"Caiam
os muros, tirem as pedras.
Nossa
unidade não é real.
Se a
verdade é o que pregamos,
Porque
erramos não sendo um?"
Este é
o refrão da musica "Muros" da banda cristã Oficina G3, que eu gosto
muito. Ouvindo esta música, principalmente esta parte, meu pensamento foi parar
nas igrejas. Fico espantado com a rivalidade que vejo entre estas que deveriam
pregar a união e a paz. É algo que esquenta minha cabeça. Há uma competição
velada, ou mesmo escancarada, que me incomoda.
Durante
uma competição internacional no Rio de Janeiro, participei de um grupo que
tinha como alvo realizar alguns eventos com o objetivo de reunir pessoas e
evangelizar. O líder do grupo convidou o pastor de jovens de uma igreja para
participar e trazer seus jovens, e recebeu a seguinte resposta: "Só
participo e levo meus jovens se a igreja tal não participar". E olha que
eram igrejas de uma mesma denominação.
Pastores
que querem ter o seu rebanho maior que o do outro apenas para massagear seu
ego, como se igreja cheia fosse sinal de benção total. Ou quem sabe para dizer
que ele é o cara, e não Deus. Igrejas cheias, se não for realmente ação de
Deus, vira apenas mais um "point" de fim de semana.
Vejo
igrejas que se plantam uma ao lado da outra, ou na frente da outra. Existem
ruas pequenas que estão abarrotadas de igrejas, e os vizinhos com a paciência
esgotada de tanto tumulto que elas criam. Há uma competição assustadora em
busca de almas, mas quase sempre pela "alma financeira" das pessoas.
Algumas funcionam 24 horas por dia, pois as metas financeiras precisam ser
alcançadas. Algumas criam os mais loucos programas para atrair mais e mais
pessoas para seus arraiais, não importando com o que pode parecer.
Trabalho
como capelão numa empresa e realizamos cultos em suas dependências. Um jovem
que participava dos cultos numa determinada base sumiu sem dizer nada. Nem
mesmo falava comigo. Me evitava. Soube, mais tarde, que ele relatou ao seu
pastor que estava cultuando na empresa, e o pastor, quando soube qual era minha
denominação, simplesmente o proibiu. Por que? É uma resposta que não tive, nem
consegui pensar em alguma.
Numa
viagem missionária na cidade de Cerejeiras, em Rondônia, uma senhora que foi
abordada por mim e por outra pessoa que estava comigo, quando soube quem éramos
e o que fazíamos nos escorraçou do seu portão, pois segundo ela, éramos do
Diabo. Só a igreja dela não era. As outras todas eram, segundo ela.
É assim
que vivemos como igrejas, cada uma no seu quadrado.
Jesus
orou assim: "Para que TODOS SEJAM UM, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em
ti; que também ELES SEJAM UM em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.
E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que SEJAM UM, como nós somos
um. Eu neles, e tu em mim, para que ELES SEJAM PERFEITOS EM UNIDADE, e para que
o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me
tens amado a mim" (Jo 17: 20-23). Os grifos são meus.
Qual
será a parte do "para que todos sejam um" que ainda não entendemos. Nos
esquecemos que enquanto competimos para descobrir qual a melhor igreja, ou
comunidade cristã, ou denominação, chame como você quiser, o mundo só piora.
Jesus deixou muito claro que o mundo o conheceria quando fossemos
"perfeitos em unidade".
Fruto
Sagrado, outra banda cristã, em sua musica "O que na verdade somos"
diz que "Se o mundo ainda é mau, o culpado está diante do espelho!"
Tiago compara quem não é praticante da Palavra a "um homem que contempla o
próprio rosto no espelho; porque ele se contempla, vai embora e logo se esquece
de como era" (Tg 1:23,24).
Somos
como os gansos da parábola de Kierkegard, citada por Yancey em seu livro
"Igreja: por que me importar", que todos os domingos caminhavam com
seu andar cambaleante para a igreja. O pastor ganso pregava sobre as
possibilidades que eles tinham de voar bem alto, apreciar as paisagens lá de
cima, alcançar climas abençoados, se apenas obedecessem as ordens do Senhor. Os
irmãos gansos levantavam as asas, gritavam aleluias e faziam todas aquelas
coisas que nós fazemos em nossos cultos animados. Ao final do culto os gansos
voltavam para suas casas, com seu andar cambaleante.
Somos
assim, como os gansos na igreja. Quando será que mudaremos?
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