Para ela, quem sabe, era só mais um momento de
diversão. Para um repórter em um helicóptero, um furo de reportagem. Talvez
para muitos, que acharam engraçado, apenas um animal brincalhão. O que importa
foi a lição que ela deixou para cada um de nós, seres humanos, racionais,
inteligentes, capazes de reconhecer um problema e tentar encontrar uma solução
adequada. Sabrina, a cadelinha que foi flagrada pela câmera mergulhando nas
poluídas águas do rio Tietê e pegando garrafas que boiavam e levando para fora
da água, causou admiração. Segundo a reportagem foram 25 garrafas em 20
minutos.
De onde vieram aquelas garrafas? Quem contribuiu
para que elas estivessem ali? Será que foi um animal irracional e agora, por
sentir culpada pela irracionalidade do outro, Sabrina fazia esse
"trabalho"? Com certeza não. É claro que quem, de alguma maneira,
participou da chegada daquelas garrafas ali foi alguém que gosta de culpar os
governantes pelas enchentes causadas por rios sujos e entupidos. Foi um ser
racional que ainda não está na inteireza da sua racionalidade, por isso toma
atitudes como essa, de jogar lixo nas ruas, nos rios ou em qualquer outro lugar
que não numa lixeira.
De acordo com o relato bíblico da criação, Deus deu
ao homem a tarefa de "cuidar" da terra (Gn 2:15). Isso é o que menos
o homem faz. Interesses econômicos, ganância total, fazem com que o homem
atropele tudo e todos sem pensar no que isso poderá representar daqui a uns
tantos anos. Vivemos uma preocupação mundial com o aquecimento global. Mas
sempre achamos que a culpa é do outro. Sempre achamos que as nossas atitudes
não terão reflexo algum nessas catástrofes que acontecem pelo mundo afora. O
mais assustador é que se o homem não resolver os problemas da natureza, que ele
mesmo criou, em algum momento faltará recursos para sua sobrevivência, como já
temos visto, por exemplo, com a falta de recursos hídricos no Brasil.
Já culparam o próprio cristianismo pela forma
errada da utilização da natureza alegando que os cristãos entenderam errado
quando Deus disse para sujeitar, ou subjugar a terra (Gn 1:28) e dominar sobre
os animais (Gn 1:26) e, por isso, iniciaram processo de destruição da natureza.
Mas pense comigo: Se minha esposa criasse alguma coisa pensando em meu bem
estar e me desse de presente, será que eu iria destruir aquele presente? Será
que eu não procuraria cuidar dele com todo meu carinho? Claro que eu cuidaria
com todo zelo possível, não só pelo beneficio que ele me traria, mas também por
causa do amor que sinto por ela. Seria uma forma de valorizar o presente de uma
pessoa amada. Da mesma forma se eu aprendo que toda natureza foi criada por
Deus pensando em meu bem estar, então, por amar a Deus, e por me amar também eu
tenho que cuidar dela.
Francis A. Schaeffer escreveu que "se
individualmente e na comunidade cristã, trato com integridade as coisas que
Deus tem feito, e as trato com amor porque são dele, as coisas mudam de figura.
Se amo Aquele que ama, amo o que Aquele que ama tem feito". E completa com
um questionamento: "Se não amo o que Deus tem feito, na área humana e da
natureza, amo realmente a Deus?"
Então, se há um cristianismo com uma mensagem de
destruição da natureza é um falso cristianismo. Cuidar da natureza é cuidar da
criação de Deus. Ecologia é um assunto inteiramente cristão. O homem que ama a
Deus e tem um intimo relacionamento com ele não pode pensar e fazer diferente
daquilo que ele propõe nas Escrituras. Nós, homens, e a natureza temos algo em
comum: somos criação de Deus. Toda a narrativa da criação diz que Deus olhava o
que havia feito e achava "bom" (Gn 1:10,12,18,21,25), e após a
criação do homem Deus olha "tudo quanto fizera, e eis que era muito
bom" (Gn 1:31). Deus viu TUDO que acabara de fazer. O "muito
bom" não foi apenas para o homem como queremos entender.
Schaeffer diz ainda que "devemos insistir em
que se renuncie a um pouco dos lucros a fim de que a natureza não seja
explorada. E o primeiro passo é mostrar o fato de que, como cristãos, tanto no
plano individual como comunitário, nós mesmos não violamos a nossa "bela
irmã" movidos por qualquer tipo de cobiça. [...] Como cristãos temos de
aprender a dizer "chega"! Porque, acima de tudo, a cobiça significa a
destruição da natureza e há ocasiões em que é preciso fazer as coisas com
calma".
Tomando aquela cadelinha com exemplo, se cada um de
nós deixarmos de jogar 25 garrafas pets fora do lixo, ou se recolhermos as que
estão fora dele e as colocarmos num recipiente próprio, estaremos contribuindo
em muito para amenizar os problemas da natureza. É um pedido bem simples, mas
que pode ter um grande efeito. Se foi fácil para aquele pequeno animal, imagine
para um animal enorme como eu e você.
Texto muito bom. Realmente a natureza deve ser cuidada. Na verdade nós dependemos da natureza. O desrespeito a natureza significa que estamos nos desrespeitando.... Os seres humanos deve aprender a viver em harmonia com a natureza....
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