"O pecado me atrai, o que é proibido me fascina" é uma
frase atribuída a Clarice Lispector.
Porque será que o proibido nos atrai tanto?
Fico imaginando Adão no paraíso cercado de maravilhosos frutos que
acabaram de ser criados. Frutas para todos os gostos, com sabores
diversificados e maravilhosos, sem agrotóxicos, doces como não imaginamos,
todos ali para ele desfrutar a hora que quisesse. E o cara vai comer justamente daquele fruto
que Deus havia ordenado para que não comesse.
Será que ele já havia comido pelo menos um de todos os outros e
agora só faltava aquele? Qual seria o sabor daquele ali? Seria muito melhor que
todos os outros? Se sim, porque Deus faria uma brincadeira tão sem gosto assim:
deixar justamente o melhor de todos fora do cardápio? Será que valia a pena
desobedecer?
Talvez Adão e Eva ficassem olhando para aquela arvore imaginando
qual seria o sabor daquele fruto proibido e, por não ter muito o que fazer,
ficassem ali comendo com os olhos. Diz o ditado que mente vazia é oficina do
Diabo, então não poderia acontecer outra coisa. Ao ver aqueles olhos cheios de
desejo, o diabo chamou Eva num cantinho e mostra sua audácia ao dizer que Deus
estava mentindo. Revela, então, que o sabor daquele fruto era a mutação de "semelhantes"
para "iguais" a Deus (Gn 3:4). Foi o auge da sedução. Imagine, ser igual
a Deus. Quem não gostaria?
Por falta do que fazer Davi teve o seu momento "Janela
Indiscreta". Passeava pelo terraço do palácio e se deparou com o seu fruto
proibido: a esposa do general Urias (II Sm 11). Ficou ali olhando para a
sensualidade daquele corpo escultural de Bate-Seba que se banhava distraidamente,
e então, direto da sua mente vazia, ouve aquela voz insinuante: "Cara,
você é o rei! Tudo que existe neste reinado é seu, ou deve estar ao seu dispor.
Basta simplesmente uma ordem sua e todos obedecerão. Então, aproveite". E
lá se foi Davi caindo na mesma armadilha que Adão: o desejo pelo proibido.
Tantos outros exemplos conhecemos e até mesmo já vivemos. Claro,
eu e você não estamos livres disso. Este forte desejo pelo que é proibido está vibrando
dentro de nós, e não é muito fácil vencê-lo. Somos constantemente atacados em
todos os sentidos do nosso corpo. Cheiros, paladares, visões, sons e toques que
nos fazem propostas sabidamente tentadoras e pecaminosas, mas que naquele
momento nos parecem totalmente viáveis. Nosso desejo de degustá-las é muito
grande, e se nossa "oficina" estiver vazia aparecerá um invasor que
nos dirá que ninguém está nos vendo, para irmos em frente.
Tiago nos dá a seqüência perfeita que aparece nestes casos.
Segundo ele "cada um, porém, é tentado pelo próprio mau desejo, sendo por
este arrastado e seduzido. Estão esse desejo, tendo concebido, dá à luz o
pecado, e o pecado, após ser consumado, gera a morte" (Tg 1:14,15). Tem
muita gente por aí colocando a culpa de tudo em cima do Diabo. É lógico que ele
tem sua participação, mas muita coisa é culpa nossa, por escolhas erradas que
fazemos.
Desejamos ardentemente algo que é contrario a vontade de Deus,
somos seduzidos e fisgados, mordemos a isca. Caímos na desobediência e ela nos
leva a morte. Nos separamos do Deus que é santo e não pode conviver com o que
não é.
Mas, que rufem os tambores, toquem os clarins em alto e bom som de
vitória, pois João nos dá uma informação vital para um momento como este:
"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os
nossos pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 Jô 1:9). O pecado
confessado é perdoado. Isto não significa que você pode ficar pecando por aí,
depois pede perdão, peca de novo... É lógico que não. O apostolo Paulo pergunta
aos romanos: "Nós, os que morremos para o pecado, como podemos continuar
vivendo nele?" (Rm 6:1).gb
Então, quando seu forte desejo quiser derrubar você, há uma saída
usada até por Cristo: "Está escrito: nem só de pão viverá o homem, mas de
toda palavra que procede da boca de Deus" (Mt 4:4). Use e abuse da palavra
de Deus para vencer seus momentos de tentação.
Paulo nos oferece uma dieta fortíssima para evitarmos problemas:
"tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto,
tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se
houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas. Ponham em
prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram em mim. E o
Deus da paz estará com vocês" (Fp 4:8,9).
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