Ontem a noite estava planejando minha manhã de hoje. Acordar bem cedo,
tomar café, ir lá embaixo comprar um formão (ferramenta), fazer copia de uma
chave, comprar comida para calopsita. Lá embaixo porque minha rua é uma
ladeira. Fui dormir e realmente acordei cedo, mesmo sendo um sábado, mas o
tempo não estava para andar. Uma chuva fininha que parecia não acabar nunca, e
aquele friozinho que, para um termômetro corporal adaptado ao sol do Rio de
Janeiro, é quase uma geada.
Não sou muito de sair de casa, ainda mais com um tempo assim. Fui fazer
o café resmungando, chateado por que não poderia fazer o que pretendia. De
repente em minha cabeça latejou um frase: "Eu é quem sei os planos que
tenho para você" (Jr 29:11). Soou como um daqueles socos no
estômago. Tomei meu café tranquilo. Peguei minha Bíblia para meu
devocional. Depois fui limpar a gaiola dos pássaros. A chuva deu uma diminuída.
Tirei umas roupas do varal da área do meu apartamento. Um tempo depois a chuva
cessa e o tempo deu uma esquentadinha. Não tinha sol, mas não estava frio. Sai
para comprar as coisas que precisava.
Quando voltava para casa outro autor bíblico saltou em minha cabeça:
"Você planejou tudo, parecia o dono do mundo. Não sabia nem se acordaria.
Seu besta!" (Tg4:13,14). Esta foi a minha versão do texto. Mais ou menos
isso que o Tiago escreve em sua carta, sobre a nossa soberba por acharmos que
somos eternos e vivermos sem colocar Deus em nossos planejamentos. E é bem
assim que somos. Raramente Deus entra em nossa agenda. Como diz o próprio
Tiago, para qualquer planejamento nosso, deveríamos dizer: "Se o Senhor
quiser..." (Tg 4:15). Seja sincero, você faz isso? Sempre?
Planejamos e não imaginamos que todo o planejamento pode servir para
nada. Mas precisamos planejar, claro. Mas sempre colocar Deus nesse
planejamento. O autor bíblico diz que "quem planeja com cuidado tem
fartura" (Pv 21:5), mas Tiago diz que planejar sem o envolvimento
de Deus é uma atitude maligna (Tg 4:17). É uma atitude
orgulhosa, arrogante, pois, quem age assim, coloca o eu em alta evidencia e
deixa Deus em segundo plano. Ou mesmo fora dele. Ele não é necessário.
No meu caso, voltei para casa e consegui realizar todas as coisas que
tinha planejado. Creio que mais uma vez Deus me concedeu uma oportunidade de
aprender quem sou eu, e quem ele é. Reconhecer o controle de Deus em tudo que
acontece conosco, nossa limitação e dependência total dele, o deixa feliz e nos
faz crescer. Quando achamos que somos "grandes", ele nos mostra que
ainda estamos em construção. Segundo Paulo, "aquele que começou esse bom
trabalho na vida de vocês, vai continua-lo até que ele esteja completo no Dia
de Cristo Jesus" (Fl 1:6). Lembro-me de meu pai, que há algum tempo atrás
disse que nós, seus filhos, ainda somos, para ele, aqueles meninos que viviam
correndo pela casa e continua orando para nosso crescimento.
O autor bíblico avisou: "É crucial que prestemos muita atenção no
que ouvimos, de modo que não nos desviemos" (Hb 2:1). Eu "ouvi"
bem. Valeu Senhor, aprendi a lição.
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