A mulher
é a perfeição da criação. Quanto mais convivo com uma, mais creio nisso. Pelo
menos a minha é assim, perfeita. Não perfeita em si mesmo, mas perfeita na
perfeição que é perfeitamente perfeita para mim. Ela é perfeita porque Deus não
faria nada imperfeito. Como ela é a imagem e semelhança de Deus, não poderia
ser mais perfeita.
Ana,
além de tudo isso ainda me mostra que é uma enciclopédia teológica em pessoa.
Como eu aprendo sobre Deus com essa mulher! Com ela eu tenho aprendido a
desenvolver na prática “o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade,
a bondade, a fidelidade a mansidão, o domínio próprio” (Gl 5:22,23) sem o menor
esforço. Muito do que sou hoje devo à convivência com ela.
Hoje aprendi,
na prática, mais uma lição importante. Descobri que de alguma maneira ela usa o
mesmo “relógio” que Deus usa para medir o tempo. Como?
Simples
assim. As 15:25h, eu estava em Juiz de
Fora falando com ela ao telefone quando ela disse: “Espera um pouco. Te ligo
daqui a UM MINUTO”. São agora, exatamente, 22:12h. Portanto 6:47h depois, estou
em Belo Horizonte a uns 250 kms de distância de onde estava, e ela ainda não me
ligou. Se não fosse tanto tempo de prática nas características acima, que são o
fruto do Espirito, com ajuda dela, eu não entenderia que isso é mais uma lição
para mim. Assim compreendo perfeitamente o que Pedro quis dizer em sua segunda
carta quando disse que “um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como
um dia” (II Pe 3:8).
As
mulheres são exatamente assim. Quando querem que nós homens façamos alguma
coisa, um minuto parece ter milhões de minutos. Mas, quando esperamos por elas,
milhões de minutos se tornam um minuto. Elas nos ensinam na prática a entender
as coisas de Deus.
No mundo
prático e ágil em que vivemos esperar é uma coisa do passado. Não sei como
ainda não descobriram uma forma da gravidez durar um ou dois dias apenas. Não
temos mais paciência para coisas que demoram. A internet não pode ser tipo
rápida, tem ser muito rápida. Os carros cada vez correm mais nas ruas. As
pessoas já quase não andam, correm. A comida precisa sair em poucos minutos,
fast-food. Se um saco de pipocas fica pronto em uns míseros segundos porque
ficar naquela pipoqueira antiga, um tempão, rodando aquela manivela? Os cultos
não podem ser longos, quanto mais curtos melhor.
Assim
também agimos com Deus. Não entendemos que Deus não tem o mesmo marcador de
tempo que nós usamos. Ou, talvez, não tenhamos mais paciência para esperar por
Ele também. Talvez, por causa da idade, Ele esteja lento demais para nós. Então
queremos tudo para ontem e não percebemos que Deus tem o tempo dele, e não age
de maneira diferente só porque temos pressa demais. Queremos uma bênção para
logo, e se não recebemos, ficamos zangados e tentamos consegui-la com nossas
próprias mãos. Não temos a paciência para sermos testados por Deus. Não temos a
paciência necessária para vivermos na dependência dele enquanto esperamos pela
resposta. Com a demora, vai batendo um desânimo por não ter conseguido na hora
que nós queríamos, então nos afastamos dele, e fazemos do nosso jeito. Não
confiamos na promessa. Não confiamos nele.
Davi,
que conhecia bem o Deus a quem ele servia, disse com toda certeza: “O Senhor é
o meu pastor; nada me faltará” (Sl 23:1). Mas ele sabia que não era como e
quando ele queria, mas sim do jeito de Deus. Por compreender isso tão bem ele
disse: “Esperei com paciência pelo Senhor, e ele se inclinou para mim e ouviu o
meu clamor” (Sl 40:1). A confiança que Davi tinha em Deus, gerava a paciência
necessária para esperar. Mais tarde Paulo orienta aos filipenses: “Não andeis
ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos
diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças” (Fl 4:6). Ansiedade.
Outro mal que assola nossas vidas. Parente íntima da impaciência.
Não
aguentei mais esperar e acabei de ligar para a Ana. Mas com Deus, quanto mais
esperarmos melhor. A nossa espera nos coloca diante dele como crianças a espera
dos favores dos seus pais. Dependência total e irrestrita. Deus ama isso. Ele
sorri com isso, pois é alegria para o seu coração saber que esperamos porque
confiamos a despeito de qualquer demora que exista. E por isso Davi declara:
“Confia no Senhor e faze o bem; assim habitarás na terra, e te alimentarás em
segurança. Deleita-te também no Senhor, e ele te concederá o que deseja o teu
coração. Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará” (Sl
37:3,4,5). Toda a experiência de vida de Davi com Deus o leva a afirmar: “Fui
moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua
descendência a mendigar o pão” (Sl 37:25).
Sei que
ainda vou ter outras experiências de espera com a Ana. Não me importo.
Esperarei quanto tempo for necessário. Sempre valerá a pena. Assim vou
praticando esperar o momento certo de Deus também. E com certeza sempre será
uma grande alegria esperar pelo momento dele.
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