo continua seu trabalho se fortalecendo ainda mais.

Eu, que tenho medo das finas agulhas de injeção, sofro só de pensar nas dores que Cristo passou com aqueles pregos entrando em sua carne para prendê-lo naquela cruz. Como deve ter sido ruim para ele ser julgado por aqueles governantes sem nenhuma moral diante dele; ver toda aquela gente por quem ele fez tanto, e iria fazer muito mais, tratando-o daquela forma; ver seus discípulos abandonando-o. O sofrimento por saber o que o esperava era tanto que, “o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até o chão” (Lc 22:44), mas ele continua firme com o propósito que havia sido estabelecido pelo Pai. Sofreu todas estas dores para nos dar a chance de nos livrarmos das dores do inferno.

Creio que nenhum de nós iria criticá-los por reclamar muito de Deus e até mesmo abandoná-lo. Por muito menos, provavelmente, muitos de nós teríamos fugido.

Isaque poderia ter pensado: Que Deus é esse que leva meu pai a tomar a decisão de matar-me sobre o altar? Que pai é esse que concorda com isso? Com tantos animais que poderiam ser sacrificados lá nos pastos, porque justamente eu?

Paulo poderia ter argumentado: Porque, apesar de tantos sacrifícios já feitos em sua obra, Deus não me livra deste espinho na carne que me faz sofrer tanto? Será que tudo que tenho passado ainda é pouco?

Quanto a Jesus, o que o levou a aceitar pacificamente todo aquele sofrimento? Ele sabia muito bem o que iria enfrentar, pois havia planejado cada passo com o Pai. Em um momento ele chega a argumentar sobre uma mudança nos planos, mas deixa claro para o Pai que “todavia não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc 22:42).

De acordo com a Wikipédia “a resiliência é um conceito psicológico emprestado da física, definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas. Job, que estudou a resiliência em organizações, argumenta que a resiliência se trata de uma tomada de decisão quando alguém depara com um contexto entre a tensão do ambiente e a vontade de vencer. Essas decisões propiciam forças na pessoa para enfrentar a adversidade. Assim entendido, pode-se considerar que a resiliência é uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades”.

Para outros autores, embora resiliência seja algo muito pessoal, quando o resiliente recebe apoio externo, de outro individuo, sua capacidade de suportar é bem maior. A Wikipédia diz ainda que Job acredita que, com o fator otimismo, ocorre na resiliência a crença de que as coisas podem mudar para melhor. Há um investimento contínuo de esperança e, por isso mesmo, a convicção da capacidade de controlar o destino da vida, mesmo quando o poder de decisão esteja fora das mãos".

Os três personagens bíblicos que me fizeram pensar na resiliência mostram bem essas características. Eles sabiam que havia um fator externo, Deus. Então tomaram a decisão de enfrentar todas as adversidades, pois sabiam que estavam no controle de seus destinos, enquanto resilientes à vontade de Deus, mesmo que a decisão sobre seus destinos não mais estivessem sob sua guarda, mas sim nas mãos de Deus.

É confuso e parece contraditório, mas é exatamente isso que Deus espera daqueles que são seus servos. Carlos Drumond de Andrade escreveu: "A dor é inevitável. O sofrimento, opcional". Deus espera que eu e você optemos pelo sofrimento para cumprir sua vontade em nossa vida, se for preciso, pois ele providenciará todos os fatores necessários para que possamos enfrentar e superar todas as adversidades, na certeza de que Ele, Deus, tem em suas mãos o poder de decisão sobre o nosso destino.