Ontem
estava atravessando a rua e quase fui pego por um carro branco com vidros
escuros que avançou o sinal. Ao passar por mim pude ler um letreiro com letras
negras na lateral, que dizia: “Deus é amor”. Depois que ele passou pude ler no
vidro traseiro outra frase: “Propriedade de Jesus”. Se eu fosse atropelado
deveria reclamar com quem? Com o motorista ou com o proprietário? Se eu fosse
atropelado e morresse poderia falar cara a cara com o proprietário, não é
mesmo?
Algumas
perguntas surgem em nossa cabeça nesta situação. Nos dias em que estamos
vivendo, uma delas é: Será que o carro foi roubado e o ladrão está em fuga?
Neste caso acredito que não, pois um ladrão em fuga normalmente imprime
velocidade bem maior do que a que ele estava. Resolvido isso fica outra
questão: Será que ele é crente mesmo, ou comprou este carro de outra pessoa que
era? Esta pode ser uma verdade. Mas, e se não for isso? Será que ele é um
cristão mesmo? Como um cristão anda por ai durante o dia avançando sinais de
transito em lugares de grande trânsito de pedestres?
Outras
situações podem ser de igual valor para pensamos aqui.
Vejo
constantemente pelos campos do nosso país, vários dos nossos “irmãozinhos” que
jogam futebol dando feias “butinadas” nos seus colegas de profissão. Quando o
juiz marca falta, reclama com a maior cara de pau que não fizeram nada e, ainda
pior, movem seus lábios que podem ser lidos à distância com expressões que não
estão nas páginas da Bíblia.
Os
jornais não se cansam de mostrar os políticos evangélicos que estão enfiados
nas cachoeiras, mensalões e todas as maracutaias que rolam pelo Brasil político
afora. Alguns ainda oram agradecendo a Deus suas “receitas”. Será que dão o dízimo???
A
tão “inocente” cola nas salas de aula. Que coisa mais boba. Li certa vez num
livro que todo pecado se resume ao roubo. A mentira é um roubo da verdade que
alguém deveria ouvir. A cola é um roubo daquilo que alguém se esforçou para
aprender. Talvez horas de sono foram perdidas em busca daquele conhecimento, e
agora, com uma esticadinha de pescoço, você surrupia facilmente aquela
resposta.
E
o que dizer daqueles sites esquisitos no escondidinho do quarto à noite? Sem
que ninguém esteja vendo, afinal, todos estão dormindo. Então, “inocentemente”,
você sai passeando por todas as páginas impróprias que não teria coragem de ver
num ambiente onde outras pessoas estivessem.
Ouvi
certa vez um pastor falando da sua experiência com um jovem casal que o procurou
para um aconselhamento. Os dois queriam saber se alguma coisa que faziam no
namoro era pecado. Ele levantou-se da sua cadeira e pediu que os dois fossem
para um sofá que existia em seu gabinete, e se assentassem ali. Depois de um
tempinho em silencio olhando para eles disse: “Vamos lá. Namorem na minha
frente. Façam tudo que vocês fazem no namoro de vocês”. Disse que os dois
ficaram com caras de paisagem, sem saber o que fazer e, por fim, disseram que
não podiam fazer na frente dele, pois tinham vergonha. Então ele disse: “Vocês
sentem vergonha de mim, mas não de Deus?”.
Essa
é a questão. Perdemos a noção da presença de Cristo ao nosso lado como ele
prometeu quando despede os discípulos para o grande “Ide”: “eis que estarei
convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28:20). A nossa dificuldade de ver sem a presença
material é grande demais. Não conseguimos nos manter ligados o tempo todo. Perceber
o invisível que está ao nosso lado não é fácil. Tanto quanto a fé, é um
exercício diário. É prática constante. Desejo de ver. Anseio mesmo de ver, com
os olhos da fé, que Cristo, como prometeu, está SEMPRE ao nosso lado. Por isso
nos permitimos agir como se ninguém estivesse nos observando.
A
Bíblia nos traz a promessa de uma presença contínua do nosso Deus conosco. Mas
parece que isso não nos assusta tanto quanto um policial ou um radar eletrônico
que poderá nos multar, ou placas que nos alertam: “Você está sendo filmado”. Muitos
dirão: “Que bobagem! O que é que tem?” Pode parece uma bobagem, mas olha a que
conclusão chegou Davi em seu relacionamento com Deus: “Para onde me irei do teu
Espírito, ou para onde fugirei da tua presença? Se subir ao céu, tu aí estás;
se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da
alva, se habitar nas extremidades do mar, ainda ali a tua mão me guiará e a tua
destra me susterá. Se eu disser: Ocultem-me as trevas; torne-se em noite a luz
que me circunda; nem ainda as trevas são escuras para ti, mas a noite
resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa” (Sl 139:7
a 12).
Olá, Pr. Ulício.
ResponderExcluirGostei dessa reflexão, principalmente da sábia iniciativa do pastor diante do casal de namorados.
Nós, os que cremos em Deus, precisamos entender que são as nossas ações que dão legitimidade à nossa fé.
"Resplandeça a vossa luz diante dos homens.."
O que significa luz senão atitudes coerentes, equilibradas, que qualificam a vida e glorificam a Deus?
Um abraço.