Estava
num jantar entre amigos e o papo rolava solto regado com muitas gargalhadas,
bem do jeito que deve ser um encontro entre amigos que prezam uma boa amizade.
De repente alguém saca um IPhone e pronto, em poucos minutos já éramos dois
grupos distintos: os com e os sem IPhone.
Um dia
desses estávamos em casa eu, Ana e Isabelle, e quando vimos estávamos os três
conectados em aparelhos diferentes. Estávamos próximos, mas muito distantes.
A tecnologia
tão maravilhosa dos nossos dias, que facilita nossa vida, nos rouba, ela mesma,
o tempo que deveria sobrar para vivermos a nossa humanidade. Somos tão atraídos
por ela que nos perdemos dentro dela e dos seus muitos caminhos e sem perceber
nos tornamos muito virtuais também. Sem vida. Sem sentimentos.
Voltava
de ônibus do Paraná, ao final de mais um Teen Street Brasil, e tentava
sintonizar uma rádio. Finalmente consegui uma que apresentava um programa com o
nome de “As 30 Mais do Sertanejo Jovem”. Quando comecei a ouvir já estavam nas
10 últimas músicas, isto é, as 10 mais votadas naquela semana. O que me chamou
a atenção foi que, entre estas 10 melhores colocadas, apenas uma não falava de
um relacionamento desfeito.
Por que
será que são criadas tantas músicas com este tema? Será apenas imaginação dos
compositores, ou experiências realmente vividas? Por que será que tantas
pessoas se identificam com as situações vividas nestas canções? Será o
relacionamento um grande problema atual? Sou quase levado a afirmar que sim.
O
corre-corre de cada dia nos tem roubado oportunidades de estarmos mais juntos e
fortalecermos laços duradouros. Os nossos próprios interesses nos tem feito
criar relacionamentos do tipo “fast food”, que quando nos saciam são deixados prá
lá, sem criar vínculos saudáveis para uma duração maior. Então, amizades são
passageiras, casamentos acabam, familiares não se falam, crentes não se
suportam e Deus, quando precisar falo com ele.
Nossos
amigos já não têm mais cheiro, mas sim perfis.
Não tem olhos vivos, mas olhos frios das fotos destes perfis. Nossos
relacionamentos são virtuais. Sem contato. Sem calor. Sem sabor. Sem cheiro. Estamos
desaprendendo a nos relacionarmos uns com os outros. As grandes amizades já
quase não existem mais. Amores acabam com muita facilidade. Os relacionamentos
são tão virtuais, que ouvi dizer que numa ação judicial de um funcionário
contra uma empresa em São Paulo, a testemunha indicada pelo funcionário era um
“amigo” do facebook.
Creio
que Cristo pensava diferente quando disse: “Eu
lhes dou este novo mandamento: Amem uns aos outros. Assim como eu os amei, amem
também uns aos outros” (Jo13:34). O amor de Cristo é eterno e não
passageiro. Então, se fôssemos obedientes ao nosso Senhor, não teríamos
problemas de relacionamentos. O evangelho estaria sendo anunciado com uma força
muito maior, pois Cristo continua dizendo: “Se
tiverem amor uns pelos outros, todos saberão que vocês são meus discípulos” (Jo13:35).
Salomão
nos diz de maneira enfática que “O amigo
ama em todo o tempo” (Pv 17:17). Então não há desculpas, mesmo nos momentos
mais complicados, mais difíceis, o amigo tem que estar junto, pois o mesmo
Salomão nos diz: “Não abandones o teu
amigo” (Pv 27:10). Nos momentos em que o amigo mais precisa um do outro é
que percebe que, na realidade, aquele amigo não era tão amigo assim, pois amigo
é amigo mesmo em toda e qualquer situação. Acredito que os amigos virtuais não
teriam essa característica que é essencial para os amigos.
A
verdadeira amizade não tem segredos e quem nos ensinou isso foi o próprio Jesus
Cristo quando disse para os discípulos: “Já
não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas
chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer”
(Jo15:15). Para mim esta é a maior valorização que a verdadeira amizade já
teve: O próprio Jesus Cristo chamar-nos de amigos. Nada poderia ser melhor.
Deus é
um ser relacional, e amizade é relacionamento.
Como estão,
ou são, seus relacionamentos? Seja com a sua família, com amigos, com irmãos na
igreja, com colegas de trabalho ou com seus vizinhos? Sinceros, profundos, duradouros? Ou você faz
parte das “estatísticas” das músicas sertanejas? Muita coisa pode mudar a
partir de você, para melhor ou pior. Pense nisso!
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