Tenho certeza que ninguém
respondeu “hipopótamo” para alguma dessas perguntas.
O hipopótamo é um bicho
que não tem muita beleza. Embora seja o terceiro maior em porte, só chama
atenção pelo seu tamanho. Na maioria das vezes é um bicho tranquilão. Gosta de
sombra e água fresca, pois passa maior parte do dia na água para se proteger do
sol, e a noite vai comer gramas. Ele tem seu próprio protetor solar. Na água se
movimenta com bastante facilidade. Em terra, quando em perigo, pode atingir até
50 km por hora, levando junto com ele tudo que encontrar pela frente como um
tanque de guerra desgovernado.
Eu não gostaria de ser um hipopótamo.
Mas, se você não sabia,
este bicho é considerado por Deus como o número um da criação. Não acredita?
Então vai ler a Bíblia.
Depois que Jó e seus
“amigos” falam sem parar, Deus chama Jó num cantinho e dá uma dura nele. Na
minha interpretação Deus deve ter falado assim: “Ai Jó, você esta ai todo-todo,
então vou te fazer umas perguntinhas bem básicas para ver se você realmente é
esse bambambam todo, beleza?” Deus faz umas trinta perguntas para Jó, que deve
ter pensado: “Em que fria eu fui me meter”.
Ele não tinha as
respostas. No meio desta avalanche de perguntas Deus diz para Jó: “Contempla
agora o hipopótamo, que eu criei como a ti, que come a erva como o boi” (Jó
40:15). Fala sobre a constituição dele. Um bicho forte, vigoroso, assustador.
E, então, Deus diz de forma bem clara: “Ele ocupa o primeiro lugar entre as
obras de Deus” (Jó 40:19).
Confesso que fiquei
confuso. Um bicho feio daquele o número um? E eu, com toda a minha beleza,
altivez, inteligência, sabedoria, disposição, integridade, imagem e semelhança
de Deus, e muito humilde também, sou o que?
Ah sim, sou a coroa da
criação. Por mais forte e poderoso que o hipopótamo ou outro bicho qualquer
seja, não adianta, ele não será melhor que o homem, nunca. Os animais vivem
pelos instintos, e os homens têm a capacidade de raciocinar, planejar, mudar as
coisas, fazer diferente. O homem foi criado segundo a imagem e semelhança de
Deus, segundo a narrativa da criação de Gênesis (Gn 1:26).
Antônio Neves de Mesquita,
em seu comentário sobre o livro de Gênesis, diz que o homem “é um ser moral,
racional e espiritual. Se em tudo mais ele se pudesse igualar com os outros
animais, sua razão, espiritualidade e moralidade o tornariam infinitamente
superior a qualquer outro animal. Além disso, tem consciência de que é reflexo
de sua natureza moral, tem vontade livre e racional, tem capacidade de escolher
inteligentemente. Estes predicados o tornam o rei de toda a criação”.
É uma infelicidade que o
homem, por sua capacidade e liberdade de fazer escolhas, tenha optado por
desobedecer a Deus, e com isso desfigurou essa imagem e semelhança. Hoje, a
racionalidade, moralidade e espiritualidade do homem, ou talvez a falta de tudo
isso, o leva a fazer coisas que “até Deus duvida”, mas que o Diabo tem certeza
e aplaude. A sabedoria de Salomão já há muitos anos disse que “não há homem
justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque” (Ec 7:20), e Paulo
corrobora com esta afirmação dizendo que “todos pecaram e destituídos estão da
glória de Deus” (Rm 3:23). O pecado tira perfeição da imagem e semelhança do
homem com Deus.
“Não tenham medo. Estou
lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: Hoje, na
cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, o Senhor” (Lc 2: 10,11), disse o anjo
para os pastores no dia do nascimento de Jesus. Portanto, todos nós que
participamos da rebeldia contra a imagem e semelhança de Deus, temos a alegria
de saber que temos uma forma de voltarmos ao projeto original.
Cristo veio para nos
trazer salvação, que não se limita ao perdão dos pecados e ida para o céu, mas
nos dá o Espirito Santo que nos tira da ignorância espiritual, e assim, “com o
rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos
transformados de glória em glória, na sua própria imagem” (II Co 3: 18). A
presença de Cristo em nossa vida, e a liberdade que damos para o agir do
Espírito Santo em nós, nos devolve o que perdemos.
Acabou meu problema. Não
tenho mais ciúmes do hipopótamo. Ele pode ser o bonitão, o fortão, a obra prima
da criação, mas eu sou a coroa da criação, imagem e semelhança de Deus.
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