Não
sei se isso é normal, mas algumas palavras me atraem de maneira mais forte que
outras. Uma delas é esta: resiliência. Não sei por que, mas o som dela me faz
bem e dá a impressão de que se trata de uma coisa boa. Talvez eu não seja muito
normal, mas sou assim. Eu gosto de pensar nas palavras.
Resiliência talvez tenha como melhor explicação o que acontece com a mola ou o elástico, que depois de sofrer a pressão volta ao estado anterior.
Três
pessoas em especial me chamam a atenção quanto à resiliência: Isaque, Paulo e,
logicamente, Jesus Cristo.
Fico
tentando entender o que se passava na cabeça de Isaque enquanto caminhava para
o sacrifício (Gn 22: 1 a 14). Fico tentando entender o que se passou em sua
cabeça no momento em que viu que ele seria o sacrifício. Ele não era mais um
bebê. Poderia ter corrido, imaginando que seu velho pai estava enlouquecendo, e
ir contar para sua mãe a loucura que o seu pai estivera próximo de fazer. Mas
em lugar algum encontramos registro de qualquer atitude de resistência de
Isaque. Provavelmente a convivência com seu pai durante vários anos já fora
suficiente para Isaque aprender sobre fé, mas ir como um cordeirinho para o
matadouro é algo que merece respeito.
O
tal espinho na carne do apóstolo Paulo é algo que tem provocado a imaginação de
muita gente (II Co 12:7 a 10). O que seria que esse homem tão corajoso e tão
forte diante de tantos outros sofrimentos passados sem nenhuma reclamação, poderia
ter que o incomodasse tanto e que o faz pedir por três vezes a Deus, em oração,
que lhe fosse retirado? Nem mesmo a sogra, como dizem alguns engraçadinhos,
poderia dar tanto desespero a esse homem. Mas Deus lhe nega essa bênção, e diz
simplesmente: “a minha graça te basta” (II Co 12:9). E Paulo continua seu
trabalho se fortalecendo ainda mais.
Eu,
que tenho medo das finas agulhas de injeção, sofro só de pensar nas dores que
Cristo passou com aqueles pregos entrando em sua carne para prendê-lo naquela
cruz. Como deve ter sido ruim para ele ser julgado por aqueles governantes sem
nenhuma moral diante dele; ver toda aquela gente por quem ele fez tanto, e iria
fazer muito mais, tratando-o daquela forma; ver seus discípulos abandonando-o.
O sofrimento por saber o que o esperava era tanto que, “o seu suor tornou-se em
grandes gotas de sangue, que corriam até o chão” (Lc 22:44), mas ele continua
firme com o propósito que havia sido estabelecido pelo Pai. Sofreu todas estas
dores para nos dar a chance de nos livrarmos das dores do inferno.
Creio
que nenhum de nós iria criticá-los por reclamar muito de Deus e até mesmo
abandoná-lo. Por muito menos, provavelmente, muitos de nós teríamos fugido.
Isaque
poderia ter pensado: Que Deus é esse que leva meu pai a tomar a decisão de
matar-me sobre o altar? Que pai é esse que concorda com isso? Com tantos
animais que poderiam ser sacrificados lá nos pastos, porque justamente eu?
Paulo
poderia ter argumentado: Porque, apesar de tantos sacrifícios já feitos em sua
obra, Deus não me livra deste espinho na carne que me faz sofrer tanto? Será
que tudo que tenho passado ainda é pouco?
Quanto
a Jesus, o que o levou a aceitar pacificamente todo aquele sofrimento? Ele
sabia muito bem o que iria enfrentar, pois havia planejado cada passo com o Pai.
Em um momento ele chega a argumentar sobre uma mudança nos planos, mas deixa
claro para o Pai que “todavia não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc
22:42).
De
acordo com a Wikipédia “a resiliência é um conceito psicológico emprestado
da física,
definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar
obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas. Job, que estudou a
resiliência em organizações, argumenta que a resiliência se trata de uma tomada
de decisão quando alguém depara com um contexto entre a tensão do ambiente e a
vontade de vencer. Essas decisões propiciam forças na pessoa para enfrentar a
adversidade. Assim entendido, pode-se considerar que a resiliência é uma
combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e
superar problemas e adversidades”.
Para
outros autores, embora resiliência seja algo muito pessoal, quando o resiliente
recebe apoio externo, de outro individuo, sua capacidade de suportar é bem
maior. A Wikipédia diz ainda que Job acredita que, com o fator otimismo, “ocorre na resiliência a crença de que as coisas
podem mudar para melhor. Há um investimento contínuo de esperança e, por isso
mesmo, a convicção da capacidade de controlar o destino da vida, mesmo quando o
poder de decisão esteja fora das mãos".
Os três personagens bíblicos
que me fizeram pensar na resiliência mostram bem essas características. Eles
sabiam que havia um fator externo, Deus. Então tomaram a decisão de enfrentar
todas as adversidades, pois sabiam que estavam no controle de seus destinos,
enquanto resilientes à vontade de Deus, mesmo que a decisão sobre seus destinos
não mais estivessem sob sua guarda, mas sim nas mãos de Deus.
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