É
muito mais fácil você pegar uma sementinha, plantá-la e guiá-la para que ela
cresça uma arvore certinha do que pegar uma árvore bem crescida, com caule
torto e tentar endireita-la como você gostaria que ela fosse. Talvez a sua
sementinha, quando se tornar uma árvore, não concorde com o modo como você a
guiou.
Os
jovens querem que os adultos aceitem o seu modo de ver as coisas. Esquecem que
aqueles adultos viveram uma geração anterior a sua, e tudo o que eles viram e
aprenderam era muito diferente das coisas de hoje. Algumas mudanças eles
acompanharam e aceitaram, mas uma grande parte é nova para eles. E o que é novo,
normalmente, é difícil para ser assimilado.
A
tendência é uma tentativa de imposição de ideias e conceitos antigos para
cabeças novas. Como resolver coisas novas com idéias velhas? Como olhar o novo
com olhos antigos? Então começa o grande e famoso choque de gerações. Adultos
querendo impor aos os jovens suas ideias, e os jovens não aceitando e empurrado
as ideias “hiper avançadas” para eles.
Quando
os jovens têm uma ideia nova, ou algum gesto que choca os “velhos”, são recriminados,
e tentando se defender, só conseguem, às vezes, complicar um pouco mais. Talvez
por isso George Chapman tenha dito que “os
jovens pensam que os idosos são tolos; os idosos sabem que os jovens são
tolos”.
Então
o que fazer?
Barbara
Russel Chesser em seu livro “O Mito do Casamento Perfeito” diz que “as pessoas de fato precisam considerar
que podem ser julgadas pelo mesmo padrão crítico que usam para avaliar os
outros (...) Muito frequentemente julgamo-nos a partir do ideal, enquanto os
outros por seus atos. Considere, por exemplo, o seguinte:
Eu
ofereço crítica construtiva; você é implicante.
Eu sou
determinado/a; você é teimoso/a.
Eu sou
diplomático/a; você é bajulador/a.
Eu sou
coerente; você é turrão/ona em seu modo de ser.
Eu finco
pé por aquilo em que acredito; você é fanático/a.
Eu
mantenho minhas coisas organizadas; você é um/a neurótico/a compulsivo/a.
Eu uso
discernimento; você é exigente demais.
Eu sou
cuidadoso/a quanto a detalhes; você é um/a chato/a de galocha.
Eu sou
franco/a; você é falador/a.
Eu não
tenho falsa modéstia; você gosta de se vangloriar;
Eu assumo
responsabilidades; você se preocupa à toa.
Eu fico
na moita; você é molenga.
Eu sei
relaxar; você é malandro/a.
Eu vejo
as coisas realisticamente; você é pessimista.
Eu não
aguento impertinência de ninguém; você tira o corpo fora da responsabilidade.
Eu sou
ponderado/a; você é uma lesma.
Eu sou
obsequioso/a; você transige em seus princípios.
Eu
aproveito as oportunidades; você é um abutre.”
No
sermão do monte Jesus Cristo nos faz um alerta: “Não julguem, para que vocês
não sejam julgados, pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a
medida que usarem, também será usada para medir vocês (Mt 7:1,2).
Creio
que os mais jovens deveriam, já que são os novos e com capacidade para mudar,
unir a sua força, sua juventude, sua impetuosidade, com a larga experiência de
vida dos “menos jovens”. Aproveitar a sabedoria adquirida por eles e, com a sua
capacidade de inovação, criar um ambiente onde jovens e velhos possam viver em
paz, um aprendendo com o outro.
Os
jovens precisam ver que um dia, provavelmente, terão que enfrentar, como
velhos, a nova geração de amanhã. Lembrar que também terão os seus filhos os
assustando com as idéias que eles terão. E aí, o que fazer? Será que não agirão
como os seus pais? Será que não serão chamados de “velhos ranzinzas”, “velhos
quadrados”, “ultrapassados” e todos esses adjetivos que volta e meia atiram sobre
seus antepassados?
Pare
agora e veja o que você pode fazer. Use sua capacidade para começar a mudar
desde agora. Prepare-se para entrar no futuro com um mundo melhor preparado por
você, para você mesmo.
Como?
Muito simples.
Como
é o teu relacionamento com os seus pais? Você tenta impor suas coisas ou tenta
compor as coisas? Você é paciente com eles, ou são eles que te aturem por terem
criado você? Será que todas as vezes que você ouve uma bronquinha, recebe como
se fosse um grito de guerra, ou procura argumentar com calma, paciência? Às
vezes o argumento não dá certo nas primeiras tentativas, então você não quer
nem se preocupar com uma segunda e parte para o ataque?
É
necessário que façamos uma busca em nós mesmos para conhecermos nossos
anteriores. É através de nós que teremos um melhor relacionamento. Procure
mudar. Tente. Faça um esforço constante.
Talvez
você não consiga desentortar uma árvore velha, mas consiga adaptar a tua visão
para ver naquela árvore uma beleza diferente.
E
nunca se esqueça de que, um dia, você poderá ser uma árvore velha que precisará
de alguém que mude a visão para achar-te uma árvore linda, mesmo sendo uma
árvore torta.
Ulicio – 21/11/1985
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