Conhecer
a cidade de Paraty era um desejo antigo. Finalmente pude realizar meu desejo.
Fui com minha esposa passar um fim de semana lá e foi muito bom. Fizemos um passeio que incluía uma parte da Mata Atlântica. Como foi bom estar ali em
plena mata e encontrar uma cachoeira linda. O barulho das águas, o ar puro,
aquele cheiro de verde, é renovador. Observar aquela mata e toda aquela água
que desce por cima das pedras continuamente é muito, muito gostoso. Numa das
pedras é possível até descer deslizando como se fosse um tobogã.
Ana
sentou-se numa pedra com os pés dentro da água, sentei-me ao lado dela e fiquei
olhando para aquilo tudo e o pensamento voou. Fiquei imaginando o tempo que
aquela cachoeira estava ali. Os caminhos que ela já teve só naquele pequeno
trecho. Dava para ver com clareza que o trajeto atual não é o que sempre foi.
Algumas pedras que hoje estão secas já foram usadas antes como passagem para as
águas. Quantos metros cúbicos de água já rolaram por aquelas pedras abaixo? De
onde vem toda essa água? Antes que qualquer ser humano chegasse ali ela já
estava ali despejando suas águas montanha abaixo. Mesmo que ninguém nunca a
descobrisse ela continuaria ali, levando vida por onde passasse. Não consigo ver uma coisa assim e não pensar
em quem preparou tudo aquilo. Não é possível deixar de ver a mão de Deus ali naquele lugar.
Quando
fez aquilo tudo ele não se preocupou com quem iria ver, possivelmente. Mas fez.
Ele não fez para “mostrar” para quem quer que fosse que ele era o cara. Fez por
que sabia que um dia aquilo seria admirado; que faria, com certeza, alguém
pensar nele, como aconteceu comigo. Mesmo que ninguém pensasse nele,
independentemente do que fosse acontecer ele fez e deixou ali.
É
assim que Deus é. Ele simplesmente é. Sempre, ele será. Independente de mim ou
de você ele é. Independente de qualquer situação ele é amor. Independente de
qualquer atitude nossa ele nos ama, pois ele é amor. Independente do que
pensamos, ou não, a seu respeito, ele é justo, verdadeiro, santo, fiel, digno,
merecedor de toda adoração e louvor.
Tanto
quanto aquela cachoeira, ele continua jorrando amor, compaixão, fidelidade,
carinho, dedicação, e tudo mais que é inerente ao seu ser. Se queremos ou não,
não muda o seu jeito de olhar para cada um de nós.
No
passeio na floresta, Ana e outras pessoas aproveitaram das águas da cachoeira.
Deslizaram pedra abaixo por onde a água corria e ao final mergulhavam no poço
formado ali. Em outra parte entraram num “poção” de águas entre umas pedras. Eu
e outras pessoas não fizemos isso. Saímos de lá secos como chegamos. Assim é o
amor de Deus, quem quer mergulha, aproveita das delícias que é estar ali.
Outras ficam de fora sem aproveitar. Não querem se “molhar” no amor de Deus. Preferem
a sequidão da indiferença para com Deus.
Dentro
de nossas igrejas existem alguns que até chegaram próximo a “água” (Deus), mas
apenas molharam suas mãos e passaram no rosto, ou nos cabelos, ou apenas
molharam os pés. Não mergulharam totalmente para se encharcarem dele. Têm
algumas restrições. Mas
ele está lá, disponível para quem quiser. Pronto para molhar até a alma àqueles
que assim permitirem. Aqueles que mergulharem até o mais profundo.
Quando
chegamos à pousada Ana disse que estava renovada, que a água da cachoeira havia
feito um bem muito grande para ela. É assim também com Deus. Ele renova nossas
forças. Como já nos garantia o profeta Isaías, “Ele dá força ao cansado, e
aumenta as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansarão e se
fatigarão, e os mancebos cairão, mas os que esperam no Senhor renovarão as suas
forças; subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; andarão, e
não se fatigarão” (Is 40:29,31).
Não
espere mais para aproveitar de tudo que ele pode e quer te dar. Deus tem prazer
em nos dar aquilo que desejamos, que nos faz bem, que nos anima, que nos
alegra, que nos fortalece. Não é uma questão de fazer em troca. Não é uma
questão de fazer por merecer. Não é nada disso. No verdadeiro amor isso não
existe. No verdadeiro amor há uma troca espontânea por amor e não por
necessidade ou merecimento. É um dar por dar, por amar, por querer ver o ser
amado feliz, contente, revigorado, extasiado pela inundação do amor recebido.
É
assim que vejo Deus e o seu amor. Eu desfruto disso e sou feliz por isso. Tenho
certeza de que tudo que tenho feito não seria nada em relação ao que recebo. Se
dependesse de merecimento eu nada teria, ou pouco teria. Mas não é assim. Ele
me ama e me dá, sem me cobrar nada. E por gratidão a esse amor eu me dou a ele
e procuro fazer alguma coisa. Não para pagar o que recebo, mas por gratidão
somente.
João
viu “o rio da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e
do Cordeiro” (Ap 22:1), e o rio continua fluindo. Cabe a cada um nós a opção de
nos encharcarmos nesse rio, ou ficarmos de longe olhando os que o fazem. Não
perca tempo, mergulhe neste rio e se deixe levar pela vida abundante que ele te
prometeu.
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