Já disse que sou apaixonado por desenho animado. Um desses que revejo
várias vezes é “Procurando Nemo”. Acho fantástica a dedicação daquele pai meio
atrapalhado, medroso, mas, com uma paixão imensa pelo filho. Uma dedicação que
o leva a ultrapassar todos os seus limites em busca do filho que se havia
perdido. Por todos os perigos e ameaças que enfrentou na sua procura, seria
completamente compreensível se tivesse desistido e, quem sabe, continuado com a
Dory para ter novos Nemos. Mas ele vai até o final e volta feliz com o seu
filho.
Não consigo entender alguns pais que por muito pouco desistem dos
filhos. Eu não me vejo desistindo das minhas filhas. Em qualquer situação que
elas se meterem, eu estarei por lá. Se for necessário brigar com elas por algum
erro cometido, eu brigarei. Mas também brigarei por elas sempre. Isso eu
aprendi com meu pai. Um homem simples que deu e continua dando lições para a
vida toda. Quantas coisas aprendi com ele.
Com toda a sua simplicidade e dentro dos seus limites, não deixou que
nada faltasse em nossa casa. Sua preocupação com nossa vida moral sempre foi
muito grande. Nos educou nos caminhos cristãos mais dando exemplo do que falando.
E quando alguns de nós por algum motivo nos desviamos nunca nos julgou e nem nos
abandonou. Ao contrário, se preocupava intensamente e, acima de tudo, nos
entregava a Deus em suas constantes orações ajoelhado ao lado da sua cama.
Hoje todos nós já somos bem grandinhos, alguns até um pouco velhinhos,
mas seu amor, sua preocupação, sua dedicação, para com todos continua igual. É
como se ainda fôssemos bem pequenos. Eu tenho um grande exemplo a seguir como
pai. Se em algum momento eu falhei, ou vier a falhar como pai, não será por
culpa dele. Foi, e é, o melhor pai que alguém poderia ter. Nunca tive
dificuldades para entender Deus como pai, por que a figura de pai para mim é
uma coisa fantástica.
Todo filho, eu creio, dependendo do pai, virá a ser igual ou bem
semelhante ao pai. Dou graças a Deus por que sou bastante parecido com o meu.
Minha avó Angelina, mãe do meu pai, me olhava com seus lindos olhos azuis, seu
cabelo branquinho e um pouco grande enrolado em um coque preso com um grande
grampo, tipo um arame bem fininho, no alto da nuca, e com um sorriso bem doce
me dizia o quanto eu era parecido com meu pai. Ninguém melhor do que ela para
dizer isso. E eu sou muito feliz por ver que isso é verdade. Tenho tentado ser
igual, mas ainda estou em falta.
Isto me lembra a expressão do apóstolo Paulo que tinha a coragem de
dizer: “Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo” (I Co 11:1).
Creio que posso imitar meu pai, pois ele se parece com Cristo. Acho
mesmo que posso pedir as minhas filhas que me imitem, pois, se não me pareço
totalmente com Cristo, pelo menos tenho tentado.
Seu filho se parece com você em seus gestos, suas atitudes, suas
palavras? Se seu filho vier a se parecer com você, como ele será? Seu filho
pode ser parecido com você?
Um dia, vendo o nome de uma flor, eu disse para minha esposa: “Já
tenho meu epitáfio”. Ela, coitada, achando que era sério, perguntou qual. Eu
respondi prontamente: “Aqui jaz mim”. Minhas filhas dizem que isso é piada de
pastor e que, no seminário, deve ter uma aula especial de piadas sem graça para
pastores. Mas, voltando a falar sério, se houvesse uma lei que obrigasse os seus
filhos a escreverem alguma coisa no seu epitáfio (palavrinha feia), o que eles
escreveriam? O que minhas filhas escreveriam?
Pais, pensemos bem em que tipo de pai temos sido. Ainda dá tempo para
mudar as palavras da nossa lápide (palavrinha feia também).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário, pois é sempre bom saber o que você pensa.