Há alguns anos passados Ana andou vendendo
umas camisas de malha com frase ou desenhos alusivos a vida cristã. Um dia,
essas camisas estavam numa grande sacola plástica no meio da sala do nosso
apartamento e Caroline, que na época tinha uns cinco anos, estava sentada em
cima daquela sacola. Eu estava na cozinha, lavando louças, e ouvi Ana mandar
que ela saísse de cima daquela sacola, e Carol não atendeu.
Ana veio até a cozinha e disse: “Tá vendo
amor, Carol agora está assim, não obedece mais”. Eu como pai machão, bravo toda
vida, fui para a sala, engrossei a voz disse com cara de pai zangado: “Carol,
sai agora daí de cima!”. Carol, com toda a doçura infantil disse: “Só estou
esperando duas palavrinhas que vocês me ensinaram”. Eu, ainda com voz de pai
zangado, perguntei: “Que duas palavrinhas, Carol?”. Ela, com mais doçura
infantil ainda, disse: “Por favor”.
Sabe numa luta quando alguém leva um soco bem
encaixado logo acima da cintura e o ar falta completamente? Foi assim que me
senti. É lógico que depois dessa não havia alternativa: “Por favor, Carol, saia
daí”, com uma nova tonalidade na voz, que quase não sai por falta de ar. Ela
prontamente saiu, com a sensação do dever cumprido. A lição estava dada.
Nossos filhos sempre nos ensinam alguma coisa.
Nem sempre fazemos aquilo que cobramos deles, ou exigimos que eles façam. Esquecemo-nos,
algumas vezes, que somos exemplos para nossos filhos. Eles estão sempre nos
olhando e aprendendo conosco. Por isso é imprescindível que tenhamos atitudes
compatíveis com nosso discurso, pois nossos atos fazem mais diferença do que
nossas palavras. Ensinar com o exemplo é sempre mais valioso.
Conheço algumas pessoas que dizem que
gostariam que seus filhos frequentassem uma igreja para aprenderem coisas boas,
mas eles mesmos não frequentam nenhuma. Não seria mais fácil leva-los lá? Outro
erro é esperarmos que nas igrejas, nossos filhos aprendam uma coisa que não
praticamos em casa. Conheço um adolescente cristão que algumas vezes me
perguntou sobre beber ou não beber cerveja. Depois de algumas conversas sobre o
assunto, fui a um aniversário em sua casa e chegando lá vi seu pai, um cristão,
com cargo de liderança numa igreja que não aprova a ingestão de bebida
alcoólica, com uma latinha de cerveja, que tentou esconder atrás de alguma
coisa no momento que cheguei.
A Palavra de Deus deixa bem claro o dever dos
pais na educação dos filhos: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e
até quando envelhecer não se desviará dele” (Pv 22:6). E de maneira quase
exagerada exorta: “Estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;
e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando
pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te. Também as atarás por sinal na tua
mão e te serão por frontais entre os teus olhos; e as escreverás nos umbrais de
tua casa, e nas tuas portas” (Dt 6. 6 a 9). Em qualquer hora, em qualquer
tempo, de todas as formas, de todas as maneiras, com todas as possibilidades,
sempre, os pais devem ensinar aos filhos sobre a vontade de Deus. Não apenas
com palavras, mas, e principalmente, com sua própria forma de viver. Sendo
exemplo.
Vejo pais referindo-se a seus filhos, ou
filhas, como muito malcriados e eu penso: “Bem feito para você. Foi você mesmo
que o mal criou”.
Havia um dito popular que dizia: “Adote seu
filho antes que um traficante o faça”. Eu diria: “Eduque seu filho antes que um
colega da escola, do condomínio, ou de outro lugar qualquer o faça”. Mostre a
ele com a sua vida como se deve viver de acordo com a vontade de Deus.
Seu filho em algum momento pode lhe ensinar
alguma coisa, mas tenho certeza absoluta que você tem muito mais a ensiná-lo.
Não perca tempo. Não passe a bola para outro. Não se esqueça de que você é quem
prestará contas a Deus pelo filho, ou filha, que ele te deu o privilégio de
educar.
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